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sexta-feira, dezembro 08, 2006

Incapacidade genética ?

Esta semana com o post do Daniel sobre o sorriso permanente que lhe provocou a derrota do Sporting a resposta da Èmièle e posterior post no Pópulo, dei comigo a pensar de onde nos virão algumas incapacidades. Serão culturais? Ou genéticas? Ou hereditárias?
Donde me vem a minha completa incapacidade de pertença a um Clube? Gosto de futebol. A sério. Não entendo muito bem as diferenças entre faltas, livres, foras de jogos, cartões amarelos e vermelhos, mas gosto de um bom jogo de futebol. Vibro com a Selecção e isso ainda me deixa mais espantada (ou preocupada?). Mas com um Clube, não. Mas nem uma ligeira simpatia. Tipo gostar da cor, ou assim. Fui ver um desafio à Luz, o primeiro da minha vida, há uns meses e gostei. Mas gostei do espectáculo. Da cor das bancadas, das conversas off show, de ver o entusiasmo…mas gostei de fora. Tanto como das bifanas e das imperiais antes do jogo começar. Claro que não me foi indiferente que o Benfica tivesse ganho…gostei. Mas porque sabia que isso faria os amigos com quem estava felizes. Muito mais do que por o sentir eu. Na vitória continuei como no desafio. De fora. E era um jogo internacional e tudo. E nem mesmo assim.
Quando o Daniel aqui escreve duma forma que ele próprio qualifica de irracional, sobre as derrotas do Sporting ou as vitórias do Benfica. Quando a Émièle confessa que as “provocações” lhe metem os cabelos em pé (amiga, desculpa estar a desvendar o segredo…), tudo isto me passa ao lado. E acreditem que nada tem a ver com análises mais ou menos criticas sobre o Mundo do Futebol. Os negócios escuros do futebol. A alienação que pode significar. Todas estas análises, eu sei que os meus amigos que têm um Clube, também são capazes de partilhar comigo. Tem a ver com o sentimento de pertença, mesma. Que definitivamente não tenho…
Daí a questão dos genes…ou da educação.
Contrariamente ao que seria normal, num homem da sua geração, e que é vulgar entre os seus amigos, o meu pai nunca teve um clube…aliás, contrariamente a mim, nem mesmo em relação à Selecção, o vi, nunca vibrar…nunca vi o meu pai a ouvir ou a ver um desafio de futebol do princípio ao fim…foi por não ter crescido com isso (sem isso)? Ou foi porque ele me deixou cá um gene anti-clube?
Há uns anos, para espanto meu, o meu filho começou a dizer que era do Sporting. Pediu-me um equipamento completo que lhe ofereci no aniversário. Queria ver os jogos. Conhecia os nomes dos jogadores. Chamava nomes ao árbitro (nomes levezinhos, que nunca, em 16 anos de vida, ouvi o meu filho usar um palavrão, nem sequer um palavro, só mesmo palavrinhos), coleccionava cromos, etc.
De repente, passou. Hoje já não se lembra do equipamento. Não faz ideia em que lugar é que o Sporting vai no campeonato. Não sabe os nomes dos jogadores. Nem colecciona cromos. Quando, há dias, o Benfica ganhou 2-0 ao Sporting, fui eu que lhe disse e a resposta foi um “taditos…”, sem levantar os olhos do que estava a fazer. Vibra com a selecção e diz que adora futebol…
Passou-lhe aquele sentimento de ter um clube, porque não houve motivação cá em casa, dada a minha incapacidade, para a alimentar, ou porque o tal gene venceu, uma ameaça de gene que lhe permitiu, por breves tempos, obrigar-me a ir à Sportzone, comprar os calções, a camisola e as peúgas?

A sério que é um assunto que me tem dado que pensar…porque não é tão superficial como parece. Afinal o pertencer a um clube, pode tornar as pessoas um cadito irracionais, como confessa o meu amigo Daniel, meter os cabelos em pé, como confessa a Émiéle e fazer o Farpas levantar-se da cama cheio de gripe, para comentar…
A mim não provoca nadica de nada. Nem um sorriso. Nem uma vontade de dar um sopapo. Nem sequer um acelerar ligeiro das batidas cardíacas. Gaita. Ser deficiente em Clubes, também não faz bem à saúde. Será que há umas vitaminas ou assim?
...
(Nota: Não faço ideia quem são os jogadores da foto...nem quem ganhou o jogo...apenas percebi que era um Benfica-Sporting...ou vice-versa...)

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10Comenta Este Post

At 12/08/2006 2:35 da tarde, Blogger Farpas escreveu...

É a comichão... é inevitável... mas por um lado acho que se assim não fosse não tinha piada!

PS- A menina vai levar um puxão de orelhas, com o que andou a fazer no template!!! ;p

 
At 12/08/2006 2:44 da tarde, Blogger Farpas escreveu...

Já agora, na foto está um dos melhores jogadores portugueses da actualidade de nome João Moutinho, e um outro jogador do Benfica. ;p

 
At 12/08/2006 5:12 da tarde, Blogger cereja escreveu...

Dizer tudo num comentário é difícil.
E talvez subdivida, assim tipo
comentário1 – Creio que o teu caso é uma caldeirada de várias coisas. A educação de certo. Não quero dizer que pelo facto de o teu pai não se interessar tu herdasses esse gene como dizes, mas o cresceres num meio onde não ouvias falar disso teve de ter influência. Quanto ao JP, há montes de casos como o dele. O filho da minha amiga com quem eu acho que te pareces, foi exactamente assim – só que no caso dele foi o Benfica. Foi jogador e tudo, e agora não liga nenhuma… Ná, isso da genética não é! Mas como te disse, comigo é tudo muito soft, excepto as provocações que realmente atingem os seus fins, ou seja provocam!!!!


PS - Realmente há pouco não se via a foto... O que fizeste Isabel!!!???

 
At 12/08/2006 5:19 da tarde, Blogger cereja escreveu...

Comentário 2
Contei já que a escolha do clube, para mim, foi de pequenina e em plena brincadeira de Jardim-de-infância. Mas na minha casa, o meu pai também ligava muito pouco a essas coisas de clubes. Contudo ele era do Benfica porque naquela altura, era o clube da malta de esquerda. Não sei se por ser vermelho :D Houve um período em que os «meninos bem» eram do Sporting, e a malta trabalhadora do Benfica. E era nessa linha ‘política’ que o meu pai dizia que era do Benfica, de resto ligava muito pouco.
Durante a adolescência, nem sequer estava em Portugal, portanto só me interessava por hóquei em patins! Passei ao largo do futebol e sem qualquer problema…

 
At 12/08/2006 5:33 da tarde, Blogger cereja escreveu...

Comentário 3
Até aqui foi só para te dizer que também não cresci a vibrar com a bola.
Depois casei com um sportinguista. Aí voltei a sentir qualquer coisa. O que sentiste uma vez lá na Luz, se tivesses 20 anos e durante anos fosses repetindo a experiência, a coisa ia entrando, não? E o meu J. tem um sentido de pertença ao clube muito grande (fez lá natação, etc) portanto todo o ambiente familiar estimula esse sentimento.
Contudo, penso que sou bastante racional. Por exemplo nunca, mas nunca, me meteria com alguém por gostar de outro clube (mas isso sou eu, atenção!) se estão a gabá-lo eu oiço com calma e sem me custar nada.
Contudo – e aqui sim – o virem gozar já me chateia. Talvez por sentir as dores do J. como contei no meu post. Como me chatearia também que gozassem por eu gostar fosse do que fosse. Se eu gostasse de andar com um lenço ao pescoço, e sempre que o usasse ouvisse « Que horror! Um lenço ao pescoço! Mas que mau gosto», e logo a seguir «quem gosta de lenços ao pescoço é completamente tarada» e depois «épá, tira essa porcaria do lenço; que coisa mais feia» e depois «ehehehe, já viram aquela, com um lenço ao pescoço??». Isabel, acredita que me passava!

 
At 12/08/2006 11:28 da tarde, Blogger COMTRA escreveu...

Esta coisa de ter um clube dá para reflectir. Porque é que se há-de escolher um clube? Porquê ser do Benfica, do Porto, do Sporting ou de outro qualquer? Poque havemos ade aceitar uma lógica pré definida na qual não participamos? Já pensaram nisso? è que se escolhermos, se aceitarmos esse tipo de coisas, estaremos dentro duma lógica que interessa a alguém. Mas pergunto eu, interessa a algum de nós mesmo?
Por isso, esse tipo de opções condicionam e manipulam as coisas e de que maneira. Aceitamos logo uma lógica de competição que nos vai "servir" para o resto da vida e com a qual havemos de conviver no dia a dia. Competir? Porquê? Por quem? Em nome de quê?
A mim parece-me um bocado como a "democracia corporativa" dos tempos do Salazar: eles arranjavam dois ou três figurões e o máximo que se podia fazer era escolher ou apoiar um deles.
Pensem bem nisto: a competição corrompe a amizade que é a virtude de quem tem fins comuns...
O futebol pode ter muitos méritos. Para mim fico sempre espantado como tantos milhares de pessoas juntas não conseguem organizar-se para fazer nada. Minto: Berrar, grunhir, isso conseguem. Nada mais.

 
At 12/09/2006 12:36 da manhã, Blogger Isabel Faria escreveu...

Farpas, desculpa ter estragado aquilo tudo...eu bem pensava que era melhor não me atrever....mas depois pensei que me devia armar em boa...juro que nunca mais lá toco!!!!

Pois Farpas, mas porque raio uns nascem com comichão e os outros não???? :)))


Émiéle, bem um comentário dividido em 3...vou ter que ler com muita atenção....
Ok, mais soft ou menos soft...tu és do Sporting. Por razões históricas e sociais, o teu pai dizia que era do Benfica...
Mas tens razão. Não deve ter a ver com os genes.
Como dizes no teu último comentário o hábito conta. Fui uma vez à Luz e senti-me fora...se voltasse lá mais vezes...acabaria por entara naquele ritual...afinal, os rituais fazem parte da nossa condição, não é? Tenho uma porrada de outros...porque não acabaria por "entrar" nesse. Mas não...possso ir mais uma ou duas vezes (se me convidarem e me levarem ás bifanas antes), mas parece-me muito tarde para deixar de ser ateia no assunto.


Contra, a questão é que eu acho que não se escolhe...e isso é que me dá para reflectir.
E até penso que muitas das pessoas que conhecemos e que "escolheram" têm exactamente o mesmo raciocínio que tu...mas "escolhem".
Lembras-te da história do avião??? Alguma vez se escolhe aquale tremeliques todos??? A tensão a subir? As taquicardias? O transpirar em esguicho??? A dor de barriga? Nã...na volta é o mesmo...isto é, é primo...

 
At 12/09/2006 7:33 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Há uma coisa que eu nunca entenderei. É o facto de se querer fazer do futebol, ou neste caso da clubite uma coisa racional. Nunca o foi em lado nenhum e não vejo porque deva mudar.

 
At 12/09/2006 7:45 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Daniel, acho que não me entendeste...eu sei que não é. Por isso falei na dor de barriga ou nos suores frios a entrar no avião...as estatísticas mostram-nos uma porrada de coias, e daí? Ando de carro todos os dias e só me tenho medo ao entar para um avião...
Tal qual tu quando entras num estádio, ou falas no Banfica...
Claro que não é racional. Mas se só fossemos racionais que piada tinha a vida...claro que eu gostava de ser racional no que aos aviões diz respeito...escusava de passar dois dias num comboio para chegar a Paris...mas isso é outra história...

 
At 12/09/2006 9:56 da tarde, Blogger COMTRA escreveu...

Daniel
A questão não é fazer do clubite uma coisa racional. A questão é que essa é uma das formas de se alienar o ser humano e de o impedir de se realizar enquanto tal. Enquanto ser digno perante outros semelhantes igualmente dignos.
Isso é assim tanta areia para a camioneta?

 

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