Os coorporativismos exacerbados dão nisto

No mesmo jornal, o DN, vêm dois exemplos de como o coorperativismo pode tornar-se estúpido, demagogo e inibidor de confiança. No 1º caso é a "indignação" dos médicos oftalmologistas portugueses por o hospital do Barreiro ter contratado um médico espanhol que pelos vistos opera mais, com a mesma qualidade e mais barato que os médicos portugueses. Dizem agora que os médicos portugueses são em número suficiente para fazer face às necessidades. Não sei se são ou não, mas sei que as listas de espera estão, se não a aumentar, pelo menos estagnadas em valores de há 10 anos atrás. Mas os médicos portugueses reconhecem uma coisa para a qual dão uma solução, no mínimo curiosa. Nem todos os oftalmologistas "estão nos sítios certos". Em todo o caso, dizem, essa é uma questão que tem solução: "Ou se deslocam eles ou os doentes." Acho isto espantoso. Deslocarem-se os doentes é uma solução que nem se deveria pôr, até porque sabemos que é falaciosa. O que muitos médicos querem é manter a lista de espera no SNS alta para que possam ter bons lucros na sua actividade privada.

O 2º caso é o dos advogados que se acham acima da lei podendo dispensar o livro de reclamações. Acho isto lindo especialmente quando me conseguirem explicar onde é que eu me dirijo se achar que fui mal atendido por um advogado. Faço queixa ao orgão coorporativo e defensor deles mesmos que é a Ordem? Isso não seria tão ridículo como ir-me queixar a um dono do talho que a carne que ele vende não é de qualidade? Obviamente que tem de haver algo externo aos advogados que os possam fiscalizar. Senão entramos num ciclo vicioso em que os advogados estarão sempre à margem de tudo podendo fazer o que lhes apetece e como lhes apetece com um qualquer que lhes entre num escritório.