Uma justa distinção

Amado por muitos (de menos infelizmente) e odiado por muitos (demais também infelizmente) em Portugal, vê reconhecido no maior festival do mundo de cinema o seu génio e a sua inigualável veia artistica.

Manuel de Oliveira pode não ser o melhor cineasta e realizador do mundo pois essa distinção é demasiado subjectiva ao gosto de cada um, mas está certamente naquele restrito grupo dos imortais e dos génios. Um homem que soube estar á frente do seu tempo, e se foram muitos os tempos diferentes que ele viveu. Há um filme dele que eu recordo sempre e que para mim representa uma obra prima da realização. "non, ou a vã gloria de mandar". Um filme do princípio da década de 90 que eu vi no já não existente cinema do Fórum Picoas em Lisboa. Um filme sobre a guerra numa perspectiva completamente diferente do que já se viu. Pouco discritiva, muito contemplativa deixando ao livre arbitrio de cada um as considerações de facto consumado. Um filme cheio de figuras de estilo que cada um poderia intrepretar á sua forma e que nunca colidiam com o filme. mas poderia falar de muitos mais. A Caixa por exemplo, Aniki-Bóbó, Vale Abrão, o Enigma, Amor de perdição ou a Carta isto para citar apenas alguns dos muitos filmes que realizou.

Para mim o prémio ontem atribuído pelo Festival de Cannes é mais que justo. É o reconhecimento de uma vida dedicada á arte. E fico feliz por ter sido em vida mesmo que em Portugal haja tanta, mas tanta gente que nem sequer saiba quem é este génio.

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