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domingo, janeiro 27, 2008

Quem lhes perguntou se eles não guardam ressentimento?

O resposável por milhões de mortes, morre sem nunca ter sido condenado pelos seus crimes e o Presidente eleito do povo que ele mandou massacrar diz que não lhe devemos guardar rancor e que espera que Deus o receba no seu seio??!!
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Desculpem lá, um ditador deixa de ser um ditador depois de morto? Um assassíno que não é julgado pelos seus crimes não tem que se preocupar porque depois de morto...vai para o...ok, agora é que ainda percebo menos...dantes, ensinavam-me que se a gente se portasse mal cá em baixo ia para o Inferno...ou, quando muito, para uma assoalhada intermédia, onde tinhamos que passar as passas do Algarve para ter direito a entrar no tal "seio de Deus". O que faz uma pessoa afastar-se da religião é não saber que o inferno e o purgatório foram extintos (foi por decreto? por estarem em mau estado de conservação??) e agora um gajo pode andar aqui a mssacrar o seu povo à vontade e mais os povos dos outros, que depois não se lhe guarda rancor e vai direitinho para o seio de Deus...
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Todos os dias morrem milhares de pessoas. Muitas que fizeram muito bem. Outras que fizeram muito mal. Habituamo-nos a ter que lidar com isso. A morte faz parte da vida.
Aceito que até os ditadores tenham família e tenham amigos...até acredito que uma e os outros sintam a sua perda.
Agora, das duas umas, ou estas palavras de Ramos Horta são totalmente hipócritas e a hipocrisia enoja-me...ou se são sentidas é uma inversão total das leis da vida: Ramos Horta deveria lamentar a morte de um ser humano (ok, dou de barato que um ditador seja um ser humano...), mas daí a dizer que não lhe guarda rancor e que espera que que Deus lhe perdoe os crimes...os que perderam a vida às suas mãos em Timor Leste ou em Jacarta, alguém lhes perguntou, antes de serem assassinados, se perdoavam o seu carrasco??
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Nota final: No dicionário rancor, significa : ódio profundo e oculto; ressentimento.
Até posso entender que Ramos Horta refira o primeiro significado da palavra...porque se referir o segundo, está a trair a luta do seu povo e do povo indonésio contra a repressão e pela liberdade. E a memória dos que por elas morreram.

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5Comenta Este Post

At 1/27/2008 5:56 da tarde, Blogger josé manuel faria escreveu...

O Ramos Horta não foi votar com cristo ao peito. É coerente.

 
At 1/27/2008 6:44 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Age de acordo com os ensinamentos de Cristo e por isso até é capaz de compreender e aceitar a sua indignação se lhe chegar aos ouvidos.
No Céu, também há lugar para os pecadores, sobretudo para aqueles que sabem perdoar e acreditam no perdão divino.
Não é hipocrisia, nem inversão dos valores da vida.
Não sou cristão, mas nada me move contra aqueles que o são.
Reconheço que é muito difícil sê-lo.

 
At 1/27/2008 8:49 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Abrasivo, Shuarto soube perdoar? Alguma vez lhe vislumbrou uma palavra, um gesto de arrependimento?

Mas sabe, para mim a questão não é essa. Não acredito nem pretendo a vingança. Acredito e pretendo a Justiça. Suharto morreu sem nunca ter sido condenado pelos seus crimes. Há meia dúzia de anos, o Tribunal considerou-o demasiado doente para ser julgado e ele pôde acabar os seus dias, rodeado de luxo, que lhe adveio da corrupção que alimentou à custa do seu povo e dos povos que foi oprimindo.

Nada me move contra os crstãos. Apenas me move algo contra aqueles que não exigem em vida (aqui...desculpa lá, mas o Além, apesar de nada me mover contra os crsitãos, deixo-o para os crentes), a Justiça para os crimes que em vida se cometem. E não aceito o apagar da memória (das memórias).

Não faço ideia se Suharto acredita no perdão divino. Espero bem que sim, pois, na hora da morte,talvez se tenha lembrado das centenas de milhares de homens e mulheres que mandou matar...e essa fé o tenha ajudado a suportar o remorso.

Como escrevi, a morte de um ser humano é sempre uma perda...não confundamos é as coisas. A sua morte, a mim, é-me indiferente. Espero sinceramente que não tenha sofrido e, se Deus existir mesmo, que o faça percorrer um longo caminho, em que Lhe recorde imagens e gritos, como aqueles que ainda hoje nos entram pelos ouvidos adentro, no Cemitério de Sta Cruz...quando se fazia uma missa em homenagem a alguém que Suharto mandara matar - antes de, finalmente, então, o aceitar no seu seio.

 
At 1/27/2008 11:03 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Que eu saiba, Shuarto não era cristão, ao contrário de uma grande parte do povo timorense. E ninguém pode esquecer o papel da Igreja não só na independência de Timor, como nos dias conturbados que se têm seguido. Acredito que muitos timorenses, tal como Ramos Horta, o perdoarão.
Mas isso é outra questão. Até porque Deus nunca vai poder perdoar alguém.
É evidente que Shuarto deveria ter sido condenado pelos crimes que praticou.
Mas acredita mesmo que há justiça?
E, no entanto, Saddam Hussein foi enforcado. Acha que com isso foi feita justiça?

 
At 1/27/2008 11:42 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Abrasivo, claro que não, a pena de morte NUNCA é um acto de Justiça.
Num post que aqui deixei no dia em que Saddam foi condenado à morte, recordo-me que lhe dei como título : A derrota da civilização.
A Pena de morte é SEMPRE uma derrota da Justiça. Da civilização e da Humanidade.

Quem sou eu para falar de perdão para Suharto ou para outros ditadores que se julgam Deuses ou Diabos e tomam nas suas mãos as vidas dos outros...não sou cristã. Não acredito no dar a outra face.
Mas na Justiça sim, acredito.
Por muito que me custe admitir a distância que vai de justiça a Justiça...
E por muito bem que saiba que, a maioria das vezes, quando se fala em fazer Justiça, o j é sempre tão minusculo!!!

Mas a vida não faz muito sentido,, pelo menos para quem não tem fé, se não acreditarmos que neste lado pagamos pelo mal que fizermos...e seremos recompensados pelo bem, pois não?

(OK, confesso...talvez o cansaço me dê uma dose anormal de ingenuidade!! E hoje estou algo cansada!!):

 

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