Saudades? só do futuro!!
Depois de uma noite de insónia, cheguei à conclusão que nunca se tem saudades do que se viveu. Acho que aí o fado erra. Do que se viveu, sente-se nostalgia quando nos fez rir ou chorar, como canta a Mariza. Mas se o que se viveu foi muito intenso, forte, pleno, nunca poderá ter deixado espaço para as saudades. Porque as saudades são uma coisa grande, imensa. Que nos enche.
Saudades tem-se, pois, do que se sabe que não se vai viver. Do futuro que se perdeu. Deve ser por isso que, quando as perdas são definitivas, na morte, por exemplo (há outras, não tenhamos ilusões, nem acreditemos nos poetas ou nos filósofos), a saudade é insuportável, pelas coisas que sabemos que já não vamos viver. Nunca vamos viver. A única coisa que devia rimar com saudade é nunca...não rima porque, seja lá quem for que criou as palavras, os deuses, os homens ou o Big Bang, ainda não sabia que havia futuro. Ou que não havia.
...Os momentos complicados são os que juntam a nostalgia à saudade. Pelo que sei, não dos poetas, nem do fado, mas de mim, no papelinho que acompanha a nostalgia diz que ela se manifesta por lágrimas teimosas...no papelinho que acompanha a saudade diz que ela se manifesta por uma dor imensa na alma (eu sou dos que só acredita na alma cá... porque a gaja quando dói não me dá nenhuma hipótese de duvidar da sua existência e quando deixar de doer, não me dará nenhuma hipótese de acreditar na sua existência...). Quando se juntam as duas coisas, é que a porca torce o rabo...vai sendo o caso.
..Quando se junta a nostalgia do passado com a saudade do futuro, até a alma chora. E quem conhece um analgésico, uma mezinha, um amuleto, para acalmar uma coisa que não se sabe onde fica?
Etiquetas: Isabel Faria
1Comenta Este Post
Essa é a nostalgia mais difícil. É quando juntamos as duas: A nostalgia daquele passado que vivemos em que tudo era possível, e a nostalgia do futuro que queremos.
Enviar um comentário
<< Home