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quarta-feira, julho 09, 2008

Eu cá nunca fui religiosa

Não sou religiosa. Já não se trata, apenas, de não conseguir ter fé em algo que não conheço, trata-se simplesmente de não conseguir comungar de nenhum dos sentimentos que fazem com que o homem recorra ao transcendente para suportar, compreender, aceitar, explicar a sua passagem por aqui.

Não sou capaz de ser maniqueísta. Nunca consegui ver o mundo a preto e branco. E mesmo quando ele se me depara assim, descubro sempe um creme ou um acinzentado, pelo meio. Não acredito no destino. Sempre achei que quando fiz a primeira asneira na vida, bem podia ter ficado quietinha, e que a única responsabilidade dela foi minha. Assim como foi minha, a capacidade de lhe ter sobrevivido. Assim como às outras todas aos longo destas décadas.

Não sei o que é o Bem nem o que é o Mal. Só conheço o meu bem e o meu mal. E mesmo assim tem dias...

Nunca suportaria ter uma religião em que, se pusesse em causa a actuação de um dos seus seguidores, me excomungassem ou me mandassem para uma fogueira qualquer. Não consigo pensar que o que faço aqui, não terá repercussões apenas aqui, mas as terá noutro lugar qualquer. Sei que depois de partir, estarei para sempre num lugar onde nada existe, a não ser, qualquer flor que teime em nascer, adubada pelo meu corpo em decomposição. E na memória daqueles em que, eventualmente, possa ter tocado. Claro que tenho medo. Mas não me parece que seja da flor.

Não tenho dogmas. Não tenho certezas. Não tenho Deuses. Nenhum.
...
Por isso me faz sempre imensa confusão a religiosidade das pessoas. Porque o desconhecido nos faz sempre confusão. Nunca hei-de entender que criticando a actuação de um padre, haja quem pense e quem sinta que se está a matar Deus, o Deus deles.

Nas religiões em que muitos transformaram as suas convicções políticas, passa-se o mesmo. Nunca hei-de entender a forma religiosa como alguns vivem e vêem as suas convicções políticas. Eles o Bem. Os outros o Mal. Eles os detentores da Verdade, os outros, os pecadores e os Judas. Eles os que querem fazer o Paraíso, os outros os que os querem obrigar a chafurdar no Inferno. Os outros. Todos os outros. Os de não fé. Do não dogma. Das dúvidas. Das perguntas. O inimigo. Satanás. Todos os que não estão com eles em todos os momentos e não comungam DA certeza. A Inquestionável. A Definitiva.

No mundo das religiões, os outros são sempre anti-nós. E a nossa fé não suporta ser questionada por ninguém. De vez em quando surge um Deus novo que a pode adaptar. Mas interrogar nunca.
Penso que só haveria uma forma de eu aceitar a utilidade das religiões. Se me apercebsse que os que as professam são mais felizes que eu. Não me apercebo. Não me parece que alguém possa ser feliz num mundo de culpas e culpados. O Diabo não tem lá muito bom ar...e de Deus nunca vi o ar sequer. De nenhum dos Deuses deles.

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8Comenta Este Post

At 7/09/2008 9:43 da tarde, Blogger Hieros escreveu...

Estás um bocadinho à defesa mas até fica bem.
Tens toda a razão quando ao falares de religião incluis as 3 famosas, qual demoníaca trindade, isto é, aquelas que são ao mesmo tempo três, mas que, afinal, são muitíssimas mais no fim de contas. Refiro-me para algum leitor mais distraído às religiões monolíticas (ou do mono) que algumas almas cismam que são monoteístas: judeismo, cristianismo e islamismo.
Nestas tens razão. Quem não é da nossa (a pura) é contra nós! Mas só aqui tens razão. Mas as outras não monolíticas não são assim?
Não são de facto. E porque é que a gente não sabe? Porque a nossa cultura não deixa saber e só quem se interessa mesmo por isso sabe mas, mesmo que fale, que diga os outros não ligam pois já lhes arrumaram essa questão no arquivo morto que é o seu desconhecimento.
Ora os seres humanos são muito mais que simples monotrematos, perdão, monoteístas ou ateus. Muito mais! Mas estes contentam-se com a verdade oficial.

 
At 7/09/2008 10:01 da tarde, Blogger josé manuel faria escreveu...

Se há assunto que não se discute é o da Fé.

Conheço pessoas inteligentes e boas, religiosas. E o contrário. E vice-versa.

 
At 7/09/2008 10:24 da tarde, Blogger Leal Franco escreveu...

O José Manuel Faria diz uma coisa que muitas vezes se costuma dizer. Que não se discute a fé! E porquê? Porque carga de água se não há-de discutir?
Eu por mim tenho uma resposta a esse porquê: não se discute porque não é racional, isto é, a fé não tem racionalidade! Não é inteligível. Então não sendo uma coisa que vem da razão só pode provir da vontade. Assim a fé é um movimento de afirmação de algo que não se compreende, que não se sabe, mas que se engole, pelo sim pelo não, pois não sabemos bem quem está à nossa volta.
Assim para a fé é IMPORTANTÍSSIMO a quantidade de fiéis, isto é, de crentes (= contrário dos que sabem)
Qual é a fé melhor? É a que tem mais malta! É a MAIOR!
Assim , um assunto sem a mínima hipótese de sustentação de verdade e interesse público, passa a ser aceite por todos!
É assim que se tem poder. Espalhando uma idiotice como verdade e perseguindo quem não a aceita.
O paganismo não era assim

 
At 7/09/2008 10:54 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Hieros, temho sempre um bocado de dificuldade em discutir um texto, quando não entendo a 1ª frase. Há defesa em quê e porquê? De quem? Das religiões, de quem as professa, de mim ou da minha incapacidade nelas?

 
At 7/09/2008 11:06 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

José Manuel, não concordo nada contigo. Não vejo porque não se possa discutir a fé. Muito menos vejo porque se não possa discutir a necessidade dela e o uso que dela fazem. A religião, portanto. Posso não ter escrito nada compreensível, mas o que pretendi escrever foi um texto sobre religião e não sobre fé. Não porque a ache indiscutível, mas porque me seria quase impossível de escrever sobre algo que não sinto, não conheço, não vejo, nem vivo.

Ah, e seguramente que eu também conheço. Mas o que contesto mesmo é que sejam boas por a terem ou que sejam más por a não terem. Possivelmente falhado, o texto era, sobretudo, sobre este maniqueimo.

Concluindo, pois, apesar de não concordar, posso entender que aches que a fé não se discute, mas a religião, não entendo.
Faz parte do nosso entendimento do Mundo, entender o relacionamento do homem com Deus (com os Deuses).

 
At 7/10/2008 1:30 da manhã, Blogger Fernando Vasconcelos escreveu...

Ora bem. Eu pelo meu lado sou católico. Razoavelmente praticante. Muitos dos dogmas da minha igreja deixam-me triste, não concordo com eles e não lhes reconheço qualquer razão de ser ou valor. Mais ainda acho que estão em profundo desacordo com outros dogmas que esses sim professo. Nunca vi num não crente um inimigo ou qualquer outra coisa de negativo. Discute-se a fé ? Penso que sim. Tudo se pode discutir. Basta existir respeito pelas pessoas que as professam. As ideias e as "fés" ou a sua ausência. Qualquer uma. Qualquer ideia, qualquer crença, qualquer solução política. Acredite-se apenas na "boa-fé" - perdoa-me o jogo de palavras mas não resisti - do ser humano.
Culpa ? Culpados ? Lá está uma das visões de alguns católicos com a qual não me identifico de todo.
Certezas? Também tenho poucas ...

 
At 7/10/2008 8:07 da manhã, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Vlmos por pontos. Nem sempre o que é irracional é indidcutível e nem sempre o que é fé é irrracional. Conheço muitas pessoas qu encaram a religião como uma ciencia do conhecimento e para eles não existe essa irracionalidade. O que é perigoso na religião é aquilo que a Isabel refere e bem. São os dogmas e as verdades absolutas e é sobre isso que versa o post se bem o entendi. O problema da Isabel nem parece ser a religião mas sim os dogmas. Que existem na política, no futebol ou na religião. Corrige-me se te interpretei mal Isabel.
No entanto essas pessoas não são perigosas pelo que pensam (se é que pensam) mas sim pelas atitudes que demonstaram.
A fé como conceito pode ter muitos significados. Eu tenho fé no meu clube. Irracional de facto e cego também. Com todas as consequencias que daí adveem. Eu assumo as minhas. É pena é que outros inergumeros não aceitem as deles.

 
At 7/10/2008 7:07 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Fernando, penso que veio a calhar o jogo de palavras.
A minha mãe, católica praticante, o meu pai, ateu confesso, ensinaram-me desde sempre a respeitar a fé a a ausência dela.
Há uns anos, estava a minha mãe muito doente, depois de quase um mês de internamento, o meu pai levou-a à procissão do Sr. dos Passos. Foi a única vez que soube que o meu pai tinha ido a uma procissão. Penso que não lhe custou...
Eu teria feito o mesmo.
Não saberia rezar...mas respeitaria a necessidade de rezar da minha mãe.
Como a minha mãe sempre respeitou que eu não soubesse nem quisesse aprender.Apesar de saber que nunca entendeu este "defeitozito" que eu herdei do meu pai...
Por isso e como diz o Daniel, o post era sobre dogmas, sobre falta de respeit pelo outro em virtude deles e não sobre fé.
E sobre aquilo que se faz em nme dela. Sem quaqluer vestígio de "boa fé".

 

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