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terça-feira, fevereiro 17, 2009

Um dia a gente dá a volta a isto!

Há uns anos quando o Código de Trabalho de Bagão Félix entrou em vigor, cheguei a escrever que era o meu livro de cabeceira. Noite e noites a fio, não para ter pesadelos, mas porque achava minha obrigação, como representante de trabalhadores, conhecer-lhe os meandros, as artimanhas, descobrir as formas de conseguir dar-lhe (alguma) a volta, estudei-o à exaustão. Decorei-lhe artigos. Descobri-lhe as contradições com o CCT do sector, para que não se perdesse ainda tudo aquilo que tanto nos tinha, a todos nós, conseguido alcançar. E o tudo, não eram, sequer, os direitos. O tudo era a dignidade.
Durante estes anos, desde 2003 para cá, vezes sem conta, tive que recorrer aos meus pesadelos para, ao menos, fazer cumprir o Código de Trabalho contra o qual lutei.
Hoje entra em vigor as alterações prometidas pelo PS. Melhor, hoje entra em vigor as alterações que o PS lhe fez e que o próprio autor dos meus pesadelos de há seis anos, considera desnecessárias de tão persecutórias e "desiquilibradas".
Vieira da Silva ultrapassa Bagão Féliz pela Direita. O PS cumpre o seu papel de há trinta e muitos anos, de coveiro dos direitos e da dignidade de quem trabalha. Mas, pior que tudo isso, eu não tenho a certeza se vou ter que voltar a passar noites inteiras com as alterações como livro de cabeceira. Os números do INE conhecidos hoje dizem-me que nenhuma empresa vai precisar do Código de Vieira da Silva para despedir a seu belo prazer...bastar-lhes-á evocar a crise. E assim, a dignidade do trabalho que Bagão e outros antes dele, foram pondo em causa em cada alteração das leis laborais é agora, simplesmente, subsitituído por mais um atentado à nossa dignidade como seres humanos.
Possivelmente vou de novo colocá-lo na mesa da cabeceira...nunca desisto dos compromissos que assumo. Mas confesso que bem mais cansada que há seis anos...apesar de o cansaço não ser suficiente para saber que um dia a gente dá a volta a isto!

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