Os meus restaurantes III

Há restaurantes e restaurantes. De uns gostamos e de outros não. Será sempre assim, pois gostos não se discutem. Há, no entanto, como em tudo, uma excepção. Um restaurante que eu ainda não ouvi ninguém dizer mal e onde todos que lá foram a 1ª vez, repetiram a visita pelo menos uma vez. Chama-se “o Forcado” e fica na Aldeia do Barro, mesmo à saída de Loures, na estrada que vai para a Malveira.
Confesso que me vai ser difícil falar deste restaurante sem fazer um lençol pois, tanto e bem se poderá dizer desta casa, que o problema está no começar. Vamos começar então por aquilo que nos alegra o estômago. Aconselho toda agente a provar muitas das diversas entradas que “o Forcado” oferece. Mesmo que isso implique comer menos dos pratos principais. Carnes em vinho tinto, fatias da avó, presunto e a divinal farinheira com ovos são apenas algumas das coisas que podemos encontrar. Mas cuidado que o que se segue não merece ser descurado, pois os pratos ditos principais são de lamber os dedos. Para grupos grandes ou pessoas que comam bem, uma tábua de carnes acompanhadas de arroz de feijão, umas couves a soco da Chamusca, a sopa da pedra ou umas migas, ou, se telefonarem para lá a marcar, pode ser que se arranje um coelho na brasa. Pode-se encontrar tanta coisa e tão variada na ementa que é difícil explicar. Ainda hoje salivo quando me lembro de um ensopado de enguias que comi naquela casa. Seguido de umas enguias fritas com uma açorda de alho, que, meus amigos ….
Como podem ver pelo comer, não é um restaurante de sentar, comer e sair. Estas coisas merecem uma digestão atempada e a música ao vivo que acompanha as refeições numa cumplicidade cantor/clientes onde não raras vezes toda a sala canta. Mas não só por isso este restaurante é único. É por toda a sua atmosfera ribatejana, pela lezíria que se sente, pelo perfume que se sente, sem existir, é pela decoração tauromáquica que existe na casa, ou não fosse o dono um ex. Forcado. Mas há outra atracção na casa. O Boi. Criou-se um hábito que é o de dar um beijo ao boi, que não é mais que cada cliente aniversariante ou de outra comemoração qualquer vestir a jaqueta de forcado e de subir para dar um beijo a uma belíssima cabeça de boi embalsamada que está no fundo da sala, momento esse em que é acompanhado por música e pelas palmas de toda a sala, sendo tirada uma fotografia que fica no álbum da casa com a dedicatória da pessoa que festeja. Só ver aquele álbum dá arrepios tantas as caras conhecidas que lá param.
Falta-nos falar da simpatia e do serviço. Não conheço ninguém que naquela casa não se sinta à vontade e isso nota-se. A verdade é que nos sentimos como se estivéssemos na nossa sala de estar.
Agora o pior. Não sei o preço médio de uma refeição. Acreditem se quiserem. É daquelas casas em que pago e não olho para a conta pois a felicidade de uma noite bem passada não tem preço. mas lembro-me que nunca achei a refeição cara. O que aconselho a toda a gente, mesmo que seja só um casal é a marcar mesa pois correm o risco de chegarem lá e a casa estar cheia e para isso podem usar o telefone 219831169. Só não podem ir á 2ª Feira pois é o dia de descanso merecido do pessoal.
Vão á aldeia do Barro comer que certamente não se arrependem.