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domingo, março 04, 2007

Vergonha e repulsa

A Câmara de Santa Comba Dão quer fazer da casa de Salazar um Museu. Pelas imagens de ontem, de que o executivo da Câmara não se demarcou publicamente, a Câmara de Santa Comba Dão, quer fazer da casa de Salazar um Museu de propaganda, de exultação de Salazar. E de Santa Comba, um lugar de peregrinação dos saudosistas de Salazar.
Poderia escrever parágrafos inteiros de dúvidas sobre a constitucionalidade de propagar ideais fascistas, sobre a falta de memória do povo português, sobre a responsabilidade do Estado Democrático nesse apagar da memória colectiva, sobre o papel, algumas vezes vergonhoso, dos meios de comunicação social, nomeadamente dos públicos, no branqueamento de meio século de repressão, de perseguições, de tortura e de morte...neste momento, no entanto, seria algo hipócrita da minha parte. O que senti ontem, ao ver as imagens daqueles habitantes de Santa Comba de cartazes na mão a apelar ao regresso de Salazar, de mão estendida em jeito de saudação nazi, de vozes ao alto a vociferar contra os "intrusos que invadem a sua terra", ao ver uma mulher, ainda jovem, possivelmente já nascida na Democracia que o seu conterrãneo nunca permitiu, a gritar "Viva Salazar", foi vergonha e foi repulsa.
Mandando o politicamente correcto, por momentos, às urtigas, há pessoas que não merecem a Liberdade. Nem merecem o sofrimento que deu conquistá-la.

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6Comenta Este Post

At 3/04/2007 2:06 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Concordo inteiramente com o teu último parágrafo:-"Há pessoas, que não merecem o sofrimento que custou, e custa, a LIBERDADE!"

 
At 3/04/2007 7:39 da tarde, Blogger Belinha Fernandes escreveu...

A minha mãe contou-me ontem que leu uma entrevista sobre o Zeca Afonso e parece que enquanto estudante ele se referia ao Salazar como o "António" para facilitar. E então, em conversa disse aos amigos que o António estava com um cancro, coitado do cancro.Eu penso que se devem é perpetuar memórias que nos lembrem que ele criou a polícia política. Se a Câmara usasse a casa de Salazar para isso até estaria muito bem, não para fazer desse local um centro de revivalismo do fascismo, era só o que nos faltava.Enquanto isso parece que não conseguem reabilitar a casa do Aristides Sousa Mendes. Bravo Portugal!

 
At 3/05/2007 1:24 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

ó puta do caralho! Vai censurar os cornos do teu pai!

 
At 3/05/2007 12:59 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Quando estes energumenos, só têem este tipo de conversas, NÓS, TEMOS RAZÃO!!

 
At 3/05/2007 6:34 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Antes de mais gostaria de vos saudar como palatinos da liberdade e garantes do bom senso em Portugal!
É fabuloso como não conseguem ser pessoas com suficiente discernmento para perceberem o que está em causa não é uma questão meramente política de apologia ao fascismo.
Este caso trata somente de uma camara municipal que pretende criar um espaço de interesse público aproveitando (e bem), a única referência patrimonial capaz de sustentar um turismo que não passa por ser apenas composto de saudosistas do regime.
Entendam de uma vez por todas, que não vão branquear a História com essa vossa atitude agressiva perante estas iniciativas.
Guardem o vosso ódio para quando Salazar ganhar o concurso dos grandes portugueses, e aí, retirem as vossa conclusões quanto à liberdade que tanto proclamam e ao estado da sociedade portuguesa em geral.
PS: Belinha, o Aristides de Sousa Mendes foi um dos piores portugueses de sempre, porque ao ter a nobilíssima atitude de como representante do Estado português ajudar os judeus durante a IIª guerra, colocou (e de que maneira), o estatuto da neutralidade em causa, o que poderia ter custado a vida a muitos milhares de portugueses, entre os quais alguns dos teus antepassados, pelo que não estarias a escever nem neste nem em qualquer outro blog, pois pura e simplesmente não existias.

 
At 3/05/2007 7:16 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

José, sobre aquela coisa que de vez em quando nos enche a caixa de comentários...se tivesse visto o comentário antes do teu, quase de certeza iria pelo mesmo caminho do anterior, assim, aqui fica. No fundo, até serve para ver algum tipo de gentalha que aqui nos aparece.

Belinha, bem vinda. Nunca seria contra um Museu que fizesse história sobre Salazar. E reconheço que esse Museu, a existir, só poderia ser em Santa Comba. Não tenho, no entanto, tal como diz, muitas dúvidas de que não é disso que se trata.

António, permita-me que lhe diga que não sei a quem as suas palvaras se dirigem. Neste Blog não há paladinos de nada. Há três pessoas que se dão ao direito de usar a liberdade que o 25 de Abril e muitas décadas de resistência lhes deram para, livremente, expressarem os seus pontos de vista. Tal como o Sr. faz.E que procuram ter algum bom-senso. Coisa própria de gente civilizada que também nos damos o direito de querer ser.

Quanto ao resto do seu comentário.
Compreendo o interesse turístico da Câmara de Santa Comba em criar um Museu na casa de Salazar. Compreenda, no entanto, que para poder concordar consigo que não se pretende criar um espaço de peregrinação de saudosistas do passado e um polo de branqueamento da figura de Salazar e do Regime fascista, lhe pergunte onde está uma posição publica da Câmara, distanciando-se das mãos estendidas em gesto de saudação nazi, dos vivas a Salazar, das tentativas de agressão, do "vai-te embora malandro,não te queremos na nossa terra" tão próprio do isolamento que Salazar quis dar ao País, e que , pelos vistos, deixou herdeiros.

Quanto a gurdar o nosso ódio...tem um problema. Não se trata de ódio, mas de opções politicas ideológicas, éticas e morais. Que, com ou sem o seu conselho, claro que guardarei.

Sobre o programa da RTP...aqui no Troll despachamos isso elegendo o bacalhau da Noruega como o melhor português de sempre. Eu também votei nele. Há algum tempo que aprendi a responder à imbecilidade com ironia. é uma questão de defesa. De bom-senso. Ainda não me arrependi.

 

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