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segunda-feira, abril 20, 2009

Começar as coisas pelo telhado

Ouvi hoje a notícia de que o estado vai passar a comparticipar em 69% em vez dos anteriores 31%, os tratamentos para a infertilidade.
Será que é desta que vou dar um aplauso ao governo' Não!!!! Obviamente que não. E vou explicar porquê. Mesmo correndo o risco de vocês acharem que eu falo de barriga cheia por ter dois filhos "biológicos" (odeio esta palavra pois todos são biológicos e a vida de crianças não se cataloga pela concepção).
Eu, ao contrário de muitos, e apesar de considerar a infertilidade uma doença, não a considero uma fatalidade. Porque não considero pai/mãe de uma criança quem a faz mas sim quem a cria, lhe dá educação e lhe ensina os princípios de vida. Por isso não vejo as gravidezes como uma necessidade de tal modo urgente que seja preciso comparticipar desta forma. Porque existem questões sociais mais prementes e socialmente mais urgentes que esta. Não consigo conceber que se aumente esta comparticipação quando há pessoas que não tomam medicamentos para doenças crónicas porque têm de optar entre o medicamento e a comida. Sejam eles reformados, desempregados ou outra coisa qualquer. Podem classificar esta minha posição de demagógica mas acho que é quase tão ridículo como nesta altura do campeonato estar a aumentar a comparticipação dos medicamentos para a impotencia.
Tenho dificuldade em conceber que nesta altura em que não se quer aumentar o prazo do subsídio de desemprego ou ajudas especiais a famílias interiras que estão no desemprego, onde não se quer apoiar com a ausência de pagamento de propinas os filhos dos que não podem mesmo pagar a escolaridade que os miúdos merecem ou onde não há dinheiro para apoiar reformados que não têm para comer, se comparticipe com mais dinheiro os problemas de infertilidade, por muito graves que sejam.
Mais, não acho urgente pois é começar o edifício pelo telhado. Há alguém que já se tenha dado conta que há em Portugal centenas para não dizer milhares de crianças que urgentemente precisam de um tecto onde haja amor, carinho e protecção. Onde haja uma família. Já alguém se deu conta da carga de trabalhos que é adoptar uma criança em Portugal. Falo do que sei porque tentei adoptar uma antes de tomar mais a minha mulher a decisão de termos outro filho dito biológico.
A frase mais comum ouvir-se de casais inferteis é que sempre sonharam ter uma casa com crianças. Meus amigos. Já tentaram compreender que podem ter isso e ainda por cima fazerem um bem á sociedade. A vossa e nossa sociedade. Se há casais que esperam por uma criança que não conseguem ter de forma natural há muito mais crianças que esperam por ter um sorriso, um abraço ou uma mão amiga. Essas atitudes é que deveriam ser comparticipadas e facilitadas. Não a 69% mas a 100% ou mais se possível.
Escrevi lá em cima que não considero pai/mãe de uma criança quem a faz mas sim quem a cria, lhe dá educação e lhe ensina os princípios de vida, e mantenho-o. Uma criança não precisa de ter o nosso sangue para a sentirmos nossa. Basta pensarmos nas dores de cabeça que as crianças dos que nos são queridos nos dão. E não são nossos filhos.
Por tudo e mais alguma coisa considero esta opção do Governo errada. Mas sei que nesta altura de hipócrisia eleitoral tudo valha e que muito poucos virão a terreiro dizer o que realmente pensam desta lei. Mas seria bom que o fizessem. Porque por cada dia que passa há mais uma criança que precisa de carinho e pelo menos outra que continua á espera.

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2Comenta Este Post

At 4/20/2009 5:50 da tarde, Blogger Sin escreveu...

De acordo. Embora ache que a infertilidade é um problema grave, existem outros que deviam ser prioritários. Mas penso que a questão da adopção não passa só por mudar políticas, mas antes disso por mudar crenças pessoais... Ainda há muita gente a pensar que andamos cá para deixar descendência, e não para sermos e fazermos outros felizes.

 
At 4/20/2009 8:19 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Também sin, mas pede-se a um estado sério e competente que seja um exemplo e para isso tem a ferramenta legislativa.

 

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