Fim de dias
Porque a vida nos traz muitas surpresas. Porque receber estas palavras de Pablo Neruda, hoje, por mail, de quem as recebi e nas circunstâncias em que as recebi me lembrou que a maior riqueza que da vida podemos levar é não nos deixarmos fechar em pré-conceitos e em pré-julgamentos e em pré-sentimentos. E que não podemos, não podemos mesmo, deixar que nos enredem no mundo deles. Feito de mortos lentos.
Porque chego ao fim do dia e estou cansada, falta-me força...mas recebi o texto do Pablo Neruda. E, por ele, por quem mo enviou, pelos que cá ficaram, pelos que um dia, quem sabe me vão enviar outros textos de outros Nerudas, por mim, não tenho o direito de amanhã cá não estar. Amanhã, de novo, cá estarei.
“Morre lentamente quem não viaja,quem não lê ,quem não ouve musica,quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destroi o seu amor proprio ,quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajecto,quem não muda as marcas no supermercado, não se arrisca a vestir uma nova cor, ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o “preto no branco”, e os “pontos nos is” em detrimento de um turbilhão de emoções, justamente as que resgatam o brilho nos olhos, sorrisos e soluços, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva que cai incessantemente.
Morre lentamente quem abandona um projecto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não respondem quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples acto de respirar.“
Pablo Neruda
Etiquetas: Isabel Faria
1Comenta Este Post
Era um poeta e diz do modo que um poeta sabe aquilo que sentimos e queremos dizer sem encontrar estas palavras.
Eu já tinha lido mas sabe sempre muito bem reler quando se quer ter forças para seguir em frente e para evitar essa «morte lente»...
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