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domingo, abril 19, 2009

Deixámos apagar a madrugada

Se fosse só por causa do virus, dos dias complicados na empresa, de já ter tudo dito, noutros anos...mas não é.
A minha incapacidade de, a uma semana de Abril, falar, publicar, ouvir Abril (a semana passada ficaram ali em baixo, dez canções...pouco, tão pouco), é bem mais profunda e mais dolorosa que o cansaço ou o já ter dito tudo.

Olho o nosso presente e o futuro do meu filho e não me sinto merecedora de vir para aqui falar em Abril...tive, tivemos, o mundo na mão. E deixámo-lo fugir.
A menos de oito dias de se terem passado 35 anos da manhã que Sophia escreveu que todos esperávamos ("Esta é a madrugada que eu esperava, O dia inicial inteiro e limpo, Onde emergimos da noite e do silêncio, E livres habitamos a substância do tempo"), desperdiçámos dias, desperdiçámos tempos, sujámos caminhos, sujámos sonhos, voltamos a deixar-nos cair na noite e a submergir no silêncio, e somos cada vez menos livres, porque cada vez menos temos nas nossas mãos os nossos dias.

Tenho uma foto em casa dos meus pais, tirada poucos dias depois do 25 de Abril, numa manifestação pelas ruas da vila. Olho-me (reconheço que nos últimos anos quase a escondi, bem longe do meu olhar de hoje) e vejo uma esperança que não consegui transmitir, legar, ao meu filho. Penso que vem, sobretudo, daí a incapacidade de testemunhar Abril, hoje.

Na visita matinal pelos Blogs de hoje e depois do jejum quase completo de ontem, passei pelo Blog ou a Vida. Num post sobre a geração de 68, Miss Red termina assim: "mais que tudo, a geração de 68 não soube passar o testemunho".
Camarada, deste-me o mote e o mote dói. A minha também não.
E não tenho a certeza se estivesse no vosso lugar, se nos perdoaria isso.

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2Comenta Este Post

At 4/19/2009 7:33 da tarde, Blogger josé palmeiro escreveu...

Antes de mais, desejar que o vírus ou lá o que seja, se tenha ido embora, de vez e que já te encontres melhor.
Quanto ao que falas aqui deixa-me lembrar-te um poema de José Carlos de Vasconcelos, sobre o 25 de Abril.
É assim:

"Este foi o primeiro dia!
Agora, todo o tempo é nosso!"

Acrescento eu, que nós, não conseguimos "agarrar" o tempo e eu tenho pena, que assim tenha sido, mas, do tempo que me resta, ainda tenho esperança de ver, "isto" alterado.

 
At 4/19/2009 8:26 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

José, está melhor sim. Acho que chegou rápuido e também saiu rápido.

Eu tenho dias, amigo...dias em que acho que ainda nos resta tempo...dias em que acho que já nos falta tempo.
Mesmo nestes últimos não significa que desista. Significa que preciso de um abanão...Também para isso há o Troll e tu estás aí!! Obrigado.

 

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