Desabafos sobre dedos
Acabei agora de ler um comentário aqui em baixo no post do Daniel que me irritou. É assim: de vez em quando há comentários ofensivos que me chocam, outras vezes, comentários difamatórios que me enojam. E depois há estes. E só porque estes comentários correspondem a gente que, na vida cá de fora, também me irrita, pego nele e o trago à luz do dia.
Nâo suporto gente que usa sempre o dedo indicador como dedo acusador. Não suporto gente que age sempre como se soubesse coisas, estivesse na posse de dados que, seguramente, se usados, iriam dar cabo da nossa reputação. Não suporto gente que faz sempre de conta que o melhor é calarmo-nos sobre tudo e sobre nada, porque, certamente, alguma vez na nossa vida fomos tentados a roubar um chocolate no supermercado ou a fugir ao fisco. E eles sabem. Os dos dedos acusadores sabem sempre. Por isso, antes de criticarmos alguém, faxavor de recuarmos até ao berço e de alargarmos o horizonte, pelo menos até ao cometa mais próximo, pois certamente há alguma coisa a esconder. E eles sabem.
...Não suporto gente que acha sempre que tem pedras para atirar e que faz das pedreiras o seu modo de vida. Guardando sempre segredo sobre a localiação da dita, para não contarmos as pedras e para ficarmos sempre na dúvida de quantas é que podem vir a caminho.
...
A gente de que falo, e que é da laia do nosso comentador do post anterior, tem muito jeito e acaba por adquirir muitos treino nestes papéis. As suas palavras são, normalmente, tão abrangentes que nelas cabe tudo: se não formos culpados da tentação do chocolate, seguramente seremos da fuga ao fisco. Se não formos culpados da fuga ao fisco, certamente, seremos de ter olhado para o namorado da vizinha. Se não tivermos olhado para o rapaz, certamente, que não ajudámos a velhinha a atravessar a rua. Se ajudámos a velhinha, então não pomos o lixo certo no Ecoponto certo. Mas culpados de algums coisa, somos e o nosso interlocutor está ali para o lembrar.
...
A sério, a insinuação irrita-me Gosto de gajos claros. Gente que chame os bois pelos nomes. Que me critique se eu fizer asneira, que me chame a atenção se estiver a ser incoerente, que me grite se estiver a ser injusta. E não tem nada a ver com anonimato. Mesmo em carne e osso, não os posso ver por perto.
...O nosso comentador do post do Daniel que me perdoe. Não o conheço de lado nenhum e aquilo até, secalhar, nem passava de um desabafo qualquer, que ainda faltam três dias para o fim-de-semana.
Mas eu sei que, normalmente mesmo à Sexta à noite, se ele for um exemplar genuíno do dedo em riste, mesmo também não me conhecendo de lado nenhum, sabe, porque gente assim sabe sempre, nas caixas de comentários ou na vida, que também eu e mais cada um e todos os habitantes do Planeta, nos Partidos, nos empregos, nas freguesias, nos Clubes ou em casa, temos os nossos telhados de vidro do mais transparente que há. Os de dedo acusador em riste nunca dizem coisas muito sérias ou fazem acusações importantes. Insinuam, apenas. Assim como quem não quer a coisa. Normalmente em posição que dê para meter o rabinho entre as pernas quando os mandamos...usar outro dedo qualquer.
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Agora que já desabafei, que me desculpem os guardiões do templo. Eu prometo que da próxima vez que o namorado da vizinha passar, me desvio para ajudar a velhinha na passadeira.
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Ah e peço desculpa por trazer o comentário à bailação. É a vida.
Etiquetas: Isabel Faria
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muito bem Isabel. Revejo-me nas tuas palavras e só tenho pena de não ter o teu talento para dizer e escrever tão bem como tu o fazes, especialmente se o fazes com a emoção e o sentimento à flor da pele.
Agora vou ler o comentário.
Obrigado Fernando.
Eu nem sei se o comentário é mesmo de um exemplar genuíno...mas cheirou-me que sim. E não suporto.
E claro que não faço ideia, se se tratar de um exemplar genuíno, do que pretendia insinuar...deve ter sido o "não é assim, Daniel", que acendeu a luz.
Costuma ser um termo usado peloes exemplares genuinos. Nós não sabemos nunca o que é ssim nem como é assim, mas eles topam-nos...
Respondo antes de procurar o comentário originador deste desabafo, porque o comentário em si não tem grande importância, o que conta é a atitude de que falas.
Tal e qual.
Mas é uma atitude (irritante!!!) que abrange muita coisa. Também me acontece fazer uma crítica seja ao que for, e como resposta ouvir qualquer coisa do tipo «sabes fazer melhor?». E o que me interessa? Sei o que preciso saber, que aquilo não me agrada. Não sou entendida em arquitectura, em música, em pintura, em literatura, em cinema... eu sei lá. Não sei «fazer» nada disso, mas sei gostar ou não gostar. Para mim chega.
E, essa da 'insinuação' dos nossos telhados de vidro (bastam ser de telha que também quebram com uma pedrada) é coisa mesquinha e sonsa.
Não gosto.
E, nesse caso, não sei fazer, com muita honra.
Dedos acusadores são realmente muito irritantes, mas não é isso que Louçã faz?
José Basílio
José Basilio, até se pode não gostar do estilo do Francisco Louçã, mas há uma diferença entre dedos acusadores para fazer acusações baseadas em factos (admito que a análise que se faça dos factos seja passível de criticas ou de reformulações - é para isso que a Democracia existe)e as insinuações. Aliás se há algo que não se pode acusar FL é de insinuar.Quando acusa fá-lo claramente, ás vezes duramente. (sei do que falo).
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