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domingo, agosto 23, 2009

Paz ou abandono?

Estou à minha janela há meia hora, sentada numa cadeira a ler o jornal, e vi passar uma pessoa. Há uma sensação dúbia: é bom a calma ou assusta o abandono?
Sei que estamos em Agosto e que é fim-de-semana. Mas vivo no centro de Lisboa!
Vejo o Castelo, ao longe, e quase que apostava que, tirando os turistas que dão alguma animação às ruas, Alfama está tão vazia de gente como a Pena.
Sabe-me bem o silêncio e creio que poucos entendem quando falo da sensação de o viver a dois passos da Baixa...assusta-me não haver luzes nas janelas, os carros parados na rua parecerem carros fantasmas, como se ali tivessen sido deixados e os seus donos tivessem partido para parte incerta, o Bono procurar impaciente alguém a quem possa seguir os passos...
Esta tarde, quando saí para beber um café, encontrei duas pessoas, dois turistas, na Calçada de Santana. Grande parte dos moradores desta parte da cidade são pessoas idosas. Não acredito que tenham partido em férias. É esta Lisboa, ao mesmo tempo silenciosa, provinciana, vazia de confusão e solitária, abandonada, vazia de rostos, que me emociona, me entusiasma ou me entristece.

Uma cidade sem gente não é uma cidade. Uma cidade de janelas fechadas sobre a vida não é uma cidade. Um Bairro silencioso e abandonado no centro da cidade mostra tudo o que não foi feito. Foi mal feito. Houvessem crianças e as janelas abrir-se-iam. Houvessem jovens entusiasmados a falar no futuro, mesmo que não soubessem o que isso será, e as ruas falariam. Assim, há um silêncio ensurcedor que obriga o Bono a bocejar sem ninguém a quem acompanhar os passos...

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1Comenta Este Post

At 8/24/2009 4:13 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Enquanto os suburbios de Lisboa, alguns autênticos guetos, estão superlotados, Lisboa todos os anos perde população.

Como se poderá inverter esta tendência sem uma Camara Municipal com visão, e com capacidade de negociar comm senhorios rendas a preços assessiveis, e ter um programa de recuperação de habitações,como prioridade.

 

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