Será que é mesmo essa pergunta?
"A questão do referendo está na questão de que um bebé com 10 semanas nos perguntar se não tem direito a viver"
Uma responsável da Plataforma pelo Não ao Referendo do Aborto.
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Claro que pergunta, e também pergunta porque é que já vai nascer com uma parcela da dívida pública superior a 200 contos, e porque é que o Bush não acaba com a guerra, pede para lhe mudarem a fralda e refila quando o almoço não está conforme. Pelo meio ainda pergunta sobre a situação do Tratado de Quioto e discute a teoria freudiana sobre a vida. No fim vai questionar-se porque é que vai nascer pobre ou mal amado ou rejeitado ou porque é que vai ser vítima de maus tratos ou porque é que vai ter uma dependência de heroina logo à nascença. Vai questionar-se porque é que não tem Pai ou porque é que a mãe é quase da sua idade. Pergunta-se ainda porque é que chama mãe à Avó e brinca com as bonecas da amiga que por sinal o pariu. Pergunta-se porque é que a mãe está sentada num julgamento e dizem-lhe que ele não era desejada e então ele compreende muita coisa. A falta de afecto, a falta de condições, enfim os problemas. Dizem-lhe que a mãe está a ser julgada porque achava que não a podia criar com dignidade e que tinha tentado abortar. Dizem-lhe que por causa disso a mãe pode ir parar 3 anos à prisão.
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O que está em questão neste aborto não são as perguntas do feto e não do bébé, que não tem ainda vida própria e autosuficiente. O que está em causa neste Referendo por muito que os partidários do não o deturpem é uma questão muito simples. Queremos ou não continuar a julgar mulheres pela prática de aborto. Queremos ou não que o aborto que até hoje é praticado (em números perto de 3000 por ano) sem condições pondo em perigo a vida da mulher, passe a ser praticado em condições num establecimento de saúde. Queremos que a nossa lei se aproxime daquelas que são praticadas por toda a Europa.
São estas questões que vão estar a Referendo e não hipotéticas perguntas de fetos de 10 semanas. Não vale a pena jogar com a demagogia e deturpar as questões sob pena de se estar a contribuir para uma campanha de desinformação. Se calhar é isso que os partidários do Não pretendem. À falta de melhores argumentos.
Etiquetas: Daniel Arruda
2Comenta Este Post
Eles sabem que a desinformação é uma arma. São um bocado tolos a usá-la, às vezes, mas enfim...nem sempre. Há uns mais espertos que vão tentando apostar na táctica do nosso egoísmo e falam em impostos, dos nossos medos e falam em cancro...
Não é só a desinformação que é uma arma. os 900.000 euros que o Millenium BCP deu aos movimentos NÃO também significa algo
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