O Dr. Spock e o arroz agulha

Quando o meu filho era bebé, comprei um livro do Dr. Benjamin Spock, que usava assim tipo livro de instruções. Cada vez que ele fazia uma coisa nova, eu ia a correr ver se estava "previsto".

Estranhamente, ou talvez não, estava sempre previsto. Aliás, cheguei a pensar que o JP tivesse servido de cobaia para o senhor, numa outra reencarnação qualquer.

Com a prática, passei a ver sempre, por antecipação, as desgraças que me esperavam nos meses ou anos a seguir...e, entre as birra pelo medo que eu fugisse para sempre ou a da necessidade de afirmação, lá me ia sempre preparando para o pior. Pode-se dizer que o meu filho foi sempre um perfeito exemplar spokiano.

...

Ontem, ao arrumar uns livros antigos descobri o livro de instruções do meu filho. Tanho-me estado par aqui a rir feita parva. Já lhe tentei explicar porquê, mas à 2ª frase que leu, disse-me que eu estava a sonhar..."EU NUNCA FUI ASSIM!!!".

Contei-lhe aquela parte em que, no Jumbo de Alfragide, se mandou para o chão, perante o olhar reprovador (dirigido a mim, obviamente) de uma multidão de mães, avós, tias, pré mães, pré avós e pré tias, porque queria o pacote de arroz verde, já que ele era do Sporting, e eu não queria comprar o arroz do pacote verde, porque não gosto de arroz agulha...

...

Só para abreviar a coisa, apesar de não lhe ter dito que acabei, perante o olhar fulminante das ditas. por ter optado por comer arroz agulha durante uma semana, acho que ele subentendeu...não o convenci que ele foi exactaeente assim, mas devo ter-lhe conseguido transmitir a importância de se ter um livro de instruções que nos possa, pelo menos, sossegar que um dia virá em que a cor do pacote do arroz deixe de ser um caso de vida ou de morte...ah, e claro deve ter ficado com muita dúvidas sobre a minha avaliação profissional como mãe...