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sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Notas sobre a origem da violência (4)

A história pessoal é o que medeia entre o nosso ser adulto e o nosso nascimento, momento único em que tudo aconteceu pela primeira vez. Quando nascemos, pequeno pedaço de plasma vivo, tudo era absolutamente REAL: o contacto com as sensações sem a distância da simbolização colocou-nos no mundo de uma só vez e para sempre com uma forma particular, única, separada. Fez-nos indivíduos. Desde então, foi um caminho de distanciamento dessa intensidade, uma busca de segurança para apreender e aquietar o mundo, para nos defendermos desse movimento permanente em que tudo acontece uma só vez. Um caminho que nos permitiu transformar o desconhecido em conhecido. Para ele devemos guardar a sete chaves a vivência do nascimento. Para ele desenvolvemos o nosso corpo com zonas obscuras, um Inconsciente que nos deixava ingénuos. Durante muito tempo pudemos manter-nos à distância. Parecia que o nosso corpo acatava as leis da matéria e aquietava essa energia resistindo até à morte, a aproximar-se de si mesmo. E a morte chegava, para que tudo acontecesse novamente por uma única vez. Contudo, algo mudou. De repente as nossas defesas começaram a cair sem causa aparente. O dique da contenção das nossas sensações já não é suficiente. Sofremos ataques de pânico. O que antes era conhecido e seguro revela-se instável. A realidade que acreditávamos manejar já não nos responde. O que estava oculto sai para a luz. Somos invadidos por tensões intensas e desestruturantes e a nossa capacidade de projectar (o mundo, o futuro) revela-se débil. Na intenção de nos agarrarmos ao que era tornamo-nos mais rígidos e fechamo-nos. Procurando evitar a morte enfrentamo-la numa batalha perdida de antemão. Desde este novo lugar sem defesas (sim as defesas que o intelecto construiu para apreendermos o mundo, dar-lhe forma, fazê-lo conhecido) a realidade é algo diferente do que pensávamos que era. A realidade são as nossas sensações e as nossas sensações são, por definição, intransmissíveis, intransferíveis: são somente nossas. Então... estamos sós, percebendo uma realidade que ninguém mais que nós mesmos percebe. Se não somos capazes de suster os símbolos (o símbolo entendido como algo que associa, que representa num só conceito coisas diferentes) quebra-se a possibilidade de acordo perceptivo. Não há realidades compartilhadas, cada indivíduo vive a realidade de acordo consigo mesmo. Ficamos sozinhos. Que fazer? Como agir perante tudo isto? Estamos em frente ao desconhecido à nossa volta e de nós mesmos. Estamos sendo levados para um retorno inexorável, implacável, até à origem da vida ela própria e estamos sozinhos.! Tolerância é a palavra-chave. Tolerância para com a incerteza, o desconhecido, o instável. Tolerância para com as sensações que nos arrasam. Tolerância até ao fim, para logo, talvez, nos resgatarmos. Tolerância mais além dos limites conhecidos para, deste modo, acompanhar o ingresso a um novo estado de ser.

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