Mais dificil
Há memórias que vamos deixando de conseguir (d)escrever. Não porque se tenham dissipado.Mas porque entraram tão cá dentro, passaram a fazer de tal forma parte de nós que não conseguimos ir tão fundo para as buscar. Ninguém fala do seu ventriculo esquerdo. Ou do som do seu sangue a correr nas suas próprias veias.
Aqui há uns anos ainda consegui (d)escrever os pontapés do meu filho na minha barrigona de há 18 anos, quase no fim do tempo. Hoje já não.
A não ser que conseguisse (d)escrever quando a campainha toca lá em baixo e ele avisa que está a chegar.
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Etiquetas: Isabel Faria
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Se o sangue que corre nas tuas veias ainda tiver o som e a intensidade, do momento, em que no Afixe, (d)escreveste a tua gravidez, qualquer motivo é bom, mesmo que o do toque da campainha do teu filho a chegar a casa. Lembro-te que ainda sem te conhecer te comecei a conhecer nesse momento em que fazia do Afixe uma leitura diária, para ler esses momentos -ainda sem pensar que também um dia iria ter um blogue para exprimir as minhas emoções - que na altura, não pensava que fossem memórias, mas sim, de um presente, bem presente!, tão fortes eram as sensações e os sentimentos. Obrigado por esses tempos.
Pois foi, Fernando, eu lembro-me de tu pensares que eu estava grávida na altura em que escrevi aquelas crónicas para o Afixe.
Não que o sangue não seja o mesmo (espero), mas penso que cometi alguns erros entretanto. Um deles foi não ter previsto que a exposição (alguma exposição) não trai a memória mas retrai a liberdade de a expôr. A mim retrai.
As palavras iam bem mais fundo quando só me chamava Isabel.
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