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sábado, março 15, 2008

O fundamentalismo é demasiado perigoso para ser ridiculo

Se numa cimeira de países ocidentais, reunida numa qualquer cidade europeia ou americana, se decidisse agir legalmente sobre quem ofendesse a religião cristã ou defendesse uma outra qualquer religião, eu indignar-me-ia.
Falaria em perseguição, em intolerância, em fundamentalismo. Acenaria com a liberdade de expressão e insurgir-me-ia contra quem, em nome de uma fé que não é a minha, ousasse pretender impor-me valores que não tenho que partilhar.
Sentiria exactamente a mesma repulsa que sinto perante esta notícia. Seja lá o que for "agir legalmente contra" trata-se de uma posição, que só não é ridicula, porque a intolerância é sempre demasiado perigosa para ser ridicula.
Escrevi há tempos, o Troll antigo, aquando das ameaças contra o jornal dinamarquês que publicou os cartoons sobre o Maomé, que, em nome de nenhuma história de perseguição, de nenhum valor, aceitaria qualquer tipo de paternalismo ( que considerava, então, e considero, agora, perigoso e reccionário), que desculpabilize este tipo de atitudes.
Não admito a ninguém, a nenhum estado, a nenhuma religião, que me imponha valores, fé, princípios que não partilho. Não admito a ninguém que crie polícias nacionais ou internacionais que se dediquem a descobrir, por esse mundo fora, quem ouse "ofender" valores que só serão sagrados para quem os professa.
Penso que este tipo de atitudes tem que receber de todos os homens e mulheres livres, um repúdio claro e público.
Segundo a notícia "... o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, afirmou não acreditar "que a liberdade de expressão signifique dar carta branca à blasfémia", pois "não pode existir liberdade sem limites"."
Penso que todos os homens e mulheres livres têm que dizer claramente a estes senhores, que não lhe damos, sequer, o direito de falar em liberdade de expressão. Porque aos ditadores não se lhes permite falar em liberdade. Os ditadores quando falam em liberdade não sabem do que falam. E nós não devemos dar crédito a gente que não sabe o que diz.
O fundamentalismo religioso é um mal dos nossos tempos. Depois de décadas em que acreditámos que poderiamos mudar o Mundo, a realidade, as traições, os desencantos e a vida, foram subsitituindo a fé num Mundo melhor pela fé. O fundamentalismo religioso não é apanágio dos países muçulmanos, mas, neste caso, é deles que se trata.
Os dirigentes das 57 nações islâmicas reunidas hoje em Dacar, deveriam ser todos processados judicialmente por atentado à liberdade e por blasfémia.
É blasfémia afirmar que "não pode existir liberdade sem limites", quando quem fala nesses limites são dirigentes de nações em que não há liberdade.
Não sei se o Irão esteve presente. Possivelmente esteve. O Irão, antes mesmo de agir legalmente contra quem ofenda Maomé, prepara-se para agir legalmente contra um adolescente que poderá ser repatriado por ter cometido o erro juridico de pedir asilo político a dois países europeus diferentes, e que é acusado do crime de ser homossexual. O Irão, que talvez tenha estado presente, prepara-se para o condenar à morte.
Agir legalmente conta quem "blasfeme" será, para estes senhores, com toda a certeza, agir legalmente com a sua Lei.
Com a mesma Lei que condena à morte um adolescente que cometeu o crime, a blasfémia, de amar.

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At 3/15/2008 11:42 da manhã, Blogger cereja escreveu...

É muito chocante sim.
Completamente chocante, porque existem dois mundo e nem sequer tínhamos dado conta. Há quem viva em 2008, no terceiro milénio, e quem (o calendário deve ser outro, creio) ainda viva na idade média, quando se 'convertiam' pessoas à força, se faziam cruzadas, se caçavam bruxas, se queimavam hereges.
A Europa fez isso. O Cristianismo também quis converter o mundo à força, mandou missionários para a América do Sul, para África, para a Ásia. Contudo o único Estado Teocrático era o Vaticano, os países «normais» agiam normalmente. O movimento de proselitismo do Irão é realmente chocante, definindo eles o que é blasfémia na boca de quem não pensa como eles e decidindo punir.
Mas não acredito que a um outro nível, Nações Unidas por exemplo, não se possa conter essa onda selvagem.

 

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