Reflexões

Já esta tarde tinha pressentido que isto ia acontecer.

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Fui de sandálias e o parvo do verniz castanho escuro do dedo anelar do pé esquerdo caiu inteiríssimo (não me lembro se o pé também tem dedos anelares...não se usam anéis..mas se não se chama anelar como é que se chama? Foi o grandalhão do meio...). Não se lascou. Saiu. Desapareceu. Eclipsou-se. Inteiro. Como se nunca lá tivesse estado. A receber uns fornecedores, sentada, devo ter chegado a parva da perna para a frente e ouço um "ai, a sra tem uma unha nua!!!". A sra era eu, a unha era minha, o nua era...nua.

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Deixei queimar o frango com as ervilhas. As ervilhas parecem os croquetes do Bono. Só que para o preto.

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Bati com a cabeça no armário da cozinha enquanto corria a ver se era possível descobrir um tacho para onde pudesse salvar os despojos do jantar. Deve cantar esta noite.

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Tudo indicava, portanto, que o dia ia acabar assim. Quando finalmente me sento um bocado no sofá a pensar se hei-de vestir a gaja de castanho escuro ou mudar-lhe de roupa e vestir as outras todas doutra cor qualquer...tenho o Sócrates na Sic Notícias e o Bono com ar de gozo a olhar para mim.

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Não sei bem porquê mas hoje não me parece que se esteja a rir do Sócrates. Nem para mim.

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Vou vesti-la de castanho escuro.