O meu Natal
Gosto de ser a primeira a acordar nestes dias. Dantes acordava cedo para ver a chaminé. Não havia o hábito da meia-noite, lá em casa. Talvez, quem sabe, porque a véspera de Natal era um dia de trabalho igual aos outros e o cansaço dos dias de trabalho iguais aos outros. não premitia esperas.
Como todos dormem, ouço a respiração dos meus pais intercalada com a do meu filho.
Há muito que deixei de acreditar em Pais Natais e em prendas no sapatinho. Lá em casa, o Natal sempre foi, apenas, uma forma de estarmos todos. Durante alguns anos fomos mais. Umas vezes uns, outras outros. Alguns foram partindo. Outros, partindo das nossas vidas e voltámos a ficar nós. Acabou por ficar o hábito da meia-noite e o prazer do som da respiração deles nas manhãs de Natal. Quando, há onze anos, viemos viver para esta casa, o Natal passou a ser sempre aqui. Às vezes, ainda sinto nostalgia de quando eramos muitos mais...nos juntávamos na casa dos meus avós ou, mais tarde, na casa de Benfica onde se ouvia sempre, poucos minutos depois da meia-noite, o combóio a passar. Mas é, sobretudo, porque sinto falta deles. Das suas vozes. Dos seus risos. Até, algumas vezes, dos seus lamentos. Do ritual nem por isso. Deles, sim.
Mas sei que, enquanto nas manhãs do dia de Natal, puder ouvir a respiração afinada, como se de qualquer sinfonia se tratasse, do meu pai, a seguir do meu filho, depois, um bocadinho mais lenta, da minha mãe, tenho o meu Natal.
...
Às vezes, acontece que o Pai Natal teima em revoltar-se contra a minha "desfé" e coloca, nos meus ouvidos, antes de eu adormecer, uma voz que me leva àqueles dias em que ansiava pelo amanhecer.
Usando um termo de que aprendi a gostar, de quando em vez sabe bem voltar a "borboletear" nas noites frias de Natal. Com o tempo aprendi a moderar a pressa. Não o desejo.
Há muito que deixei de acreditar em Pais Natais e em prendas no sapatinho. Lá em casa, o Natal sempre foi, apenas, uma forma de estarmos todos. Durante alguns anos fomos mais. Umas vezes uns, outras outros. Alguns foram partindo. Outros, partindo das nossas vidas e voltámos a ficar nós. Acabou por ficar o hábito da meia-noite e o prazer do som da respiração deles nas manhãs de Natal. Quando, há onze anos, viemos viver para esta casa, o Natal passou a ser sempre aqui. Às vezes, ainda sinto nostalgia de quando eramos muitos mais...nos juntávamos na casa dos meus avós ou, mais tarde, na casa de Benfica onde se ouvia sempre, poucos minutos depois da meia-noite, o combóio a passar. Mas é, sobretudo, porque sinto falta deles. Das suas vozes. Dos seus risos. Até, algumas vezes, dos seus lamentos. Do ritual nem por isso. Deles, sim.
Mas sei que, enquanto nas manhãs do dia de Natal, puder ouvir a respiração afinada, como se de qualquer sinfonia se tratasse, do meu pai, a seguir do meu filho, depois, um bocadinho mais lenta, da minha mãe, tenho o meu Natal.
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Às vezes, acontece que o Pai Natal teima em revoltar-se contra a minha "desfé" e coloca, nos meus ouvidos, antes de eu adormecer, uma voz que me leva àqueles dias em que ansiava pelo amanhecer.
Usando um termo de que aprendi a gostar, de quando em vez sabe bem voltar a "borboletear" nas noites frias de Natal. Com o tempo aprendi a moderar a pressa. Não o desejo.
Etiquetas: Isabel Faria
5Comenta Este Post
Lindo, amiga!
Que passes um bom dia de Natal!!!
Um beijinho.
Pois é.
Quando era pequenina também o «grande dia» do ponto de vista de prendas, era mesmo 25 e ... de manhãzinha! Acordava o mais cedo que podia para ver se havia alguma coisa ao pé da Árvore (lã em casa era mesmo na Árvore, não era na chaminé)
Porque nunca tinha a certeza de haver. Esse 'suspence' era mantido todos os anos... E brinquedos havia dois ou três o que já era formidável, além de por exemplo, um casaquinho de malha tricotado à mão, ou umas meias arrendadas que a minha avó também sabia fazer à mão, coisas desse tipo.
Mas mágico, sem dúvida.
Nem sei se mais mágico do que o costume de hoje onde muitas vezes aparece um Pai Natal 'verdadeiro' com um saco de onde tira as prendas... enquanto, por coincidência, há um adulto que entretanto foi à casa de banho.
Não sei comparar. Acredito que é natural que o «meu» me parecesse mais mágico, exactamente por ser criança.
Desejo muito que o teu seja também muito bom, com a tua família mais querida e mais próxima à tua volta. Beijinhos.
Reli o que escrevi e o segundo parágrafo não está claro. Quando digo «Porque nunca tinha a certeza de haver» quero referir-me aos presentes, é claro. Todos os anos me diziam em ar de dúvida, que talvez... sabe-se lá... se calhar... e eu acreditava que a coisa era duvidosa. Podia haver um ano em que realmente não aparecesse nada ao pé da Árvore.
Obrigado, Zé. passou-se. Digo isto com algum alívio...mas ok. Também com outros sentimentos mais nobres!
Pois Émièle, possivelmente fomos nós que perdemos a capacidade de lhe encontrar a magia...
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