Um artigo de opinião

Deixo-vos aqui o meu artigo de opinião publicado no Notícias do Seixal. Já aqui tinha abordado o tema mas nunca é demais.

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É incontornável que nestes dias quando se escreve uma crónica e que o tema seja política, não se fale das eleições europeias. Porque foram de facto resultados históricos. Não querendo para já focalizar no partido A ou B, o resultado é histórico porque os partidos do “centrão”, responsáveis pela crise, ou se quisermos ser simpáticos pois a crise é internacional, responsáveis pelas respostas que o país não soube dar á crise, tiveram uma derrota histórica. O PS pelas razões óbvias. Não há matemática desculpa ou justificação que seja admissível para a queda em pique quer em percentagem quer em número absoluto de votantes. A única explicação que há, é a verdade. O PS foi castigado pelos 4 anos de péssima governação. Por ter virado as costas ao povo. Pela sobranceria e arrogância. Pela cegueira e surdez. Por ser de direita e não socialista. O PSD porque apesar de ter sido o partido com mais votos teve uma vitória de Pirro. Com menos votos que Santana Lopes nas últimas legislativas (-500 000 mil votos) e com apenas mais 3% devido aos valores levados de abstenção. Assim se transforma aquilo que foi á 4 anos uma derrota numa vitória hoje. Se há contentamento nas hostes de Ferreira Leite só se for para “inglês ver”, pois nada há nos resultados que tenham invertido uma tendência de perda.
Se há quem possa clamar vitória nestas eleições foi de facto a esquerda, que conseguiu superar a barreira dos 21% dos votos, um dos melhores resultados de que há memória no Portugal Democrático. E conseguiu porque os portugueses reforçaram a sua votação quer no PCP quer no Bloco de Esquerda, com destaque para o BE que mais que duplicou a sua votação e (tudo indica, apesar de não haver resultados oficiais) triplicou a sua representação no Parlamento Europeu.
Pode haver o azedume que quiser por parte dos comentadores do regime, como Pacheco Pereira ou António Costa que não se cansam de avisar para o perigo que aí vem. Só falta a história das criancinhas comidas ao pequeno-almoço. Já disseram de tudo. Que o país se esta tendência se mantiver, e tenham a certeza que está, fica ingovernável que vem aí o caos, enfim, os cenários mais catastrofistas possíveis. Prevejo que no tempo que falta para as eleições legislativas todos os meios de pressão e chantagem vão ser usados sobre os portugueses. Porque só quem tem a força da razão é que pode discutir política sem recorrer a este tipo de estratagemas. E a força da razão não está certamente em quem nos levou para a crise mas não é capaz de nos tirar de lá.
O que estes comentadores ainda não perceberam que não podem é passar atestados de menoridade aos eleitores que em consciência resolveram mostrar um cartão vermelho ás políticas de direita, que nos governos tem sido levada a cabo por PS e PSD. Que estes são os mesmos eleitores que sucessivamente e em alternância têm dado a governação a estes dois partidos. E que pelos vistos e a confirmarem-se em futuros actos eleitorais estas tendências se fartaram dos que os têm tratado mal. A esquerda e em particular o Bloco de Esquerda como 3ª força política do país saberá estar á altura de assumir as suas responsabilidades. Como uma força socialista e popular que é alternativa de poder. Que não foge ás suas responsabilidades e que tem propostas como ficou claro na campanha eleitoral que passou. No campo da Segurança Social, da Economia, do Trabalho, da Saúde ou da Justiça. Que tem um projecto para Portugal e para a Europa. Eu acredito que a esquerda saberá dar uma resposta á altura das responsabilidades. Porque se os eleitores acreditam e nos dão a sua confiança há que fazer por merece-la tal como o Bloco de Esquerda tem feito até hoje. Sendo uma Esquerda de Confiança.