Entre o Bandalho e o Caralho
Fez ontem furor na Assembleia da República que José Eduardo Martins deputado do PSD tenha mandado o Deputado do PS Afonso Candal "para o Caralho". Não me parece que seja assim tão grave pois, segundo a Academia Portuguesa de Letras, "CARALHO" é a palavra com que se denominava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas (ver foto), de onde os vigias prescrutavam o horizonte em busca de sinais de terra.
O CARALHO, dada a sua situação numa área de muita instabilidade (no alto do mastro) era onde se manifestava com maior intensidade o rolamento ou movimento lateral de um barco.
Também era considerado um lugar de "castigo" para aqueles marinheiros que cometiam alguma infração a bordo.
O castigado era enviado para cumprir horas e até dias inteiros no CARALHO e quando descia ficava tão enjoado que se mantinha tranquilo por um bom par de dias. Daí surgiu a expressão: “MANDAR PRO CARALHO" e as suas mais diversas derivações, por todos conhecidas e que enriquecem qualquer expressão, como já escrevia em tempos Miguel Esteves Cardoso, pois há adjectivos que quando usados de uma forma mais púdica perdem a sua beleza. Quem nunca soltou um sonora "foda-se, que merda do caralho" que atire a primeira pedra.
O CARALHO, dada a sua situação numa área de muita instabilidade (no alto do mastro) era onde se manifestava com maior intensidade o rolamento ou movimento lateral de um barco.
Também era considerado um lugar de "castigo" para aqueles marinheiros que cometiam alguma infração a bordo.
O castigado era enviado para cumprir horas e até dias inteiros no CARALHO e quando descia ficava tão enjoado que se mantinha tranquilo por um bom par de dias. Daí surgiu a expressão: “MANDAR PRO CARALHO" e as suas mais diversas derivações, por todos conhecidas e que enriquecem qualquer expressão, como já escrevia em tempos Miguel Esteves Cardoso, pois há adjectivos que quando usados de uma forma mais púdica perdem a sua beleza. Quem nunca soltou um sonora "foda-se, que merda do caralho" que atire a primeira pedra.
Posto isto, parece-me muito mais grave que o Afonso Candal tenha apelidado o Deputado do PSD José Eduardo Martins de "canalha"que segundo qualquer dicionário quer dizer:Um sujeito aproveitador. Mau carcáter, pilantra. Aquele que sacaneia.
Isso sim verdadeiramente ofensivo à integridade moral de uma pessoa.
Assim sendo, aguardo pelos próximos capítulos desta novela que nos prende a todos. Este misto de telenovela mexicana pelo dramatismo da coisa com um toque de Big Brother pois não deixa de ser uma história da vida real filmada em directo com um bocadinho, ainda que pouco de jornal nacional da TVI, pela sua miséria de espírito.
Estou ansioso.
Etiquetas: Daniel Arruda
7Comenta Este Post
Daniel, o que eu aprendo neste Blog!!!
(confessa lá que o titulo foi uma tentativade subirmos nas visitas!!!)
Mas tens razão mandar ver se há terra à vista não tem mal nenhum...
Também só gostas de coisas do caralho. Neste caso quero dizer mangalho, pixota, percebes? É o que tu estás a pedir. Isso é assunto assim tão importante? Não faz parte da linguagem? Quando alguém dá uma martelada no dedo o que é que diz? É "ai jesus que me leijei" ou é "foda-se, merda do caralho". Então olha vai tu e o teu blog pró caralho que te foda. Porra!
Obrigado anónimo pelas tuas lindas palavras.
Estou sensibilizado. Aliás estou leijado.
Beijo no céu da boca para ti também
Em Ciberdúvidas:
[Pergunta] Segundo e-mail recebido, passo a citar: «Segundo a Academia Portuguesa de Letras, "caralho" é a palavra com que se denominava a pequena cesta que se encontrava no alto dos mastros das caravelas, de onde os vigias perscrutavam o horizonte em busca de sinais de terra.»
Gostaria então que me elucidassem da veracidade da afirmação supracitada.
Jorge Rodrigues :: Médico :: Coimbra, Portugal
[Resposta] É uma história fantasiosa que também se encontra em páginas de língua espanhola, ao que parece, numa tentativa de atenuar jocosamente o sentido vulgar do português caralho e do espanhol carajo. Na Internet, diz-se realmente que é a Academia Portuguesa de Letras que atesta o uso de caralho como «cesta no alto dos mastros das caravelas». Ora bem:
1. Não há uma "Academia Portuguesa de Letras", porque o que existe é uma Academia das Ciências de Lisboa, que tem uma Classe de Letras.
2. No verbete correspondente à palavra, a acepção em causa não se encontra em nenhuma versão do dicionário da Academia: nas duas mais antigas, é impossível, porque a primeira (1793) não passou da palavra azurrar, e a segunda (1975), da palavra azuverte; na versão de 2001, ou seja, no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, que vai de A a Z, não se acha tal acepção.
Carlos Rocha :: 11/02/2009
Foda-se – por Millôr Fernandes
(adaptado)
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela diz.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! - então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! - então, foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição.
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulári de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via Láctea tem estrelas comó caralho!
O Sol está quente comó caralho!
O universo é antigo comó caralho!
Eu gosto do meu clube comó caralho!
O gajo é parvo comó caralho!
Entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tão pouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto.
Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida.
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência.
Solta logo um definitivo:
"Huguinho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!".
O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou o seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livrares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"?
Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta:
"Chega! Vai levar no olho do cu!"?
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima.
Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado
amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"
Ou quando te apercebes que és de um país em que quase nada funciona, o desemprego não baixa, os impostos são altos, a saúde, a educação e … a justiça são de baixa qualidade, os empresários são de pouca qualidade e procuram o lucro fácil e em pouco tempo, as reformas têm que baixar, o tempo para a desejada reforma tem que aumentar … tu pensas “Já me fodi!”
Então:
Liberdade,
Igualdade,
Fraternidade
e
foda-se!!!
Mas não desespere:
Este país … ainda vai ser “um país do caralho!”
Fura revejo-me inteiramente no teu comentário.
Nuno, e isso interessa? Mesmo que o e escreves fosse verdade, que não é relembra-te apenas do espírito da posta. É isso que interessava aqui.
Não sei se é verdade ou não (eu até gostava que fosse)...
O espiríto da posta é muito bom :)
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