Um "recentramento" interessante
Por causa de outro post ali mais abaixo sobre um casal gótico o Goldmundo escreveu um comentário que me merece uma especial atenção por duas razões e que me leva a escrever esta posta. A 1ª, porque me relembrou um filme fabuloso de Takeshi Kitano, o “dolls” e, a 2ª, porque “re-centra” o debate em algo que até agora não tinha sido explorado e para o qual, sinceramente, eu nem sequer me tinha lembrado. É, porventura, uma questão paralela e não essencial mas que dá outro sentido, se a tomarmos como verdadeira, o amor. Se abordarmos a questão por este prisma certamente que todas as considerações feitas anteriormente perdem a razão de ser, em 1º lugar porque não se explica uma irracionalidade como o amor e, em 2º, porque a questão cultural perde dimensão.
Ou seja, o que que pretendo com esta posta (e desculpa, Goldmundo, a presunção) e o nosso comentador também pretendia é alargar o debate a outras esferas que não as estritamente culturais, e, por outro lado, ver a questão no prisma masculino que nos comentários á outra posta foi manifestamente desprezado, por mim inclusive. Por isso temos de voltar à questão do mundo a preto e branco. Será que ele é mesmo assim? Não me parece. Não podemos cair nesse erro sob o risco de criar um mundo monocolor ao sabor dos impérios dominantes em cada época. Os actualmente muito em voga “valores ocidentais” não são o espelho do mundo como não serão os orientais ou os religiosos. Nenhum ser humano se pode outorgar dessa superioridade moral de achar que os seus valores serão melhores, embora tenha que haver alguns valores universais como o respeito, a tolerância e a justiça mas que se levados a sério serão incapazes de matar a diversidade de valores culturais.
Fica aqui o trailer do filme e o apelo a que se não tiverem visto que o vejam. Vale mesmo a pena. O único senão. Se gostam de cinema ao estilo hollywodesco este não será certamente o vosso género de filme.
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Ou seja, o que que pretendo com esta posta (e desculpa, Goldmundo, a presunção) e o nosso comentador também pretendia é alargar o debate a outras esferas que não as estritamente culturais, e, por outro lado, ver a questão no prisma masculino que nos comentários á outra posta foi manifestamente desprezado, por mim inclusive. Por isso temos de voltar à questão do mundo a preto e branco. Será que ele é mesmo assim? Não me parece. Não podemos cair nesse erro sob o risco de criar um mundo monocolor ao sabor dos impérios dominantes em cada época. Os actualmente muito em voga “valores ocidentais” não são o espelho do mundo como não serão os orientais ou os religiosos. Nenhum ser humano se pode outorgar dessa superioridade moral de achar que os seus valores serão melhores, embora tenha que haver alguns valores universais como o respeito, a tolerância e a justiça mas que se levados a sério serão incapazes de matar a diversidade de valores culturais.
Fica aqui o trailer do filme e o apelo a que se não tiverem visto que o vejam. Vale mesmo a pena. O único senão. Se gostam de cinema ao estilo hollywodesco este não será certamente o vosso género de filme.
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Etiquetas: Daniel Arruda
5Comenta Este Post
Tinhamos panos para mangas aqui, Daniel.
Mas deixa-me só ficar naquela parte em que falas do amor, da sua irraconalidade e den supostamenten sendo colocando a quesão nestes termos deixar de fazer sentido falar em questões culturais.
Nã estou nada de acordo contigo neste ponto.
1º, porque o amor não é nada irracional. "O coração tem razões que a razão desconhece" lá dizia o poeta. Mas elas existem, se até um poeta as reconhece... São como as bruxas... O amor é algo de tão pessoal, que não dá para racionalizar, mas isso não significa que a razão lhe seja alheia.
Quando amas, não sentes só que amas. Sabes porque amas. Serão seguramente razões só tuas, intrasmissíveis, possivelemnte, icompreensíveis para o outro, mas elas existem.
As manifestações do amor, as coisas que se fazem por ele, podem ser irracionais, mas o amor não.
Logo, po sequência lógica, não perde nada dimensão cultural...o amor, porque não é irracional, não é imune à envolvência cultural. Não se ama da mesma forma, hoje ou na Idade Média. Nem sequer acredito que se sinta da mesma forma o amor.
Quanto ao resto concordo. Nem o amor se pode ver a preto e branco. Portanto até se vissemos os putos marados por este prisma, também não dveriamos impôr a nossa razão...não porque o amor não tem razão...mas porque, havendo amor neles, tem a sua razão. Que não é a minha, nem a tua, nem a do Sr. Zé da mercearia.
Ou não há amor? Não pode haver amor? Se a mulher se assume como anima de estimação e o homem como dono de um animal de estimação, pode ahver amor? è possível que o meu Bono me ame? Ou eu a ele?
Nã, Daniel, não facilta nada, esta abordagem!!! LOL.
Vou ver o filme e ler o post até ao fim, já que encalhei naquela parte...
Ora, tantas coisas outra vez... Bem, vou primeiro jantar. Mas oh Daniel, eu não sei se o que eu disse implica prescindir das questões culturais. Mas são panos para mangas tão largas como as dos "amarrados" do Dolls. Gostei imenso de rever o trailer.
E gostei muito de uma frase da Isabel, "as coisas que se fazem por amor podem ser irracionais, o amor não".
Amor Amor a quanto obrigas...
E que tal uma discussão sobre o Amor? Penso que há aqui umas tantas pessoas com idade e vivência suficiente para poder dizer umas boisas boas sobre o Amor. Não podemos, nem sequer convém deixarmos essa iniciativa aos interesses das comissões de pais nem da santa madre igreja.
ISabel, temos aí uma divergencia de fundo O amor é altamente irracional e dessa não saio.
Goldmundo,desculpa se interpretei mal mas foi a minha. O que vale é que assim é que as coisas são giras. Podendo-se discutir.
Daniel, não interpretaste mal. Mas com estes teus posts vou pensando e chegando a conclusões... Uma das características da nossa cultura (a nossa-de-nós, não a "europeia" ou a "ocidental") está a ser a de reconhecer o amor enquanto tal, ou não? Isto é, e não sei se pela primeira vez na história das civilizações, o amor vale por si e não pelos benefícios que traz à sociedade.
E é por isso que só "nós" é que podemos dizer, como a isabel faria, que o amor é uma forma de razão.
Outra coisa é tentar perceber quais então podem ser os limites do amor. Voltando ao ponto, se pode haver amor por uma pessoa que se nega como pessoa, para ser uma "outra coisa" que não aquilo com que aparentemente nasceu.
E a minha pergunta é: mas este inquérito em que se distingue do tipo de encadeamento de raciocínios homofóbicos?
Não sei se me faço entender. Grande parte da homofobia assenta em dizer "Não te armes em parvo(a) em público pretendendo ser aquilo que sabes muito bem que não é a natureza. Não te exibas e não insultes os que sabem como é o amor verdadeiro".
E é por isso que, ao contrário do amor, nem todos os raciocínios são uma forma de razão :)
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