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quarta-feira, junho 11, 2008

Para quando a Greve Geral.

É o tema do momento e a discussão do momento. A greve no sector dos transportes de mercadorias. Mas para eu começar, este post precisa de um ponto prévio. Sou favorável não só à paralização mas também ao alargar da mesma aos transportes de passageiros e transportes públicos em geral. Isto com uma só razão. Que se os trabalhadores portugueses não podem fazer greve em muitos casos, pelo menos que parem porque não podem trabalhar.
Agora quanto à paralização. Já ouvi hoje no trabalho que era uma vergonha que haja quem queira trabalhar e não possa. Meus amigos, vergonha é roubar e ser apanhado. Lutar por melhores condições não pode ser considerada vergonha. Os custos e danos colaterais neste caso são o que menos me interessa. O que importa, e desculpem a frieza, é que, finalmente, começamos a abrir os olhos e que frases como a da minha colega são cada vez menos. Cada vez mais se ouve dizer conscientemente que é de facto preciso que isto leve uma volta. O que é um avanço, pois o "conscientemente" é um facto novo.
O que não pode acontecer é embarcarmos no "filme" que parece ser a estratégia do Governo de nos virarmos uns contra os outros e culparmos os nossos colegas trabalhadores de coisas que eles não são culpados: eles não são culpados pela perca do poder de compra de todos nós. Eles não são culpados do preço dos combustíveis. Eles não são culpados do aumento dos bens. Eles não são culpados do desemprego crescente. Eles não são culpados de nada do que nos afecta. Esse culpado tem um nome e chama-se Governo. Este e os anteriores.
Eu, provavelmente, amanhã não trabalho. Porque não haverá materiais para produzir e até a comida no refeitório parece que escasseia. Posso ser prejudicado por isso mas isso não nos pode desviar do que é essencial. É que ontem foram os pescadores a lutar pelo que lhes interessava. Hoje são os Camionistas e Empresas Transportadoras. Amanhã vão ter de ser outros e dentro desses outros vamos ter de estar nós. Por isso, defendo a urgência da convocação de uma greve geral o mais rapidamente possível. A CGTP não pode ficar mais tempo fora desta luta social. Esperam porquê? Que o código de trabalho dê entrada na Assembleia da República? A CGTP não pode estar dependente do calendário Politico. tem de estar atento ao calendário social. Por isso defendo a Greve Geral para ontem. E já agora porque os trabalhadores e o país precisam dela.

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16Comenta Este Post

At 6/11/2008 2:46 da tarde, Blogger josé manuel faria escreveu...

A revolução está aí!

As transportadoras, os camionistas estão a entrar deliberadamente na ilegalidade e na violência.

O que está a acontecer não é uma greve. É um boicote à Democracia.

As greves operárias têm de ser bem controladas com polícia por vezes nas fábricas.

As "greves" patronais são permitidas com muito respeitinho.

O País está prisioneiro de 30 mil patrões camionistas.

E o povo que se lixe!

Sócrates está com receio e vai ceder.

Um dia gostava de ver as centenas de milhares de trabalhadores de salários mínimos a parar o País!

 
At 6/11/2008 3:20 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

José Manuel Faria. Eu não sou tão radical como tu porque em muitos casos estamos a falar de empresas cujo seu único empregado é o patrão pelo que o teu raciocinio não pode ser tão linear.
O que digo no entanto na 2ª parte do post é que deve ser o povo agora a acabar este trabalho pois só a ele o compete fazer. Por isso a greve geral ser necessário.

 
At 6/11/2008 3:28 da tarde, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Só uma coisa. Achas que uma greve geral que possa ter esse nome não vai afectar toda uma população de uma forma ainda pior que esta.

 
At 6/11/2008 3:39 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

José Manuel, todos gostávamos de ver. O problema é que os trabalhadores que ganham o ordenado minimo não se podem dar ao luxo de fazer uma greve senão ficam sem dinheiro para comer (já para não falar que grande parte deles são precários...) e as Direcções Sindicais continuam a fazer orelhas de mercador a todas as propostas de criação de fundos de greve.

Independentemente da condição de classe dos camionistas, há algumas realidades que não devemos ignorar. 1ª - Não foram eles os causadores da crise.
2º - Não são eles que aumentam o preço dos combustíveis 3º - Não são eles quem, por medo ou respeitinho ou inércia ou incapacidade, assobiam para o lado como se não estivesse a acontecer nada.

Compreendo perfeitamente quando o Daniel fala em calendário social...podemos estar numa ponta de um novelo de consequências sociais dramáticas, sobretudo, para quem, tem menos poder de compra. E não vale a pena fingirmos que não vemos.

 
At 6/11/2008 4:12 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

"O problema é que os trabalhadores que ganham o ordenado minimo não se podem dar ao luxo de fazer uma greve senão ficam sem dinheiro para comer"

Por isso, porque perderam a fé nos trabalhadores, os bloquistas aplaudem qualquer coisa que mexa - mesmo se forem os pequenos patrões esmagados pelos grandes.

 
At 6/11/2008 4:17 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

O Daniel Arruda anda de facto muito distraído.
Já parou para pensar e perguntar porque não fala o Governo em «serviços mínimos» e «requisição civil»? Ou porque tudo acontece perante a indiferença da GNR?
Acha que isso aconteceria numa GREVE?
Por acaso haverá algum conflito de interesses entre camionistas e Governo? Ou será que ambos vivem do petróleo? E que neste momento apenas têm umas divergenciazitas sobre a maneira de dividir o bolo?
Isabel, acha mesmo que só os ricos se podem dar ao luxo de fazer greve? A greve é, por acaso, qualquer coisa parecida com um Ferrari? Que não esteja ao alcance de quem ganha o ordenado mínimo?

 
At 6/11/2008 4:31 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Esta malta passa a vida nos blogs! Mesmo em horário de trabalho!!! Falam, falam, mas por causa destes meninos é que o país tá na crise em que está

 
At 6/11/2008 5:07 da tarde, Blogger Isabel Faria escreveu...

"Isabel, acha mesmo que só os ricos se podem dar ao luxo de fazer greve? A greve é, por acaso, qualquer coisa parecida com um Ferrari? Que não esteja ao alcance de quem ganha o ordenado mínimo?"

Quer que lhe diga sinceramente?Acho. A precariedade, os baixos salários, o endividamento resultante dos baixos salários, são a melhor garantia que entidades patronais e Governos de Direita têm de que a moblização dos trabalhadores é cada dia mais dificil.
Daí eu continuar a dizer que o Movimento Sindical tem que enveredar por novos caminhos.
A criação de fundos de greve (que seguramente não será solução para toda a desmobilização, nomeadamente a que advém da precariedade) terá que estar nas prioridades do Moviemnto Simdical. Ou o neo-liberalismo económico e social vencerá as lutas à partida -tornando-as inviáveis.

No outro dia um dirigente sindical dizia-me que a luta tinha que ser sacrificio e por iso não entendia essa necessidade de fundos de greve...é a velha história de que um revolucionário para ser revolucionário a sério tem que passar fome...Sinceramente não é a minha concepção. A nossa força vem da nossa força, não da nossa fraqueza.

 
At 6/11/2008 8:08 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Um revolucionário, Isabel, para ser revolucionário não precisa de passar fome, nem fazer greve é fazer uma revolução.
Diz que os salários baixos e a precariedade são desmobilizadores.
Que quer que lhe diga?
É que se aceita isto não há nada a fazer, e aí compreendo a necessidade de um fundo de greve.
No fundo, os sindicatos pagarão aos trabalhadores para que parem em defesa das ideias que meia dúzia de iluminados pensam ser os interesses dos trabalhadores, apesar de eles não sentirem motivação para isso.
Na prática, admito que esteja a ser duro e que isto lhe custe a ouvir, (muitas vezes um sindicalista, que neste momento não sou, sente-se a pregar num deserto) é aceitar que os sindicatos façam o que os camionistas têm feito nos últimos dias. Pagar aos motoristas para não trabalharem e assim conseguirem levar a água ao seu moinho.
Isso para mim não é sindicalismo?
Acabam de anunciar que o Governo e a Antram chegaram a acordo. Sabe que nesse acordo, que a paralisação paga de muitos motoristas ajudou a concretizar, consta a criação de um grupo de trabalho para a adaptação da legislação laboral ao sector das transportadoras?
E qual foi o papel dos sindicatos nesta paralisação? Espectadores atentos e venerados? Parariam por orientação dos sindicatos? E se os sindicatos lhe pagassem?
Já sei. Não é pagamento. É fundo de greve. E de onde vem?

 
At 6/11/2008 9:51 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Este parvo ainda não aprendeu a distinguir entre um lock out e uma greve.

 
At 6/11/2008 9:57 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

Se amigos não andassem obcecados com as "traições" do PCP e da CGTP teriam percebido a ligação óbvia entre a moção de censura do PP sobre os combustíveis e agora esta paralização patronal!

Esta pseudo-greve que visa exclusivamente defender os interesses do patronato (como acima muito bem se denuncia), tem ainda um efeito colateral: lançar a escassez de produtos, a especulação dos preços e o pânico junto dos consumidores para que culpem as greves (as verdadeiras) e os grevistas do caos social que se instala em Portugal.

Apesar da conjuntura ser diferente, uma destas pseudo-greves dos patrões camionistas antecedeu o golpe de estado do Pinochet no Chile em 1973... Mas não! Como os patrões da camionagem não são em definitivo "controlados" pelo PCP já são os maiores da luta, pá!

 
At 6/11/2008 10:28 da tarde, Anonymous Anónimo escreveu...

O PCP considera que, face à situação criada com o aumento do preço dos combustíveis, coloca-se com maior exigência uma pronta intervenção do Governo que responda às reivindicações dos pequenos empresários do sector dos transportes de mercadorias, salvaguardando o interesse nacional e os direitos dos trabalhadores.

Sobre a acção dos pequenos empresários do transporte de mercadorias e os dramáticos acontecimentos hoje verificados

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP



Face à situação criada com o aumento do preço dos combustíveis com forte impacto junto dos trabalhadores, das populações e, particularmente, no seio de importantes sectores da actividade económica e, tendo em conta, o desenvolvimento da acção dos pequenos empresários do sector dos transportes de mercadorias - fortemente penalizados por esta situação – com os dramáticos acontecimentos hoje verificados (morte de um motorista), bem como, as graves consequências que se estão a reflectir na economia nacional, o PCP considera que está colocada ainda com maior exigência uma pronta intervenção do governo que dê resposta às justas reivindicações deste sector, salvaguardando sempre o interesse nacional e os direitos dos trabalhadores.

O PCP entende que neste quadro ainda mais se justifica a adopção, entre outras medidas que tem vindo a propor, a aplicação do gasóleo profissional a este sector e a criação de um imposto extraordinário sobre os lucros das Petrolíferas com origem no efeito de stock, a cobrar trimestralmente, e destinado a suportar as medidas de apoio às empresas, pressionando desde já as Petrolíferas para que deixem de poder reflectir no preço dos combustíveis os ganhos especulativos pelo «efeito stock

 
At 6/12/2008 10:29 da manhã, Anonymous Anónimo escreveu...

A força do povo"
A percentagem do povo que concorda com os camionistas é mínima e esse tal "povo" não teve quaisquer vantagens nesta greve, pelo contrário, a única consequência desta greve foi novas regalias para os camionistas e adivinha quem as vai pagar, o "povo".

 
At 6/12/2008 11:12 da manhã, Blogger Daniel Arruda escreveu...

Anónimo, diz-me onde é que o povo sofreu com esta greve dos camionistas. se não fosse a histeria colectiva da corrida ás bombas de gasolina, se o consumo tivesse continuado no normal não teria havido sequer problema. Se não houvesse pessoas como uma vizinha minha que foi a correr comprar 40 litros de leite com medo que ele acabasse não haveria rupturas de stocks em supermercados com a repercursão que teve.
O que eu acho estranho é este sentimento generalizado de que quem luta por melhores condições está a lixar o próximo. Porque não respondem os outros (leia-se trabalhador comum como eu e calculo tu) com as revindicações do que precisamos para ver a nossa vida melhorada? Ou será que os camionistas e pequenos proprietários não podem lutar por melhores direitos. Ou será que já batemos tão no fundo que aceitamos como dado adquirido que o governo nos vai lixar e que vamos assistir impávidos e serenos porque é a vida?
Confesso que não me revejo nesa postura.

 
At 6/12/2008 11:14 da manhã, Blogger Isabel Faria escreveu...

Anónimo das 10.29, se a justeza das greves se medirem por sondagens ( e não estou agora a discutir a sua justeza ou não) se medir por sondagens...as greves dos transportes, por exemplo, nunca serão populares.
E possivelmenet duma greve dos transportes os únicos benificiários serão os trabalhadores ods transportes...deixam de ser justas e legitimas por causadisso?

 
At 6/12/2008 11:26 da manhã, Blogger Isabel Faria escreveu...

À de Moura Pina,
"No fundo, os sindicatos pagarão aos trabalhadores para que parem em defesa das ideias que meia dúzia de iluminados pensam ser os interesses dos trabalhadores, apesar de eles não sentirem motivação para isso."
Mas quem lhe diz que os trabalhadores não se sentem motivados? Ou que as greves são decididas por alguns iluminados? Se as greves forem decididas em plenários de empresa ou, mais democrático ainda, em votação de empresa, serão decisão da maioria dos trabalhadores...e não vontade de iluminados ou fruto de calendários.
O facto de os sindicatos disporem de fundos de greve para poder ajudar os trabalhadores a levarem para a frente as paralizações por eles decidida, apenas tornará as greves possíveis e consequentes.
E claro que serão sempre os trabalhadores a discontarem para o fundo de greve. Como acontece em todos os paíes em que há fundos de greve. A questão está no destino do dinheiro que os trabalhadores já hoje descontam para os seus Sindicatos. Compare a divisão do destino desse dinheiro num Sindicato português e alemão, por exemplo (aquando da recente eleição para delegados sindicais na Autoeuropa, a lista afecta à CT fez um documento com essa diferença que é significativo).

Claro que os fundos de greve nunca conseguirão pagar os dias de greve na sua totalidade...mas continuo sem entender porque não é sindicalismo que os Sindicatos permitam que os trabalhadores "aguentem" uma greve sem chegar ao fim do mês sem salário.

 

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