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sexta-feira, agosto 08, 2008

O assalto ao BES

Ponto prévio:
Nunca teria sido capaz de estar a ver em directo a libertação dos reféns do assalto ao BES, de ontem à noite. Não acho lógica a transmissão e faz-me confusão a sua visão. Sabia-se que, a qualquer momento, poderia haver um drama. Aquilo não era um filme. Um drama seria um drama real. E seria em directo. Não conseguiria ter estado sentada no sofá à espera de, a qualquer momento, poder ver morte em directo. Não sou crente, não acredito que haja o que quer que seja quando vamos daqui, acho, pois, a morte uma saída sem sentido. Em todos os senidos. E acho a sua exibição pornográfica e imoral. Isto nada tem de especialmente critico em relação a quem esteve a assistir aos acontecimentos. Constata, sobretudo, uma incapacidade. Não tenho apenas medo de morrer. Tenho medo da morte, mesmo. Por isso fujo de a olhar, ou de arriscar-me a olhá-la.
Por isso soube de como decorreu a acção policial à posteriori. E porque hoje esse é o acontecimento do dia (e mais os Jogos Olímpicos, mas isso fica para o Daniel...este ainda tentei que ele lhe pegasse mas ele "safou-se"), apenas umas notas:
Ainda bem que a Polícia conseguiu salvar os reféns. Espero que consigam recuperar sem demasiados danos da angústia que ontem dois criminosos os obrigaram a viver.
Lamento que a Polícia não tenha evitado (ou não lhe tenha sido possivel evitar) a morte de um dos assaltantes. Espero que o que se encontra hospitalizado recupere e seja julgado e condenado por ter atentado contra a vida de inocentes. E depois de cumprir a sua pena, faça a sua vida.
Não consigo imaginar a angústia de familiares e amigos dos reféns ao viverem o dia de ontem e julgo que os directos apenas serviram para a aumentar (se isso é possível).
Acho desprezível a tentativa de aproveitamento xenófobo e racista do que se passou ontem.
É absolutamente vergonhosa a correnteza de comentários que enchem as caixas de comentários dos Jornais on line: haver dezenas de pessoas que se regozijam com a morte, que desejam a morte de alguém, que falam da morte de um dos assaltantes como uma mensagem que a Polícia deu para que os potenciais criminosos pensem duas vezes no que lhes pode acontecer, que nunca falam em justiça, mas sempre em vingança...não sei. Acho muito triste.

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4Comenta Este Post

At 8/09/2008 11:48 da manhã, Blogger Leal Franco escreveu...

Concordo contigo Isabel. Toda a azáfama que foi a transmissão e acompanhamento do assalto foi obsceno,abjecto, pornografia do pior.
Para os defensores da "ordem" que acham que foi feita justiça, não esquecer que do mesmo modo (a tiro) se pode eliminar qualquer escolho político no país que temos, isto é, defender o acontecido como justiça é defender a eleminação física de um qualquer governante como "rectificação legislativa.

 
At 8/09/2008 12:35 da tarde, Blogger Kruzes Kanhoto escreveu...

Todas as actividades envolvem riscos. Um ladrão quando assalta um banco tem de estar consciente que pode acabar assim. Quanto ao directo não vejo porque não. Afinal queremos ter censura de volta?!

 
At 8/09/2008 1:48 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Leal, as nossas televisões cada vez mais se tornaram 24 Horas ou Correios da Manhã.
E sim, tal como tu, sempre defenderei a Justiça. Serei contra a pena de morte e acreditarei nas segundas oportunidades.
E estou-me absolutamente borrifando que me chamem os nomes todos que lhes vier à cabeça, como se vê por essas tais caixas de comentários a quem ousa falar na vida do assaltante ou na recuperação do outro. Digamos que se dormir bem com a minha consciência não será a dos outros que me fará recorrer aos Xanax.

 
At 8/09/2008 2:05 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

Kruzes Kanhoto, antes de mais bem vindo ao Troll...ainda por cima porque eu acompanhei o link do seu nome e você levou-me ao Alentejo...só pela viagem (virtual) que me proporcionou, fico feliz pela sua passagem.
Quanto ao comentário.
A parte das actividades envolverem riscos, como entende, não é a questão. Por esse prisma ficariamos "conformados" com a morte de um bombeiro, enquanto apaga um incência, de um mineiro, com um derrubamento da mina onde ganha o seu pão, com um trbalhador da EDP enquanto trablaha no cabo de alta tensão, enquanto faz a reparação que nos permitirá ligar o interruptor...do polícia que persegue assaltantes. Todos devem estar conscientes que "podem acabar assim". Ñão será por isso que eu acharei "natural" que acabem assim. Até porque, como escrevi, acho a morte absolutamente sem sentido...

Quanto à censura e aos directos. Não, não quero ter a censura de volta...
O que eu questiono é se há censura quando as nossas televisões optam pelo directo de Qinta à noite em detrimento dos directos da vida de um desempregado que luta por sobreviver...ou de um doente que agoniza nos serviços de urgência...ou do outro que agurada meses por uma consulta num hospital público...ou de como se vive nas Quinras das Fontes...sem ser em épocas de tiroteios nas Quintas das Fontes...ou de como vivem os imigrantes clandestinos...sem ser na altura em que dois deles assaltam um banco e fazem reféns...ou de como se sobrevive em Portugal com o ordenado minímo...ou de...ou de...

E par além disso a morte em directo incomoda-me. A indiferença perante a morte também. Não me parece que o voyeurismo perante a desgraça dos outros seja um sintoma saudável de como viver a vida...e nem sequer curto filmes onde se passe duas horas no meio de sangue.
Isto tem a ver com censura? Obviamente que não. Mas sou claramente apologista de que a auto-censura pode ser um sintoma de maturidade, não tem que ser um sintoma de abdicação ou de submissão. E lamnto que cada vez mais se seja imaturo apesar de já se ter cabelos brancos... Isto, obviamente, para quem transmite e para quem está sentado no sofá a ver...e em sentido literal e figurado.

Talvez tenha apenas a ver com o facto de não acreditar em nada depois "disto", como escrevi...o que me leva a dar demasiada importância a "isto".

 

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