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terça-feira, dezembro 04, 2007

Bem prega Frei Tomás

Ponto prévio: a vitimização não tem nenhuma credibilidade. Depois desta notícia, usar a desculpa fácil que são os inimigos da CGTP e do PCP a usarem estas afirmações, não as torna desculpáveis, nem sequer compreensíveis. Ou, talvez, compreensíveis, sim...o que para a luta dos trabalhadores pelos seus direitos e para a Esquerda, é dramático.
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O Expresso desta semana noticiava que, na Escola Profissional Bento de Jesus Caraça em Vila Nova de Famalicão, resultante de um protocolo entre o Ministério da Educação e da CGTP, dez dos doze professores são precários. Como escreve o jornalista, trabalhadores com os mesmos deveres dos efectivos, mas sem nenhum direito. Precários. Como todos os outros precários. Sem direito a subsídio de férias. Nem de Natal. Sem direito ao Fundo de Desemprego, se, entretanto, deixarem de ser necessários. Precários como os trabalhadores dos call center da PT ou os empregados do Continente. Ou como os trabalhadores da CML, que o STAL, sindicato pertencendo à CGTP, tanto tem defendido ( justamente, defendido) .
O trabalhador, anónimo como os precários nas manifestações da CGTP têm que ser, fala em salários baixíssimos e afirma que nunca fizeram um único dia de Greve. Das Greves que a CGTP, aqui entidade patronal, convoca.
A professora responsável reconhece os problemas, apesar de afirmar que é nesta delegação da Escola que é maior a precariedade - acabando, no entanto, por reconhecer que nas sete delegações da Bento de Jesus Caraça, dos 157 professores, só 41 pertencem aos quadros da Escola. Os outros são tão precários como os trabalhadores da CML que levaram os sindicatos da CGTP a encherem Lisboa de faixas negras.
Pelo que sei, da lista dos trabalhadores avençados que receberam cartas de rescisão na CML, há entre 20 e 30, cerca de 1/5 dos professores precários da Escola da CGTP, que estão a ser revistas pois são efectivos contratos de trabalho. Pelo que se percebe desta notícia, fazia falta que os Sindicatos dos Professores usassem a mesma determinação do STML ou do STAL em Lisboa, para conseguir resolver a situação destes 126 professores. Será que usam?
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Na mesma notícia, fala-se nos salários dos funcionários dos vários Partidos. A dada altura, está escrito que os funcionários do PCP - 301 - ganham entre 653.50 Euros e 788.70 Euros mensais. Um dirigente do PCP ouvido afirma que quanto a negociações salariais são todos militantes e "portanto o espírito é diferente".
Esta parte não entendi. O espírito militante significa não ter dinheiro ao fim do mês para dar uma vida digna aos seus filhos e à sua família? Em 2007, uma família, imagine-se de um casal e um filho (não vamos sequer colocar a hipótese de ter dois filhos e partir do princípio que os dois trabalham), consegue pagar uma casa, a escola, os livros, os transportes, dar de comer à família, pagar a electicidade, a água, o telefone, com 1300 Euros (penso que líquidos), presumindo que os dois trabalham no PCP, ou que o salário do segundo não ultrapassa o do que milita no Partido? Colocando a coisa de uma outra forma: militar num Partido tem que ser sacrifício? A dignidade que se exige para os outros é crime querê-la para nós? Melhor ainda, quando lutamos por melhores salários, salários dignos, é porque achamos que os trabalhadores têm direito a uma vida digna ou é só porque resolvemos ser "mauzinhos" para as entidades patronais e passar a vida com "reivindicações irrealistas"? Como a de querer viver e não apenas sobreviver?
Se não fosse grave acabava o post com dois ou três ditados populares, do género do que usei no título...mas é grave. Porque retira às lutas justas uma caracterírstica fundamental para serem vitoriosas - credibilidade.

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12Comenta Este Post

At 12/04/2007 5:50 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

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At 12/04/2007 9:19 da tarde, Blogger josé palmeiro escreveu...

Esta é uma reflexão justa e oportuna.
Como podemos nós exigir se somos os primeiros a prevaricar. Há que tomar consciência, que nesta sociedade, em que somos coagidos a viver, nem por militância devemos pactuar com os patrões, porque eles, sejam quem forem, são sempre oatrões.

 
At 12/06/2007 5:36 da tarde, Blogger o castendo escreveu...

Cara Isabel,
Leio e não acredito.
Como é público os funcionários do PCP, depois do 25 de Abril, SEMPRE ganharam ligeiramente abaixo do salário médio em vigor. Com os subsídios digamos que os valores se aproximavam dos actuais. Éramos os dois funcionários do PCP. Criámos 3 filhas com curso superior ou equivalente. Com sacrifícios? Certamente. E além de nós, dezenas, centenas de outros casais.
Já agora. Quantos casais portugueses têm mais de 1 500 euros mês de rendimento salarial? Qual é o salário MÉDIO em Portugal?

António Vilarigues

 
At 12/07/2007 1:42 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Muito bem metida António!

 
At 12/07/2007 2:51 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

António, respondo à sua pergunta com outra pergunta: 653.50 Euros, é um salário digno em Portugal em 2007?
Chega para viver? Para pagar as contas, levar os filhos até à Universidade? viver?
Se chega, então justifica-se que nos batamos na rua por melhorias salariais, muitas vezes de salários (felizmente) bem superiores a este?
Se não então não deviamos dar o exemplo?
Porque é que militãncia tem que ser sinónimo de sacrifício, é outra pergunta.
Mas a fundamental, a primeira é esta: 653.50 Euros dá para ter uma vida digna em Portugal em 2007?
Se sim, então as lutas todas, as que travamos lá fora para aumentos salariais dignos, fazem ou não fazem sentido?

Claro que eu sei que o salário médio em Portugal não é superior a 650 Euros, a questão não é essa, repito. A questão é se será lógico que nós pactuemos dentro das nossas casas com salários que lá fora chamamos de miséria...a outra se será lógico que se passe a ideia que militãncia é sinal de sacrifício?
Mas talvez esta úktima seja uma discussão que deva ser aprofundada.

De qualquer forma, António, ouso pedir-lhe a sua opinião sobre o resto do post...os salários dos funcionários do PCP até é para mim, a questão menos aarve...e menos dramática para a credibilidade das nossas lutas.

 
At 12/07/2007 3:20 da tarde, Blogger o castendo escreveu...

Cara Isabel,
1 -No PCP entende-se que é correcto os salários dos seus funcionários estarem ao nível do salário médio dos trabalhadores portugueses.
2 - O PCP é o partido dos trabalhadores, é um partido de classe e para os comunistas portugueses não faz sentido que os seus funcionários ganhem mais que aqueles que representam e defendem.
3 - Como é sabido esta não é uma prática comum, quer em relação aos restantes partidos políticos portugueses, quer em relação a muitos (a maioria penso eu)dos PCs em outros países.
4 - Como é também sabido, quer na clandestinidade, quer durante mais de uma dezena de anos depois do 25 de Abril de 1974, vigorava no PCP o salário único (do secretário-geral até qualquer outro funcionário). Nem queira saber as discussões que este facto gerava com comunistas do PC da União Soviética ou de outros partidos comunistas no poder...
5 - Quanto à Escola Profissional Bento Jesus Caraça, de que ocasionalmente sou formador, agradeço o seu contributo, e de outros leitores do blog, para a resolução deste problema comum à esmagadora maioria das Escolas Profissionais do nosso País.
6 - Vivendo as Esc. Prof. essencialmente de subsídios da UE e do ME (meses e meses atrasados), sendo aprovados os cursos ano a ano, como conciliar estes dois factos com um quadro de professores estável, sem criar (ou aumentar) propinas pagas por estudantes na sua amioria oriundos de famílias sem meios para as suportar?
7 - Fecham-se as Esc. Prof.? Tem a solução desta, para mim, quadratura do círculo?
8 - Eu tenho, mas a prazo (curto? médio? longo?): outro governo, outra política. E até lá? O que fazer?

 
At 12/08/2007 3:08 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

A remuneração de base média mensal dos portugueses ronda os 840 euros
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=878735&div_id=1730

Mas a sindicalista da treta garante que: "Claro que eu sei que o salário médio em Portugal não é superior a 650 Euros"...

 
At 12/09/2007 6:14 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Sim, de facto, para certos "sindicalistas", o que é que são 200 euros a mais ou a menos? Puff! Puff! Sindicalismo moderno é mesmo assim, liga lá a estes pormenores...

 
At 12/09/2007 7:05 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Caro anónimo e caro Luís, contem-me histórias...
Alias basta ler a notícia para entender que para as estatisticas do Minsitério entram os perecários da hotelaria, dos centros comerciais, das telecomunicações...a média de 840 euros é verdadeiramente convincente...e mais, basta ser o Minsitério do Trabalho a dar-ma para eu me convencer da sua veracidade...e claro que para qualquer bom sindicalista, os que não são da treta e não têm aspas, quando se fala em trabalhadores fala-se em sindicalizados...os outros, a gente nem sabe que existem.
Por isso mesu caros, ok. Se isso vos faz felizes, o salário médio em Portugal são 840 Euros. È de gente assim crente que o patronato e o Governo precisam.

Estamos pois num País em que o salário médio são 840 Euros. Ganda anónimo e ganda Luís!!!!

 
At 12/09/2007 7:23 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

António, antes de mais, os nossos caros comentadores anónimos a seguir, aqueles bem educadinhos, que me costumam honrar com uns nomes simpáticos e carinhosos, não estão de acordo consigo que o que ganha um funcionário do PCP seja o salário médio em Portugal. Parece que eles acreditam no MT e acham que são 840 Euros...
Mas enfim, deixemos os sonhadores e passemos à realidade:
Não concordo nada que seja obrigação de um Partido dos trabalhadores que os funcionários ganhem o que ganham os trabalhadores, se o Partido, neste caso entidade patronal, puder pagar mais.
O papel de um militante de Esquerda é conhecer as dificuldades dos trablalhadores não é obrigar-se a passar por elas para as entender. Não se precisa de passar fome para lutar contra a fome. Não se precisa de ser sem abrigo para lutar pela dignidade dos que não têm casa, nem roupa, nem trabalho. Não precisamos de nos desempregar para conhecer e para combater o dramna do desemprego...e por ai adiante.
Não nos podemos dar ao luxo de perder alguns dos melhores de nós...porque têm que comer e dar de comer á família. O trabalho militante é para ser feito sem contrapartidas financeiras. Por entrega a causas. O trabalho assalariado é para ser condignamente retribuído. O António e eu estamos a falar de funcionários não de militantes.

Quanto á Escola, já pensou António, que se falar com qualquer entidade patronal, sobre as razões da opção pela precariedade, as razões públicas, aquelas que se assumem, são exactamente essas?
Claro que não falo na Sonae...falo numa média empresa, com um número de trabalhadores semelhante á Bento de Jesus Caraça. Experimente a perguntar aos patrões porque não têm trabalhadores efectivos...Veja lá se não falam todos em oscilações de mercado, em subsídios que não chegam, em juros altos, em...

Como é que fazemos, aceitamos que a precariedade é inevitável? è um mal de que nunca somos nós os responsáveis, mesmo se, quando entidade patronal, também optamos por ela?

 
At 12/09/2007 9:36 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

esta gaja nem sabe o que são salários médios...é de rir,

 
At 12/09/2007 10:23 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

é só preconceitos, teoria e toleima, sabe lá esta gente o que são dificuldades.

 

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