Os argumentos do Não - II
Os defensores do Não à despenalização da IVG, enchem-nos de palavras sobre a importância da maternidade. Para muitos deles, a sexualidade (sobretudo a feminina, sejamos claros) continua a ser condenada dum ponto de vista moral se não tiver como fim a procriação. A recusa do uso do preservativo pelo Vaticano, não é fábula.
No entanto, os mesmos defensores do Não a uma maternidade e paternidade conscientes, votaram há tempos atràs Não a uma maternidade e paternidade desejadas. O CDS/PP tentou fazer um Referendo sobre a Lei da Procriação Medicamente Assistida. Votou contra a aprovação da Lei na AR. Com ele, estiveram os deputados do PSD e os do PS que hoje militam no Não.
Os paladinos da criminilização das mulheres que não desejam ou não têm condições para ser mães, são os mesmos que não apoiam as que desejam e querem um filho, mas que, por razões físiológicas ou clínicas, não podem engravidar.
Ver-se-ia uma contradição em tudo isto...se não tivessemos consciência que o que está por detràs destas posições são (pre) conceitos religiosos e não preocupações humanas. E humanistas.
Etiquetas: Isabel Faria
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Afinal estamos a pôr nas mãos dos homens o que devia estar nas mãos de Deus, não é?
Nem sei como é que reagem contra aquela seita (não me lembro agora como se chama) que não aceita que os médicos os tratem, nem fazer transfusões de sangue. é tudo o mesmo, e esses são mais coerentes.
a asneira também ataca joaninhas voa voa
Joaninha, pôr tudo nas mãos de Deus ( neste caso na Hierarquia Da IGREJA Catolica , HOMENS COMO EU ) era estarmos a defender que a terra não se move como quiseram impôr ao Galileu....
A ciência e a ética devem ir a par, o HOMEM tem em si mesmo e na sua consciência, os mecanismos necessários para saber que não pode fazer de mister HYDE.
Tentar impedir o avanço da ciência justificando-o com seres miticos, e já agora com a INTERPRETAÇÂO que certos Homens teriam dos desejos dos DEUSES, é não só RIDICULO, como acima de tudo uma forma encapotada de TIRANIA.
Eu NÂO ACREDITO EM DIVINDADES, NUNCA VI NEM FALEI COM NENHUMA, será que tenho de me subemeter a ditames, que pessoas SUPERTICIOSAS, incapazes, de assumir os seus actos como cidadãos , ou tentando impôr principios por eles INVENTADOS, tentam assim comandar a vida de TODOS OS HOMENS ?...
(Olha a «minha Joaninha»! E veio cá antes de mim!)
A coerência não é o forte destes senhores. E o apelo sentimental e fóra do contexto agora é de tom. falam em votar «a favor do aborto» quando ninguém diz isso (a não ser eles) e se vai votar é a favor das mulheres que tiveram de abortar, por razões que a elas diz respeito. Gostam de respeitar a privacidade quando é a sua, mas querem decidir o que pode ou não pode outra pessoa. É uma lógica enviesada.
Alguém se lembra do nome de um filme passado nos cinemas em Portugal há pouco mais de um ano e que era a história duma senhora que fazia desmanchos? O filme era inglês e passado nos anos seguintes à 2ª guerra.
Joaninha, pois essa é a questão. Qurem transformar uma questão de justiça e de saúde pública numa questão religiosa. E querem obrigar-nos a professar uma religião que não temos. São muito tolerantes, eles.
Pois, A.Pacheco, eu também tenho esse problemita...só tenho uma diferença em relação a quem acredita, que quem acredita mostra em relação a nós. Respeito e não lhes procuro impôr os meus valores.
Émièle, nem só de falta de coerência é feita a campanha do Não. Também é feita de mentiras, chantagens...
Nop, Franco...já tentei mas não chego lá.
O filme é Vera Drake.
E que tal se ele passasse numa sessão arranjada para o efeito?
Ai balhamedeus! Oh gentes, mas vocês não perceberam que eu estava a fazer ironia??? É o que dá vir pouco a este blog... Lá no Pópulo duvido que pensassem que estava a falar a sério.
Joaninha, eu percebi, mas aproveitei a boleia....
Tenho seguido com alguma atenção, o que se tem tentado debater na net sobre o referendo do dia 11.
Infelizmente este novo orgão de comunicação é ultra minoritário.
Quantos portugueses e portuguesas consultam com regularidade a net, 100.000 , 200.000 talvez menos, destes quantos se interessam em comentar, 5.000 , 10.000...talvez menos.
Mesmo a imprensa escrita não tem um peso relevante.
O nosso grau de analfabetismo, o coloca a televisão como o orgão de comunicação verdadeiramente influente.
Quem tem acompanhado os noticiários, ou os poucos programas de debate, fica com a sensação de que há um peso muito grande dos movimentos do não com voz activa e diariamente , nas televisões portuguesas, e isso é francamente preocupante.
Que Pinto Balsemão,tenha dado ordens aos seus jornalistas para tratarem do referendo duma determinada maneira, e os jornalistas dos telejornais da SIC estejam a cumprir excrupulosamente as ordens do patrão, só revela a massa de que são feitos.
Já na RTP o caso fia mais fino, Artur Santos Silva que já foi acusado de tentar manipular os noticiarios da televisão publica, está mudo e calado com o escandalo que se assiste diariamente, a CNE que esteve tão preocupada com um anuncio do PS no Publico, permite tempos de antena , em programas como o Diga Lá Excelencia, ou mais grave em momentos cedidos ás confissões religiosas para divulgarem os seus cultos, e que a Igreja Catolica DESCARADAMENTE utiliza diariamente, apelando ao castigo das mulheres que abortam.
Eu julgo que se formos ingenuos, e não protestar-mos veementemente contra este estado de coisas, estamos a ser cumplices, de gente que de democrata, e de tolerante não tem nada.
Para que o povo no dia 11 perceba com exactidão o sentido do seu voto.
Para que a barragem de fait-divers, asneiras, e falta de coragem ( Marcelo Rebelo de Sousa e Marques Mendes,revelaram hoje, a sua cobardia), que os partidários do não têm revelado, é necessário um grande esforço de esclarecimento junto ao povo na rua.
Mas não podemos ser ingênuos, qualquer noticiario das televisões,
tem mais poder de influenciar, que o nosso esforço diario de formiguinhas.
Não sejamos ingênuos, se não exigir-mos equidade no tratamento da despenalização do aborto, podemos não ganhar a guerra da forma clara como desejariamos, e até poderemos contribuir para o aumento das abstenções.
Que o Sim vai ganhar eu penso que há poucas dúvidas, o mal é se a abstenção nos vai roubar essa vitoria, que será uma vitoria de todas as mulheres, mas sobretudo um vitoria da liberdade e da tolerancia.
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