Uma política de costumes
Ontem ao ouvir uma notícia tive duas reacções. Uma de riso e outra de apreensão. Então o Governo vai proibir os piercings em zonas sensíveis como os genitais, a boca ou a lingua?
Começo pelo riso. O rídiculo que a questão provoca. Imaginei, de imediato, uma cena de rusga em que o polícia pede a um cidadão ou cidadã para abrir a boca que ele precisa verificar se existe algum piercing na lingua. E depois descobrir quando é que ele foi posto. Olhe e já agora pode abrir as calças para ver se tem alguma coisa nos genitais?
Mas depois veio a apreensão. E lembrei-me de um comentário que foi aqui colocado sobre a lei do tabaco em que um comentador dizia que este era apenas a ponta do iceberg que o objectivo seria "normalizar" cada vez mais a sociedade. Regular sobre o que é "aceitável" na nossa sociedade. Criar um "padrão social". Confesso que não queria acreditar que a questão fosse essa. Mas tenho agora que admitir que sim. A desculpa da saúde, a mesma usada no tabaco, não cola de novo. Se fosse essa a questão a lei ficava-se por um maior controlo sobre as questõas sanítárias dos establecimentos que fazem tatoos e colocam piercings. Mais uma vez é a liberdade individual que está a ser atacada. De uma forma metódica e clara. Parce-me óbvio que a minoria de pessoas que usam percings e tatoos não são suficientes para criar uma onda de contestação. Mas eu, por exemplo, nem uso piercings, apesar de por vezes usar brinco e estar a pensar fazer um tatoo nas costas. Será que eu por causa disso vou passar a ser um marginal? Já fumo desde os 17, bebo desde os 16,uso brinco desde os 14 e penso fazer um tattoo aos 34. Que mais comportamentos é que o Estado vai encontrar em mim que me tornem ainda mais nefasto a esta sociedade. Logo eu que nem sequer dou despesa ao SNS pois não tenho tido essa necessidade o que é espantoso dado a quantidade de comportamentos desviantes que eu tenho.
O post é meio a brincar mas a realidade é que a situação é preocupante e parece que nada disto importa ás pessoas. O que irão reguamentar a seguir. O que eu posso comer? Em certa medida a ASAE já o faz. Onde eu posso ir? Com a lei do tabaco já o iniciaram. Que livros ou música posso ouvir? Que comportamento devo ter em sociedade? Qual vai ser a minha orientação sexual e que taras posso ter ou não? Abolir o Kamasutra? Qual a minha religião?
Confesso que estou preocupado pois qualquer dia não posso ser Daniel Arruda mas sim o cidadão formatado 9 343 546.
Nota: Parece que os posts lá de baixo sobre os góticos ganhou uma nova actualidade.
Acho quee stá na hora de abrirmos os olos
Etiquetas: Daniel Arruda
8Comenta Este Post
(Daniel, não vais meter uma águia nas costas,pois não?????????)
Quanto à anedota ou à vergonha...pois também preferia ver anedota, mas, porque não é isolada, só vejo vergonha.
Não discordo totalmente da proibição a menores.A sério. Não creio que seja completamente errado impedir que um adolescente faça, mesmo que seja, no seu corpo e do seu corpo,algo de irreversível. Afinal a capaciadde de se tomarem opções na vida tem a ver com maturidade.Não se contesta a idade mínima para votar...ou a proibição de venda de bebidas alcoólicas a menores.
Agora que, a um adulto, se venha proibir de fazer o que quiser do seu própio corpo, é sintomátic deste autoritarismo e moralismo tacanho e bacoco que nos saiu no Século e de que o nosso Governo parece querer ser imagem fiel.
A adolescência é a idade da descoberta, de fazermos coisas diferentes; é a idade da rebeldia, em que começamos a experimentar coisas diferentes
Se agora começam a proibir a rebeldia aos adolescentes...de futuro, teremos jovens adultos normalizados, demasiado iguais
Anónimo, não tenho certezas sobre isso. Sobretudo porque não falamos sobre descobertas...falamos sobre deisões irreversíveis. Talvez por ser mãe de um adolescente...apesar de saber que é de algo que estou, absolutamente "salva"...
Não sei. Dessa parte tenho, de facto, algumas dúvidas se não será uma proposta correcta. Em relação ao resto mantenho as certezas.
È uma tentaiva de uniformazição e de interferência na liberade individual que não se pode permitir.
Isabel , não. Vou "tatooar" uma folha de canhamo na omoplata. Eu até posso concordar com a proibição de tatoos a menores (embora tenha dúvidas) mas 1º temos de definir menores. Aos 16 naos tens responsabilidae legal e podes ter fiscal e porque será que só te tornas oficialmente maior aos 18? quanto ao retso concordo contigo.
Anónimo, tenho de concordar contigo. Esse é de factoa qustão d efundo e acredito quebjecto político destas leis.
Ora, Daniel, é isso mesmo. Abrir os olhos, e acrescento (já que e muito bem te lembraste dos goticos de há dias) que hoje em dia as coisas sombrias e negras andam bem disfarçadas, e pouco assustador é o negro que como tal se revela...
A esse respeito, posso deixar aqui a ligação para o comentário a estes dois assuntos feito num blog que todos os góticos portugueses bem conhecem?
http://gotikka.blogspot.com/2008/03/desobedincia.html
http://gotikka.blogspot.com/2008/03/desobedincia.html
Deixo de novo, porque as últimas letras ficaram mal na cópia anterior. Peço desculpa. É "html", evidentemente.
Queria voltar a um ponto que me parece importante. Talvez os fundamentalistas religiosos sonhem em controlar os comportamentos sexuais, e queimar o kamasutra. Para já, aqui na Europa, estamos ao abrigo desses senhores. Mas o que acho é que está a começar uma chantagem bem mais terrível: os escravos têm, e terão cada vez maior, liberdade sexual. Orgias (privadas), relacionamentos adolescentes, fim da homofobia... a tudo isso o poder dirá que sim. Em troca de coisas pequenas, que serão cada vez mais tudo o resto. Em troca do que resta do corpo, e do que resta da alma.
Goldmundo, se soubesse escrever assim era uma posta para ser escrita por mim (excepçãp ao votar Paulo Portas). Dei por mim a abanar a cabeça em sinal de assentimento a cada paragrafo.
Adorei a dictomia Obdiencia/Desobdiencia versus Respeito/Desprezo.
Obrigado e manda mais destes.
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