A caminho do parque da Bela Vista III
Quem só ouve a música de Madonna desconhece muito do que é esta mulher. Lutadora por uma causa feminista muito própria mas que ajudou a emancipar uma nova geração. A geração de 80 como é chamada. Quem, dos da minha geração, nunca teve na escola uma rapariga a quem chamavam Madonna só porque esta representava uma forma de estar diferente? Mas Madonna é também um ser profundamente religioso, muito antes desta conversão à cabala. Mas mesmo aí tinha um forma muito própria de ver e sentir a reliogisidade. Porventura muito influenciada pela figura materna, que perdeu muito cedo, Madonna vê a religião como absolutamente necessária e injusta.
Se olharmos para toda a sua obra com atenção, vimos a referência à Igreja imensas vezes em inúmeras canções, mas em nenhuma esta é tão evidente como em Like a Prayer. Aliás, foi esta canção que, definitivamente, me fez entrar no vasto universo dos fãs de Madonna. Depois de
"Material Girl", "Holiday", "Like a Virgin", "Crazy for you" ou "True Blue" (sendo isto mais ou menos cronológico, este album deveria aparecer antes do Like a Prayer mas se tiver tempo voltarei a ele depois), o álbum "Like a Prayer" foi o clique que faltava para a eternidade. Mas este álbum não era só esta canção. Teve mais dois sucessos de monta. "Express Yourself" e "Cherish".
Madonna deixava de ser a Madonna para passar a ser "A Diva". Deixou, definitivamente, de ser a menina que saíu da Detroit natal para lutar pela vida em Nova Yorque. A menina que aproveitava o almoço porque não sabia se tinha jantar. A menina que dormia em casas emprestadas ou em quartos miseráveis. A menina que ia a intermináveis audições para receber quase sempre a mesma resposta. Que estava à frente no seu tempo e que, por isso, não servia. De facto que já há muito tempo que tal não acontecia. Os contratos já se avolumavam, o sucesso já há muito que estava alcançado e já tinha casado com Sean Penn num dos casamentos mais mediáticos daquele tempo mas aos olhos da grande massa este álbum foi aquele salto.
Mas voltando ao Like a Prayer e para terminar este post. A canção e o video clip têm tudo o que deveriam ter. Até a subtil alusão ao Klu Klux Klan nas cruzes em fogo é intoduzida sem esforço e com todo o sentido.
Deliciem-se.
.Etiquetas: Daniel Arruda
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