Um bom texto pela manhã
Já tantas vezes neste blog discordei profundamente do Padre Anselmo Borges. Porque está na minha natureza e convicção que, para combater o estado a que isto chegou, sem querer plagiar a frase de Salgueiro Maia, é preciso também reduzir a Igreja àquilo que de facto representa, para que nunca mais volte a representar aquilo que já representou em tempos. Dizer com isto o quê? Que não se volte aos tempo em que, por enorme responsabilidade da Igreja, se vivia num país retrógado e preso a valores que, sendo os da igreja e dos seus fieis, não podem ser valores de toda uma sociedade.
Fico feliz por poder começar o dia a concordar com alguém, numa época em que as minhas discordâncias são sempre muito maiores do que as concordâncias. Há quem diga que são efeitos da crise.
Etiquetas: Daniel Arruda
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Estou perfeitamente de acordo contigo Daniel
Nalguma coisa haviamos de estar amigo
:)
Daniel, eu vou à missa com relativa frequência. Considero-me católico praticante, no entanto reconheço vários problemas na Igreja . Já que estamos a falar das missas. Sabe qual o principal problema? Não é que a missa seja "uma seca". A missa não tem de ser um entretenimento. O problema é que o discurso é completamente desadequado da realidade desfasado dos problemas reais das pessoas (e estou a falar dos problemas espirituais)na maioria esmagadora dos casos, mesmo na parte da homilia em que poderia ser mais próximo. O que se diz é quase sempre irrelevante e inconsequente.
E ainda pior a parte referente ao culto propriamente dita, aos fundamentos da religião, à fé é transmitida de uma forma tão sofisticada, tão envolta em metáforas e imagens, ainda por cima milenares que são para a maioria dos crentes absolutamente incompreensíveis. Fala-se em voltar às missas em Latim. Eu acho bem. Assim como assim a maioria das pessoas já não as percebem e não se conseguem relacionar emocionalmente ou intelectualmente com o que é dito, ao menos que seja em Latim. Sempre fica mais bonito. Não é isto que me abala na forma como me relaciono com Deus mas certamente no que diz respeito à Igreja é uma das coisas que me faz mais impressão. Ás vezes parece que existe o receio de que um discurso mais contemporâneo, mais próximo das pessoas estrague o "mistério", exponha o comum. E provavelmente aconteceria. E qual o problema? Fácil. Reduziria o poder da intermediação entre Deus e os Homens. E como todas as organizações humanas a Igreja possui os seus vícios ... Não deixo por isto de ser católico praticante, mas não prescindo do espírito critico. Nunca.
Daniel
A gente está de acordo em muitas coisas não apenas em algumas. No fundamental penso eu.
Fernando V. Eu em tempos em que era muito novinho pensava que era católico e seguia aqueles preceitos. Depois de aprender a ler uma das coisas que li assim que pude foi a Bíblia. Pensei "se aqui está a palavra de Deus raios me partam se não a vou entender todinha".
Qual não foi o meu espanto quando percebi que, se aquilo era a palavra de Deus, então o Belenenses vai ganhar os próximos 15 capeonatos de futebol! Aquilo era a palavra, quer dizer, a escrita de muita gente, mas de Deus - nem pó!
Aliás é por causa disso que os protestantes tanto insistem para que se leia a Biblia - é porque se algum cristão a lê deixa e tenta entender deixa logo de ser católico e passa a protestante, ou outra coisa assim
Esqueci-me caro Fernando do seguinte:
mais tarde aprendi que católico significava "o que era verdadeiro". Aprendi que ortodoxo significava "o que tinha a opinião correcta" e desliguei-me dessas "touradas" ou "futebóis" como queiram.
Os católicos são tão verdadeiros como o PS é Socialista! E os ortodoxos têm tanto a opinião certa como o PCP é comunista!
Fernando Vasconcelos, já não é a 1ª vez que escrevo sobre religião no Troll e em todos eles verá um fio condutor. Que é que por muito que discorde das posições da Igreja nunca "desrespeitei" os crentes. Porque defendo que tal como eu tenho o direito de ser ateu os outros podem ter o direito de ser religiosos e merecem o meu repeito. As diferenças começam apenas quando vimos a(s) igrejas(s) como algo ideológico e aí entramos na fase do combate político. Sim porque as igrejas são, ou querem ser, forças que influenciem a política.
Mas depois há, tal como nos partidos políticos as massas, que muitas vezes são distintas da cúpola e mais uma vez, tal como na política, estas massas dividem-se em carneirada e os que pensam. (sem sentido desapreciativo, apenas que há pessoas que não veem o pensamento em futebolês)
O texto do Padre Anselmo Borges inclui-se destina-se a este último grupo e por isso falei nele. Porque é um texto político. Que ve que a influência decresce e que precisa de aumentar os "votos".
Mas eu concordo com a análise que ele, e você corobora, faz. Porque Eu defendo uma igreja pensante, tal como nos partidos.
Leal, foi só uma provocaçãozita e uma bribcadeira. Não reparaste no :) do final?
ehehehe
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