Mais um passo para o passado, pelas mãos sujas do PS
Chicago, 1886
Ontem, Sócrates e o seu Governo deram mais uma prova daquilo em que se transformaram, em que transformaram definitivamente o PS, em que transformam o País.
Transformaram-se em gente sem vergonha e sem escrúpulos, incapazes de assumir uma promessa eleitoral, capazaes de vender a alma ao Diabo para defender os interesses de quem os sustenta.
Transformaram o PS num Partido que aprova Leis que, de tão à direita, até provocam a abstenção da Direita.
Transformam este País num País com trabalho cada vez mais sem direitos, com trabalhadores cada vez mais desprotegidos, com vidas cada dia mais adiadas e mais impossíveis, com desemprego cada dia mais galopante, com precariedade cada vez mais geral e mais definitiva, com portugueses cada vez mais pobres, com cada dia maior injustiça social, com cada dia menor direito a uma vida digna.
Com a aprovação das alterações ao Código de Bagão Félix, o PS mostrou mais uma vez de que lado está. Nem a menos de um ano das eleições, nem que fosse por puro e demagógico eleitoralismo, o PS hesita em dar mais uma machadada naquilo que foi a luta de séculos dos trabalhadores do País e do Mundo, pelo seu direito à vida familiar e social, ao descanso, à posse do seu tempo, fora da empresa e do serviço.
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O PS pretende impor bancos de horas, à exclusiva mercê da vontade e da necessidade dos empresários, concentrando horários em três dias e permitindo horários diários de 12 horas. Como pode alguém, como pode um homem ou uma mulher deste Pais, organizar a sua vida social e familiar, se não sabe quantas horas trabalha amanhã, quando estará em casa nessa semana? Como pode arranjar um infantário para o seu filho se não sabe a que horas o pode ir buscar ao fim do dia? Como pode organizar a sua vida escolar, quando ele cresce, se não sabe se o pode ir buscar no final das aulas ou levar no seu início?
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O PS alarga o período experimental para seis meses, fazendo com que, na prática, os empresários portugueses (e o PS sabe que os empresários portugueses são aqueles que ameaçam não renovar contratos se o salário mínimo subir 25 euros, portanto, conhece-lhes bem a tempera) possam despedir quem quiserem, quando quiserem, sem que tenham que pagar nada pela caducidade do contrato.
Com a hipótese de terem, para sempre, primeiro um, a seguir outro trabalhador em período experimental sem que no final sejam condicionados pelas regras dos contratos a termo, que empresários portugueses farão contratos a termo com regras?
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O PS "simplifica" os processos de despedimento (simplificar - termo forte este, quando se trata da perda do direito de alguém ao seu trabalho e ao seu sustento), permitindo assim que os despedimentos sejam rápidos, seguros, sem aborrecimentos nem perdas de tempo, para as entidades patronais, claro.
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O PS apressa a caducidade dos Contratos Colectivos de Trabalho, sabendo que os novos CCT serão negociados (se forem negociados) num período de crise económica, de precariedade instituída, de instabilidade social decorrente da perda de poder de compra, dos empréstimos que se têm que pagar, das casas que não se podem perder, sabendo, assim, que serão, necessariamente, mais lesivos para os interesses de quem trabalha, porque quem trabalha está mais vulnerável que nunca.
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O PS enterrou a sua luta de há cinco anos contra a revogação pelo Código de Bagão, do tratamento mais favorável para o trabalhador, reiterando que é a entidade patronal que usa e que abusa daquilo que lhe convém nas suas relações com os seus trabalhadores.
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O PS traiu as suas promessas. Traiu os seus princípios. Traiu grande parte dos seus eleitores.
Quando daqui a um mês, entrarmos nas nossa empesas, teremos menos direitos, menos dignidade, menos salário, menos garantias e menos vida.
Daqui a um mês, quando entrarmos nas empresas, teremos as empresas ainda mais semelhantes ao Páis que Sócrates constrói. Um País mais pobre, mais injusto, mais desigual, menos digno e mais moribundo.
Cinco deputados do PS - Manuel Alegre, Teresa Portugal, Júlia Caré, Eugénia Alho, e Matilde Sousa Franco, não cederam às pressões da Direcção política do seu Partido e votaram contra mais esta traição. Como trabalhadora e como mulher de Esquerda, tenho o dever de o realçar.
Etiquetas: Isabel Faria
3Comenta Este Post
Como diz o poeta: "MUDAM-SE OS TEMPOS MUDAM-SE AS VONTADES". Esta tarde vamos ver com os "profes" (lembras este termo?) promete ser maior que a ultima...
Claro que lembro, Nando. Vendo o teu perfil, acho que nos devemos lembrar de muitas coisas em comum...:))
Vamos ver hoje, sim. E vamos ver se os trabalhadores e o povo português tem capacidade e dignidade para dar a esta gente o tratamento que esta gente merece. Colocá-los no caixote do lixo onde se colocam os restos das coisas velhas e sem valor.
Vergonha socialista. Mancha que nunca vai sair.
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