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segunda-feira, janeiro 14, 2008

Há alguém que desminta El Solitário?

Desculpem voltar ao mesmo tema desta manhã. Mas relendo agora, com mais calma, extractos da entrevista que o prisioneiro espanhol Jaime Giménez Arbe, deu ao jornalista Matias Antolín, das duas uma, ou são afirmações falsas e alguém as tem que desmentir ou são informações verdadeiras e alguém tem que ser responsabilizado pelas actuações que elas denunciam.
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A dada altura relata o prisioneiro: "O conceito de segurança máxima significa, na prática, o sequestro e a incomunicação; permite-se aos guardas prisionais qualquer tipo de tratamento vexatório, chegando a bater impunemente nos prisioneiros". Com mais ou menos credibilidade que meraçam aos Juizes a outros responsáveis pelo Sistema Prisional ou pela Justiça em Portugal, há aqui uma acusação que, ou é desmentida, ou, não o sendo, se presume verdadeira. Isto é, os prisioneiros são espancados. Impunemente, significa sem castigo nem responsabilização. Como também ninguém desmente, presume-se que os prisioneiros são espancados e ninguém é por isso responsabilizado. Até aqui parece claro, ou não?
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Logo a seguir relata o prisioneiro, relembre-se ainda não julgado, logo, ainda, presumivelmente, inocente:"...os presos sobrevivem fechados 23 horas por dia, com direito a apenas uma hora de pátio: um espaço exíguo gradeado por cima, a que chamam "gaiola de pássaros". Não podem usar a Internet, tocar um instrumento musical, estudar ou ouvir música."
Como também ninguém desmente, presume-se que, de facto, os prisioneiros se encontram fechados 23 horas em 24, presume-se que a tal reinserção social a que supostamente terão direito e se lhes cobrará dever depois de cumprir a pena, não poderá contar com qualquer aprendizagem durante a reclusão, nem mesmo que passe por ouvir uma notícia ou ler um livro. Presume-se também que tocar um instrumento musical deverá ser considerado um prazer e que a um prisioneito para além de cumprir a sua pena, que a sociedade legitimamente lhe impõe como punição pelo crime cometido, ou, ainda apenas, supostamente cometido, é vedado o direito a qualquer tipo de prazer. As condições mínimas de dignidade de que falava o Sr Juíz do post anterior não passam, portanto, por ter direito a tocar um instrumento musical ou ler um livro.
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A seguir o recluso acusa os guardas de violarem a correspondência e de roubarem o dinheiro que familiares ou amigos lhes enviam. Mais uma vez nem um desmentido...Mais uma vez, a pergunta, quantos prisioneiros estarão nas prisões portuguesas acusados de roubo? O que se chamará a ficar com dinheiro alheio?
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Depois de denunciar que têm direito a dois telefonemas de cinco minutos por semana, Jaime Arbe, faz ainda uma outra gravíssima acusação: "Quando querem anular-nos psicologicamente obrigam-nos a despir e chegam, inclusive, a tocar-nos nas partes nobres" e aqui, vêm-nos à memória aquelas imagens, que correram mundo e que encimam este post. E que nos envergonham a todos.
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E recoloca-se a pergunta: se ninguém desmente, apenas se tapando por uma insensata acusação de falta de credibilidade dos "criminosos" ou "preumíveis criminosos", é legítimo pensar que El Solitário fala verdade? É legítimo pensar-se que, em Monsanto, aqui mesmo ao nosso lado, os prisioneiros são espancados e humilhados? E se assim for é legitimo não nos surpreendermos se ninguém fizer nada?
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Creio que é na forma como tratamos as pessoas mais vulneráveis que se vê a humanidade e a dignidade de uma sociedade. A forma como tratamos os nossos idosos, as nossas crianças, os nossos doentes, mas também os nossos prisioneiros. À luz da Justiça com maíscula, um prisioneiro é um ser humano que cometeu um crime pelo qual está a pagar e, após a pena cumprida,voltará a ser um cidadão livre na posse de todos os seus direitos e deveres.
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Se ninguém desmentir a afirnações do El Solitário, devemos todos envergonharmo-nos pela sciedade que criámos, ou não? E pela Justica que (não) temos, ou não?

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2Comenta Este Post

At 1/14/2008 9:57 da tarde, Blogger Leal Franco escreveu...

Dizes bem Isabel. E as tuas palavras abrem um pouco a cortina (melhor - a muralha) com que estas coisas são escondidas. E abrem também a possibilidade de alguns cidadãos distraídos reflectirem um pouco sobre o que se passa nas "nossas" prisões. Quando se fala em prisões grande parte dos portugueses costuma arreganhar uma ignorância suprema sobre o assunto e costuma condimentá-la com grunhidos estilo: "casa, comida e roupa lavada", "não têm que fazer nenhum", "boa vida", "não vergam a mola". Faltava apenas que outro tipo de cidadãos (neste caso um juiz) viesse rosnar os argumentos do hotel de luxo e coisas do género. Afinal aos sádicos portugueses não restam grandes hipóteses a não ser integrar a guarda prisional e demais polícias mas, os de elevado gabarito como esse juiz, poder dizer tais bojardas deve dar um prazer do caraças!!!

 
At 1/14/2008 11:02 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Confesso que para mim têm tanto valor as palavras de um e de outro. São dois criminosos com a diverença que um há-de ser julgado e o outro não. Este responsável pela prisão deve ter na consciencia mais mortos que Bonny e Claide juntos.

 

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