Missão cumprida
Algumas vezes me tem apetecido desistir. Porque os resultados são magros e não correspondem ao investimento em tempo, em disponibilidade, sobretudo, em entrega. Porque à desmobilização de muitos colegas se junta, algumas vezes, uma desconfiança que magôa, porque me custam os cruzares de braços acompanhados por "então e vocês não fazem nada"...porque já lá vão muitos anos e não creio que a eternização seja benéfica em nenhum caso que meta representatividade...
porque...porque, às vezes, os anos contam...
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Depois, a certeza que não posso desistir se isso significar deixar acabar ou subverter um trabalho de tantos anos, a falta de vontade que se vislumbra e, sei lá, um bicho qualquer que deve ter nascido no dia em que a incapacidade de mudar o Mundo só se tornou suprtável não desistindo de o modificar e melhorar...vence. E vou ficando.
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Em Fevereiro vou ter eleições para a CT na empresa...não sei o que vai acontecer. Não sei sequer se me apetece continuar...não sei sequer se é bom para os meus colegas que continue...nem sei se tenho força.
Mas independentemente do que vier a fazer, este ano tive uma vitória...e sim, tive. Esta é política, logo, da responsabilidade de todos e por todos partilhada, mas também é pessoal. Por isso a primeira pessoa do singular. Assumidíssima.
Há oito anos, todos os anos, na altura de negociar o caderno reivindicativo para o ano seguinte que tento, primeiro sozinha, durante muito tempo sozinha, e dái a primeira pessoa do singular, depois com os anos, com o apoio dos meus colegas, que o aumento salarial seja em numerário, igual para todos os trabalhadores. Porque é mais justo. Porque é motivador. Porque reduz o enorme leque salarial que existe na empresa, à semelhança de no país.
Sempre foi recusado. Nunca me deram razões lógicas para a recusa. É contra as normas da companhia, diziam. Por uma questão de princípio, acrescentavam. Para nós também é uma questão de princípio, acrescentávamos. Sem sucesso.
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Não sei como será para o próximo...mas este ano vencemos a relutância de anos...a desconfiança de muitos colegas e, por momentos, o meu cansaço...ah, e vencemos o Bagão: a majoração dos dias de férias, que Bagão Félix fez depender de coisas tão lógicas e tão inteiramente da reponsabilidade dos trabalhadores como a baixa por acidente de trabalho ou o nojo, deixou de vigorar na empresa...há uma alinea imoral do Código de Trabalho que passou a ficar à porta...ok. Sabe bem a sensação de missão cumprida.
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Para o ano logo se verá...para já, o cansaço é, por momentos, gostoso.
Etiquetas: Isabel Faria
8Comenta Este Post
Parabéns! :):)
Obrigado, Samuel :)))
sabes, durante muito tempo, tive imensos problemas em sentir, muito menos em assumir que sentia, que nas vitórias políticas a nossa acção individual também conta.
Com o tempo, com as horas de sono perdidas, com as Leis de Trabalho como livro de cabeceira, com a especialização em responder a processoas disciplinares, tal Garcia Pereira em miniatura (LOL), fui achando que não há que ter vergonha em assumir que a nossa acção conta nas vitórias (e nas derrotas, pois claro). Aprendi, então, em nbão me esconder para chorar quando o Cavaco ganha...ou a saber-me bem os parabéns quando temos uma vitórizita...
Achas que é da idade??!! :))
Se for da idade é, igualmente merecimento. Mas no teu caso acho que é, também, da fibra (e, porque não, dos genes?)
Força Isabel, é o que te não pode faltar quando tomares a decisão que tomares pois, tenho a certeza, que será a conveniente.
Não, não é da idade! É descobrir, como aquela senhora (por acaso, idosa, mas que por vezes acertava) "de Calcutá", que a nossa contribuiçao pode ser apenas uma gota de água, mas o mar com menos uma gota, tem de facto menos água...
Leal, dos genes, sim. Aí concordo. Tenho um orgulho do caraças nos meus genes!!! Até na teimosia que herdei do meu pai...e no medo das aranhas da minha mãe...e mais em milhares de coisas que cada um me deu!!!
José, pois, eu juro que vou tentar que seja a acertada. Afinal até posso ester cansada...mas arrependida, NUNCA!!
Ups, Samuel...obrigado!!! Por me sossegares (isto é a brincar, tal como a ballança eu também encaro o espelho com frntalidade (agora lembrei-me dos Gatos fedoresntos!!!)
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