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terça-feira, julho 14, 2009

Alfredo Marceneiro

Que eu gosto de Fado não é novidade para ninguém que leia o Troll embora ultimamente tenha falado menos de fado do que gostaria. Mas hoje é dia de voltar ao tema porque ouvi hoje na rádio a melhor expressão para definir um dos maiores vultos masculinos de sempre. Alfredo Marceneiro. Nunca tinha ouvido definir melhor o Marceneiro que chamar-lhe o Tom Waits do fado porque prova que não é preciso saber-se cantar para ser bom no seu ofício e ter todo aquele carisma que, e especialmente no fado, distingue os grandes dos outros.
Alfredo Marceneiro era isso tudo. Carisma, pose, presença, talento, os adjectivos serão sempre poucos para o definir. Tive o prazer de ainda o conhecer, pouco antes de falecer provavelmente em 1981 era eu muito miúdo, pois o meu pai era um assíduo dos ambientes marialvas e fadistas da cidade de Lisboa. Mas era uma figura que ficava na memória. Pose altiva, sempre de lenço ao pescoço e um olhar a que não se resistia. Era dominador para um miúdo de 8/9 anos. Tinha um fascinio imenso.
Não deixem de ler a crónica que Miguel Esteves Cardoso esceveu aquando da sua morte. Acho que ali está todo o Marceneiro condensado num só texto. Esta mesmo no fim deste link

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6Comenta Este Post

At 7/14/2009 4:24 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

O Ti Alfredo, marceneiro de profissão vivia na freguesia de Sta Isabel, sempre em condições economicas precárias, foi um daqueles fadistas de talento único, que criou um estilo muito próprio, que não aceita imitadores.

Lembro que mais tarde apareceram alguns nomes que tambem foram únicos, Carlos Ramos , Fernando Mauricio, e Manuel de Almeida.

E na nova geração o Camané.

Goataria hoje também lembrar o desaparecimento do Herminio da Palma Inacio, um aventureiro revolucionário, que pelas suas caracteristicas e acções tambem foi uma ave rara.....

 
At 7/14/2009 6:22 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Anónimo, Alfredo "Marceneiro" Duarte foi de facto uma figura única. Mas não só pela forma única como intrepretava o fado. Também pela formacomo o vivia. Marceneiro era se assim se pode dizer a encarnação do fado.
Deixa-me só acrescentar trés nomes á lista de vozes únicas. à cabeça o enorme Tristão da Silva, O discreto Fernando Farinha e o galã António Mourão que tantas vezes incompreendido foi.

 
At 7/14/2009 6:47 da tarde, Blogger Gregório Salvaterra escreveu...

És mesmo de "Toiros, mulheres e fado"... ah, e futebol, claro; do benfica pois então.
Podias ir também pôr uma velinha a Fátima com votos de boa saúde para aquele da fórmula1 (diz lá que não gostas!) que andou a dizer por aí umas coisas sobre o Hitler e a democracia e tal...
Podes gostar disso tudo e fazer a propaganda que entenderes desses valores, mas gostava só de entender como é que compatibilizas isso dentro de ti com o ser de esquerda. Há aqui algo que não é verdadeiro, mas enfim, o Freud (dizem) explica tudo.

 
At 7/14/2009 8:04 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Não compreendi Jjs. Em que é que o Fado vai contra o facto de ser de esquerda, ou o reconhecimento de um artista vai contra ser de esquerda?
Já agora se houvequem combatesse o fado foram as forças reacionárias como a Igreja como poderás encontrar na Wikipédia:
"O fado era na altura considerado uma expressão artística herética. As suas origens boémias e ordinárias, baseadas nas tabernas e bordéis, nos ambientes de orgia e violência dos bairros mais pobres e violentos da capital, tornavam o fado condenável aos olhos da Igreja, que desde cedo tentou impedir a evolução de tal movimento."
Quanto á smulheres ou orientações sexuais para ser mais exacto onde está na minha atitude algo que não seja de esquerda, se é que para isso também há esquerda e direita. A menos que a emancipação do corpo seja uma questão de direita.
Por fim o futebol. Aí é que não percebo mesmo, até sou do único clube portguês que em plena ditadura já tinha eleições livres.

Enfim, não entendi. Mas de certeza que freud explica
:)

 
At 7/16/2009 10:21 da manhã, Blogger Hieros escreveu...

Caro Arruda
O que disse JjS é correcto. O Fado é uma coisa reaccionária e, como tal, a maioria dos fadistas são de direita. O que não quer dizer que não haja pessoas de esquerda que gostem de fado. Contradições que Freud explica e que fazem com que haja gente que se aproveite dessas contradições para dizer que, por exemplo, o bloco é burguês,etc.
Fado, futebol, touradas são, de facto, coisas reaccionárias que adormecem qualquer tentativa de mente desperta e alerta. E, como sabemos, muitas organizações de esquerda também alinham nessas "lides" quando se apanham no poder.
O Fado é para dar a cada um um "sentimento" falso de individualidade que acaba por ser individualismo, o futebol dá a ilusão de colectivismo que não passa de clubite, e as touradas dão a "ilusion" que o indivúduo pode algo contra a força! Ilusões para o povo que dão mais poder a quem manda. E assim continuamos em servidão!
Mas deixa lá que eu te tenho em grande consideração. Ao dizeres o que pensas e o que pensas és naif, ingénuo. E ao argumentares assim vê-se que és boa pessoa. E por isso, desculpo-te mas não concordo contigo quando dizes essas coisas. E nota que "concordar" tem que ver com o pulsar do coração. Em uníssono quando se concorda, afastados quando isso não acontece.
TOuradas, lutas de cães, de galos, é tudo o mesmo.

 
At 7/16/2009 3:49 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Hieros, olha que é engano nos dias de hoje dizer que a maioria dos fadistas são de direita. Vide Camané, vide mariza entre muitos outros exemplos.
Já foi assim é um facto mas as coisas já mudaram. Por exemplo o José Mário Branco que é insusteito de ser de direita escreve letras para fados.
Quanto á stourada sposso concordar em parte mas enfim, não consigo dividir a sociedade em esquerda e direita pelos costumes. Se assim fosse Portugal ainda seria governado pela ditadura e o povo gostava.
No futebol é que não consigo estar de acordo. É que nem nos costumes nem nos princípios ideológicos. Não entendo o que é que o gostar de futebol tem de direita.
Enfim, mas gostos são gostos.
:)

 

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