Goodby Lenine
A Isabel escreveu uma posta lá mais para baixo sobre (ainda que indirectamente) a RDA. Eu nasci e vivi até aos 8 anos a 30 Km da fronteira com a RDA, do lado das barbies e dos jeans. E tenho ainda lá família pelo que este é um tema que me diz algo, racional e sentimentalmente. Fui dos que com alegria, em 1989,,festejou a queda do muro com uma pena enorme de não poder estar lá, mas a enviar mensagens a toda a hora, para saber o que se passava. Porque, desengane-se quem pensava que o muro só existia em Berlim. Esse era o mais conhecido. Em toda a fronteira RDA-RFA havia muro, arame farpado e em muitos casos minas. E foi desse muro, do maior e menos conhecido, a caminho de Dresden, que eu retirei em 1990 um pedaço de muro, grafitado de verde, curiosamente a cor da esperança. Pedaço esse que ainda hoje guardo para relembrar a outros o que era, e para usar palavras de outros, o estancar da hemorragia.
Quando há cerca de 5 anos vi o filme "Goodby Lenine" levei um murro no estomago. Uma obra prima que mostra em 85 minutos (mais coisa menos coisa) o que era a vida na RDA, as diferenças para o ocidente, para o bem e para o mal, sim, porque havia coisas boas na RDA. Não pretende esconder nada e abrange de uma forma crua a STASI, as relações com o regime, os problemas dos que ousaram dar o salto e os das suas famílias. Mas este filme é mais. É uma expressão de um sentimento que se está a generalizar, de um lado e de outro dessa fronteira que ainda hoje existe. Muitos querem o muro de volta. Do lado da RDA querem as condições sociais que tinham antes, juntamente com a liberdade e a democracia que lhes foi negada durante anos, mas não querem todos os vícios desse capitalismo que eles sabem ser mau. Do lado da RFA, e numa perspectiva muito mais economicista que social, não querem pagar mais os custos de uma reunião mal feita e que está a custar ao "alemão de este" o seu Status Quo. Pessoas que vieram para a rua receber os seus irmãos de Garrafa de Champanhe nas mãos hoje atiram-lhe pedras.
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Se ainda não viram alugem num qualquer clube de video o "Goodby Lenine". Vale a pena e não se arrependerão e vão ver que aprendem muito sobre esta nova/velha Alemanha.
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Etiquetas: Daniel Arruda
7Comenta Este Post
É um grande filme!! Mas este filme também representa o amor de um filho para com sua mãe...
É de facto. nesse sentido marca-me muito a cena de quando ele descobre que o seu pai fugiu mas com o objectivo de eles irem ter com ele depois e a reunião familiar na cainha de campo.
É de facto um filme que est´anos meus favoritos de sempre.
È um grande filme, sim. Deste-me vontade de o rever.
Muitos querem o muro de volta ???!!!!
Quantos ?
Olha António, é o Hans, o Josef, o Schmidt mais a família...
Serão muitos certamente. Centenas de milhar, um milhão, dois milhões...
11 DE NOVEMBRO DE 2007 - 05h27
92% dos alemães orientais preferem o comunismo no país
Para marcar a data da queda do Muro de Berlim, o Der Spiegel fez uma pesquisa, divulgada neste sábado (10), com mil alemães que cresceram nos dois lados do país dividido até 9 de novembro de 1989. A conclusão, para desespero do semanário alemão, é que, mesmo depois de 18 anos da queda do muro, 92% dos germânicos orientais, de 35 a 50 anos, ainda preferem o regime comunista ao capitalista. Já 60% dos jovens, de 14 a 24 anos que moram no Leste, lamentam que nada tenha restado do comunismo na sua pátria.
Por Carla Santos
Filme tem como pano de fundo o dilema da reunficação
Junto com a TNS Forschung, o Spiegel fez a pesquisa com duas gerações distintas de alemães orientais e ocidentais com o objetivo de obter um retrato dos resultados da unificação na psique nacional. A conclusão é que o muro ideológico ainda permanece nas mentes alemãs, quase duas décadas após a reunificação.
Foram entrevistadas 500 jovens na faixa etária de 14 a 24 anos e seus 500 pais na faixa de 35 a 50 anos. A primeira, tinha no máximo seis anos quando o muro caiu e, evidentemente, possui uma experiência temporal menor do período em que o país estava dividido pela Guerra Fria.
Já a segunda geração tinha pelo menos 17 anos, e no máximo 32, quando ocorreu a debacle do muro. O método da pesquisa constatou que praticamente não há diferenças entre as gerações mais jovens e mais velhas na sua forma de pensar a reunificação.
Socialismo, uma boa idéia
As maiores diferenças na pesquisa aparecem quando os entrevistados orientais e ocidentais compartilham suas opiniões sobre a vida na antiga Alemanha Oriental. O Estado comunista recebe notas muito mais altas dos que moram no Leste com relação aos que moram no Oeste.
Dos alemães orientais de 35 a 50 anos, 92% acreditam que um dos maiores atributos da antiga Alemanha Oriental foi sua rede de segurança social; 47% dos jovens no Leste também pensam assim. No item ''padrão de vida'', os jovens do Leste avaliam a Alemanha comunista de maneira ainda mais positiva que seus país.
Por outro lado, apenas 26% dos jovens ocidentais e 48% dos seus pais expressaram a opinião que a Alemanha Oriental tinha um sistema mais forte de bem estar social comparado com o de hoje.
Os alemães orientais também estão menos satisfeitos e menos otimistas com sua situação do que os que vivem nos Estados que compunham a antiga Alemanha Ocidental. Eles estão muito menos convencidos das virtudes do capitalismo do que seus colegas ocidentais. Muitos acreditam que o socialismo é uma boa idéia que simplesmente não foi bem implementada no passado.
Contudo, apesar da nostalgia pela Alemanha Oriental, a maior parte dos alemães orientais diz que preferiria morar no Oeste, caso um novo Muro de Berlim fosse construído hoje. O que não é de todo contraditório, já que durante a Guerra Fria, com o apoio de todo tipo dos EUA ao Oeste, e também todo tipo de boicote ao Leste, a Alemanha Ocidental oferecia muito mais riqueza, ainda que com alguma desigualdade, do que a Oriental.
Identidades diferentes
Os dados da pesquisa revelam que as diferenças ideológicas se refletem na identidade de cada grupo, já que 67% dos jovens alemães, e 82% de seus pais, orientais e ocidentais não sentem que possuem as mesmas identidades.
Quanto tempo, entretanto, levará para a Alemanha se unificar ideologicamente? Para 25% dos jovens alemães ocidentais, e só 5% dos orientais, ''não levará mais do que cinco outros anos''. Apenas 12% e 4%, respectivamente, de pais concordaram com os filhos.
Muitos jovens alemães orientais vêem a Alemanha de hoje como um lugar onde seus pais têm dificuldades para encontrar um caminho. Apesar da geração mais nova praticamente não ter vivenciado a vida sob o socialismo, o compartilhar das lembranças, opiniões e histórias de seus pais naturalmente os influênciam.
Jovens pensam como seus pais
Esta talvez seja a explicação - que os comentários do Spieguel tentam manipular a favor do Oeste - para que os jovens alemães do Leste vejam a antiga Alemanha Oriental sob uma luz mais otimista do que seus compatriotas no Oeste, e vice-versa.
''É uma opinião [as dos jovens da Alemanha Oriental] de lentes cor-de-rosa, que vê uma Alemanha Oriental com emprego para todos, creches para todas as crianças e um sistema de bem estar social que acompanhava o cidadão do berço ao túmulo. É claro, essa geração não foi exposta aos aspectos negativos da vida sob o domínio comunista - como filas de comida e repressão da polícia'', argumenta o Spiguel.
Porém, a pesquisa indica que o mesmo argumento de ''lentes cor-de-rosa'' para desqualificar a opinião dos jovens do Leste, sobre a Alemanha Oriental, também serve aos jovens do Oeste, com relação a Alemanha Ocidental, com pelo menos um ponto de vantagem para os primeiros. Quem viveu a Alemanha comunista agora está vivendo a capitalista, enquanto que o inverso não foi possível.
Tiro no pé
Como toda manipulação não se sustenta por muito tempo, o próprio Spiguel é obrigado a admitir a realidade, um verdadeiro tiro no pé, no último parágrafo da matéria que noticiou a pesquisa neste sábado.
''Ainda assim, os sentimentos positivos para certos aspectos da antiga Alemanha Oriental continuam altos. Dos jovens alemães orientais entrevistados, 60% disseram que achavam ruim que nada tivesse restado das coisas que se podiam orgulhar da Alemanha Oriental''.
Os resultados da pesquisa fazem lembrar o seriado alemão que - devido ao imenso sucesso no país - virou filme lançado em 2003, chamado Adeus, Lênin!, do diretor alemão Wolfgang Becker.
''Adeus, Lênin!''
No longa, Christiane Becker (Kathrin Sa), que mora na então Alemanha comunista, é abandonada pelo marido, tendo que criar seus dois filhos, Alexander (Daniel Brühl) e Ariane (Maria Simon), sozinha.
Uma vez recuperada do trauma da separação, Christiane torna-se uma cidadã ativa e exemplar, transformando o país em um substituto de seu marido, abraçando assim, o ideal comunista.
Mas ao ver Alexander participando de uma revolta anti-socialista, ela fica gravemente doente e acaba entrando num longo coma que a faz dormir durante a queda do Muro de Berlim e a adaptação ao capitalismo de sua Alemanha Oriental.
Ela acorda do coma, mas frágil demais para se deparar com o choque das mudanças do mundo ao seu redor. Comovido, Alexander precisa forjar a vitória da ideologia do comunismo e sapatear para criar a ilusão na mãe de que nada mudou.
Socialismo vivo
Quatro anos após o lançamento do filme, que teve como pano de fundo o dilema da reunificação sob a égide capitalita com o fim da Guerra Fria, a pesquisa reafirma que o ideal comunista não morrerá tão cedo nos corações dos alemães que viveram as primeiras experiências mais duradouras do regime no mundo.
A manifestação com 50 mil pessoas pessoas em Moscou (Rússia), no último dia 7 de novembro, por ocasião das comemorações dos 90 anos da Revolução Russa, é apenas mais uma fotagrafia do quanto por lá esse sentimento continua extremamente vivo.
http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=28121
Anónimo, se puderes da próxima vez coloca só o link. É que estes copy / paste tão compridos enchem um pouco a caixa de cometários.
De qualquer forma obrigado por me darem razão.
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