Este é o PS
"Possivelmente, bastaria ter havido vontade política para que a integração se pudesse ter feito de uma outra forma - não com o recurso a concursos públicos, que era a solução defendida pelos Sindicatos, mas que, no entanto, nunca me pareceu garantia de nada, mas com o recurso a medidas excepcionais do Governo. Mas do Governo que se prepara, com a liberalização completa dos despedimentos, preconizada na proposta de alterações ao Código de Trabalho, para nos tornar a todos precários para a vida toda, não se pode esperar vontade política para resolver o problema da precariedade."
Escrevia estas notas num artigo do Luta Socialista que aqui também transcrevi, no passado dia 30 de Abril..L
Menos de um mês depois, e com as dúvidas de sempre e muitas outras a avolumarem-se àcerca de muitos outros pontos que têm a ver com o Acordo de Lisboa, mantenho que em relação à integração dos falsos recibos verdes, esta foi a posição correcta.
Como na altura também escrevi, o PS, que em Lisboa aceitou esta solução é o mesmo PS que hoje recusou as medidas de excepção que resolveriam o problema e a ilegalidade de milhares de falsos recibos verdes e precários com contratos a prazo eternos, na Função Pública e na Administração Local, apresentadas pelo Bloco e pelo PCP.
Entretanto, na discussão de hoje na Assembleia da República, o PS acusou a medida de inconstitucional. A mesma medida de excepção que Guterres usou aquando da sua passagem por S. Bento. Como a Constituição não foi alterada desde 1996, dá para ver a seriedade da argumentação.
...
O PS não quer resolver o problema da precariedade. Pelo contrário prepara-se para a generalizar a todos e para sempre com as alterações previstas ao Código de Trabalho. Como também escrevia na altura:
"... não é por Costa ter aceite esta “saída” que penso que o PS, mesmo em Lisboa, se tenha transformado num Partido com uma política de Esquerda, que aposta no fim da precariedade ou na justiça social. Ou que seja diferente do outro PS, o do resto do País e do Governo, que se prepara para alterar o Código de Trabalho, com alterações que até fazem corar de embaraço o Bagão Félix.. Mas esta “saída”, tenha ela sido imposta pelo Bloco, pelos trabalhadores, ou feita em nome de uma campanha eleitoral - que, afinal, está a pouco mais de um ano e que não se poderá fazer com grandes obras, mesmo que de fachada, pois a Câmara continua sem dinheiro, sequer, para pagar aos seus credores - é uma saída que poderá representar um presente melhor e um futuro mais seguro para quase mil trabalhadores."
...
Mantenho, neste caso concreto, as mesmas certezas. Pode não ter sido a solução perfeita. Foi a possível.
Agora resta irmos fazendo atenção à forma como decorre o processo de integração. E exigirmos do PS que, ao menos em Lisboa e neste caso concreto, cumpra as suas promessas e assuma os seus compromissos. Em todos os outros nada mais há a esperar do que a concretização da politica neo-liberal e injusta que vem trilhando. Que tornou Portugal o país com maiores desigualdades sociais da Europa.
Etiquetas: Isabel Faria
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cada vez mais os meus apoios vão para as pessoas. e também para projectos. por isso é que apoio convictamente Sá Fernandes porque ainda não me desiludiu, sabendo que provavelmente não pensamos o mesmo sobre algumas coisas. é um apoio à pessoa e um apoio ao SEU projecto. não me interessa como vai sair desta o Bloco de Esquerda, desde que Sá Fernandes se mantenha fiel aos seus compromissos. o Bloco até pode ser penalizado por "associações" mal-intencionadas com o PS. sei que se ele conseguir os seus propósitos,( e se não conseguir que não deixe de tentar) Lisboa e os lisboetas vão ganhar com isso. mesmo que por hipótese (no caso do BE não "reconduzir" Sá Fernandes) e este viesse a integrar as listas do PS (como independente) perderia o meu respeito. não sei que outras dúvidas tens a avolumar-se mas para mim SF e o Bloco só devem ser criticados se qualquer deles renunciar ao acordo de Lisboa.
eu voto e vou continuar a votar BE enquanto não houver melhor mas gostava de ver o Bloco mais interessado em arriscar uma "coligação alargada" em torno de um programa mínimo de Governo com todas as forças, movimentos e pessoas de esquerda, do que eventualmente conquistar mais uns tantos deputados. para mim bastam-me os deputados que têm e se calhar até são de mais, se o objectivo for apenas ser oposição. para terminar que já vai longo este desabafo deixo-te com esta letra da canção do José Mário, o meu "ídolo" como jugo saberes e que talvez, não sei tenham alguma coisa a ver com o que acabei de dizer.
ah! e não precisas de responder a nada do que disse foi apenas um desabafo de que vai perdendo a esperança e ganhando desencanto.
DO QUE UM HOMEM É CAPAZ
AS COISAS QUE ELE FAZ
PARA CHEGAR AONDE QUER
É CAPAZ DE DAR A VIDA
PARA LEVAR DE VENCIDA
UMA RAZÃO DE VIVER
A VIDA É COMO UMA ESTRADA
QUE VAI SENDO TRAÇADA
SEM NUNCA ARREPIAR CAMINHO
E QUEM PENSA ESTAR PARADO
VAI NO SENTIDO ERRADO
A CAMINHAR SÓZINHO
VEJO GENTE CUJA VIDA
VAI SENDO CONSUMIDA
POR MIRAGENS DE PODER
AGARRADOS A ALGUNS OSSOS
NO MEIO DOS DESTROÇOS
DO QUE NUNCA HÃO-DE FAZER
VÃO POLUINDO O PERCURSO
COM AS SOBRAS DO DISCURSO
QUE LHES SERVIU PARA ABRIR CAMINHO
À CUSTA DAS NOSSAS UTOPIAS
USURPAM REGALIAS
PARA CONSUMIR SÓZINHO
COM POLITICAS CONCRETAS
IMPÕEM ESSAS METAS
QUE NOS ENTRAM CASA DENTRO
COMO A TRILATERAL
COMO A TRETA LIBERAL
E AS VIRTUDES DO CENTRO
NO LUGAR DA CONSCIÊNCIA
A LEI DA CONCORRÊNCIA
PISANDO TUDO PELO CAMINHO
PARA CASTRAR A JUVENTUDE
MASCARAM DE VIRTUDE
O QUERER VENCER SÓZINHO
FICAM CINICOS, BRUTAIS
DESCENDO CADA VEZ MAIS
PARA SUBIR CADA VEZ MENOS
QUANTO MAIS O MAL SE EXPANDE
MAIS ACHAM QUE SER GRANDE
É LIXAR OS MAIS PEQUENOS
QUEM ESCOLHE SER ASSIM,
QUANDO CHEGAR AO FIM
VAI VER QUE ERROU O SEU CAMINHO
QUANDO A VIDA É HIPOTECADA
NO FIM NÃO SOBRA NADA
E ACABA-SE SOZINHO
MESMO SENDO OS PODEROSOS
TÃO FRACOS E GULOSOS
QUE PRECISAM DO PODER
MESMO HAVENDO TANTA GENTE
PARA QUEM É INDIFERENTE
PASSAR A VIDA A MORRER
HÁ PRINCÍPIOS E VALORES
HÁ SONHOS E HÁ AMORES
QUE SEMPRE IRÃO ABRIR CAMINHO
E QUEM VIVER ABRAÇADO
À VIDA QUE HÁ AO LADO
NÃO VAI MORRER SOZINHO
as associações mal-intencionadas que falo não são para ti, claro.
Fernando, mesmo sem quereres resposta.
Tenho muitas dúvidas novas, sim.
Mas tenho algumas certezas. E mesmo não querendo entrar aqui numa discussão já com barbas, deixo-te, apenas, uma discordância de fundo e o reiterar de um compromisso que me fiz.
A discordância: o projecto do Sá Fernandes não é o projecto do Sá Fernandes. O Sá Fernandes foi eleito com um programa eleitoral que não é só dele. È meu, teu, de quem andou a percorer as ruas de Lisboa e de quem tem percorrido as ruas e as lutas deste País para construir uma alternativa.
Por isso me interessa como vai sair disto o Bloco. Porque não acredito em projectos individuais, por mais que respeite as pessoas.
Não receio que o Bloco vá sair penalizado por associações mal intencionadas com o PS, receio que o Bloco, legitimamente saia penalizado se não cumprir o programa eleitoral com se comprometeu.E sim, tenho muitas dúvidas que o estejamos a cumprir.
Quanto ao meu compromisso pessoal: escrevi aqui há uns tempos que não tomaria posições públicas criticas em relação ao que se passa na CML (a não ser que fossem de tal forma incontornávies que calá-las fosse ir contra os meus princípios), sem que antes as tomasse e as anunciasse nos orgãos para onde fui eleita: neste caso, na Concelhia de Lisboa e na Mesa Nacional do Bloco.
Tenho procurado cumprir.Por isso não está na hora de falar nas razões do avolumar das dúvidas. Nem sequer nas próprias dúvidas.Nam entrar na concretização onde penso que estamos a falhar no NOSSO projecto.
E acho que estás a ser algo idealista com essa coligação...na lista que apresentámos à Convenção, preconizávamos essa convergência..o tempo vai-se encarregando de nos obrigar a colocar a questão fundamental: com quem? Com a direcção do PCP que nos chama vendidos? Com a Esquerda do PS, corporizada em Manuel Alegre, com quem nem se conseguiu ainda (penso que poderá estar para breve) uma comemoração em comum...
Eu subscrevi uma Moção em que falava na necessiadade dessa convergência, que tu chamas coligação. Eu nunca a chamaria de coligação, porque creio que isso não é politicamente viável neste momento com estas forças. Mas mesmo as convergências têm que ter programas e objectivos claros.
Isso é possível hoje? Olha tenho mais dúvidas que há um ano. Pode não ser um bom sintoma...mas é o que vejo.
Ah, ao menos concordamos no Zé Mário!!! LOL.
Concordaria com algo do que o Fernndo diz (e não só ele...), mas Isabel tem "mais" razão ao acentuar "convergência" e projeto coletivo. Mas abraços aos dois
por trazerem, agora, um debate a que em breve, não se pode fugir---nem se quer fugir, espero.
FJ, são, pelo, menos dois debates...e sim, a nenhum se pode fugir.
O debate do projecto colectivo, do programa político versus projecto individual e estádio do programa político.
E a questão das convergências e das alianças.
Para mim subscrevo que o BE não deve fazer alianças pré ou pós eleitorais com o PS. Fazia parte do programa de qualquer das listas à Conecelhia de Lisboa e, pelos estatutos do BE, passa pela concelhia de Lisboa, o rumo a tomar em Lisboa.
Para a Lista A, subscrita pela Maioria, o Acordo de Lisboa é apresentado como algo de irrepetível, fruto de circinstâncias especificas.
Para a lista que encabecei o Acordo de Lisboa foi um erro político que nem as circunstãncias específicas justificam...mas agora isso não interssa. Está feito...
Para ambas é claro que não haverá convergências nem acordos pré ou pós-eleitorais com o PS em 2009...
faça-se pois a discussão do que vem a seguir.De como fazer a seguir.
E tem que se fazer em breve como dizes.
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