Sei que é muito pouco...
No post sobre o bunker da António Enes, fui questionada sobre a minha posição sobre o conflito na Geórgia. Respondi que não tinha...que iria pensar. Ontem à noite, tentei ler uma quantidade de coisas, ouvir outras tantas (entre as quais o discurso do Bush) e reitero o que escrevi: não tenho. Melhor, não escolho. Ou, ainda melhor, a minha esolha é outra.
Diria, assim algo à pressa, que subscrevo este post cheio de perguntas do Daniel Oliveira. Incluindo as suas conclusões: "O resumo é simples: os Impérios pensam e agem como Impérios. No meio usam argumentos morais, políticos e jurídicos. Quase nunca valem nada. As razões são sempre as mesmas: as do mais forte. O Império está acima da razão. Seja qual for o Império.".
E recordava uma pequena história. Há muitos anos, creio que em 74 ou 75 (pelo discurso concluo que só poderia ser a seguir ao 25 de Abril), tive um professor de Português, que, enquanto a professora de História teve um bebé, nos deu História. Numa aula qualquer sobre uma guerra qualquer, daquelas que assolaram a Europa e das quais éramos obrigados a saber o nome dos generais e das batalhas, um colega perguntou "Sôtor, nessa guerra quem eram os maus?".
O meu professor tinha um jeito que nunca esqueci de nos olhar. Era como se, quando nos olhasse, fixasse sempre alguém que lhe tinha colocado a questão da vida dele. Não sei explicar, apenas, ainda recordo a sensação de nos sentirmos sempre inteligentes, mesmo quando faziamos a pergunta mais estúpida...
"Nem sempre nas guerras há bons e maus, acho eu...". "A maioria das vezes as guerras são guerras feitas pelos Senhores da Guerra para manter o poder dos Senhores do Mundo...apenas isso". "Quando são das outras, a gente sabe sempre de que lado está...mas essas costumam chamar-se Revoluções. E são contra os senhores todos - os da Guerra e os do Mundo". "Ah, mas se por príncipio estivermos contras as guerras, porque as suas vítimas nunca são os seus donos...é um bom começo".
Possivelmente não foi bem assim. Possivelmente, ao longo dos anos, romanceei a resposta do meu professor de Português, espisodicamente a dar-nos aulas sobre as guerras do Mundo.
Seja como for, tirando roubar o post ao Daniel Oliveira e as palavras, mais ou menos exactas, do meu professor não tenho muito mais a dizer. Sinceramente não sei decidir entre a Rússia de Putin e a Geórgia e o seu aliado Bush...possivelmente deveria. Lamento a incapacidade.
Talvez o meu Partido tenha a "obrigação" de ter uma posição. A minha posição dentro do meu Partido, será a de que os meus aliados naturais são as vítimas dela. Sejam eles o povo da Ossétia, da Geórgia ou da Rússia. Possivelmente é pouco para uma posição. Volto a lamentar a incapacidade. E prometo ir continuando a ouvir e a ler. Só espero que a Guerra acabe antes de eu ter tempo de ter alguma certeza. Porque ser contra a Guerra parece-me sempre um bom começo.
Etiquetas: Isabel Faria
19Comenta Este Post
Colocando de lado os interesses estratégicos dos Russos e dos Estados Unidos e situando-me só na Geórgia, parece me que aquele bocado dos separatistas da Ossétia do Sul faz parte da Nação Georgiana.
A questão, Anónimo, parece-me, exactamente essa: è possível analisar a situação colocando de lado os intereses estratégicos da Rússia e dos EUA?
Graçasajp.
è um ponto de acordo que temos. Nas relações internacionais parece-me curioso que as potências que recentemente foram impérios,mantêm a "psicologia" de império, por mais pobezinhas que sejam.
Tambem (ainda?)não tenho posição. Mas gostava que o nosso partido a tivesse ( já não a teve com o que julgo importante discurso do cavaco ), mesmo que fosse só de denúncia.
Se eu estivesse ligado ao negócio do petróleo e do gás, dizia-te já a minha posição... assim, por enquanto só posso lamentar a morte de milhares de inocentes, que são sempre as vítimas destes tão "convenientes" patrioteirismos à la minute.
Abreijos
copy paste:
A Organização das Nações Unidas, a União Européia, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, o Conselho da União Européia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte e a maioria dos países do mundo reconhecem a Ossétia do Sul como parte da Geórgia.
O referendo também não foi aceite nem por Americanos nem por Russos.
A Ossetia ten tanto direito á independencia, como o Kosovo tinha.
Não há duas formas de se ver o problema.
Se o governo da Georgia do sr Shaka aliado canino dos EUA, justifica as suas pretenções sobre a Ossetia por razões historicas, tambem a Servia pode invocar as mesmas razões historicas, para recusar a independencia do Kosovo.
Os Kosovares denunciaram massacres feitos pelos servios para justificarem a separação, o mesmo se passa com os Ossetas, que denunciam massacres e limpeza etnica feitos pelos georgianos .
Eu estou-me bem barimbando para os aliados caninos das grandes potências! A Geórgia é um país pouco menor que Portugal, E em nenhum caso deveria ser invadido por qualquer exército de qualquer das corjas dominantes!
Justificações existem até para justificar qualquer crime por isso não me interessam especialmente! Caguei para o governo dos russos mais os seus interesses (do governo) assim como estou cagando para o governo dos americanos e os seus interesses (do governo)!
O povo da Geórgia é que não tem que pagar por essas corjas todas.
Os partidos que hesitam também parece terem "interesses" nestas áreas...
FJ; fico feliz por o rebento te ter ajudado a comentar no Troll :)))
Pois, nem que fosse para doizer o que nós pensamos, que não temos que escolher entre imperialismos...era conveniente que o Bloco se pronunciasse.
Samuel, eu tou ligada àquela coisa que não me lembro nome que me mete o gaz cá em casa...mas acho que não tenho lucros...não estou ligada, pois não? Será que o meu fogão e o meu esquentador me podem ajudar nisto?
Franco, tens muito mais certezas que eu. Desculpa lá, mas neste caso acho que tens demasiadas. Onde é que entra o povo osseta? Tam culpa de quê?
Nã...não me levas a certezas assim do pé para a mão.Como escrevi só espero que a Guerra não me dê tempo.
100% com Leal Franco ( coisa rara).
O povo da Ossétia do Sul foi durante dezenas de anos da República socialista soviética da Geórgia. Não se ouviu um pio. A RSS da geórgia torna-se independente, estes também o querem ser para depois integrarem a Rússia.
Durante anos os russos forneceram armas para estes destabilizarem a geórgia e como esta quer "virar-se" para o "maldito" ocidente, a Rússia "vira" capacete azul, domina a ossétia invade a Geórgia, e tudo bem.
Há muita "gente" a comparar com o Kosovo. Não se pode fazer uma asneira somente porque alguém também fez outra noutra altura. Por este caminho tudo é desculpável.
José Manuel Faria , os georgianos fizeram limpeza etnica na Ossetia, logo que começaram a haver movimentos independentistas.
Podem ter sido os Russos a fomentar esses movimentos, mas se da parte da população OSSETA não lhes tivesse dado apoio , não teria havido sequência e teve
E foi isso que levou o Shaka, depois do golpe de estado fomentado pelos americas , que o levou ao poder, a tentar neste ultimos anos invadir sucessivamente a zona rebelde, a pretexto da unidade da Georgia.
O problema é que as fronteiras da ex republicas sovieticas, têm o mesmo problema da ex Jugoslavia, quantos paises já reivindicaram autonomias, o ultimo foi o Kosovo, o primeiro a Croacia, pelo meio, Bosnias, Montenegros, Servias etc,será que esses paises serão viaveis?
Será que esta Republicas ex-sovieticas, serão viaveis?
Veremos dentro de alguns anos como ficará toda aquela região.
Entretanto temos uma nova guerra já não fria mas bem quente, por causa do petroleo e dos gaz natural, entre a Russia e os EUA, e os seus peões na zona.
PARA NÃO SER HIPÓCRITA, A COMUNIDADE INTERNACIONAL DEVERIA RECLAMAR A MESMA SOLUÇÃO PARA OSSÉTIA DO SUL E ABECÁSIA QUE RECLAMOU PARA O KOZOVO. CHAMA-SE: AUTO-DETERMINAÇÃO, DE OUTRA FORMA AS NAÇÕES UNIDAS CONTINUARÃO A PERDER A SUA CREDIBILIDADE. ALÉM DISSO, AS AUTORIDADES DA GEORGIA DEVERIAM TAMBÉM PAGAR PELOS CRIMES PRATICADOS CONTRA A OSSETIA DO SUL.
MAS, INFELIZMENTE, VIVEMOS MESMO NUM MUNDO HIPÓCRITA E AS PESSOAS NÃO VÊEM OS MESMOS PROBLEMAS SEMPRE DA MESMA MANEIRA.
NOT TO BE HYPOCRITE, THE INTERNATIONAL COMMUNITY SHOULD CLAIM THE SAME SOLUTION TO OSSETIA OF SOUTH AND TO ABKASIA THAT CLAIMED TO KOZOVO. IT IS CALLED: SELF-DETERMINATION, OTHERWISE THE UNITED NATIONS SHALL CONTINUE TO LOSE THEIR CREDIBILITY. IN ADDITION, THE AUTHORITIES OF GEORGIA SHOULD ALSO PAY FOR THEIR CRIMES AGAINST OSSETIA OF SOUTH.
BUT, UNFORTUNAELY, WE LIVE IN AN HYPOCRITAL WORLD AND PEOPLE DOES NOT WATCH THE SAME PROBLEMS ALIKE.
Zé da Burra o Alentejano
Isabel
tu podes não ter as certezas que eu tenho. Mas tens de certeza a certeza de não teres certezas. Certo?
Falas do povo osseta? Ai os russos da chamada ossétia são povo? Os russos são russos não ossetas ou abcazes.
O tio Estaline, seguindo as pisadas dos Czares transladou muita gente dentro da antiga União Soviética. Fez como lhe deu na gana e seguindo os seus interesses, não os interesses dos povos respectivos. Isso complica muito as questões como podes imaginar.
Uma dica para quem não tem certezas: na dúvida apoia-se o mais fraco. É assim que eu faço. Concordas? Aliás não é isso um sinal de Esquerda?
Analisando a questão doutra forma.
O dever dum estado soberano é manter a unidade do estado. Certo? É direito internacional. Quem mina a autoridade dum estado comete um crime internacional. Certo? A Madeira é ou não é Portugal?
É sempre complicado quando num estado existe mais que uma nação.
Se apoiarmos a independência da Ossétia não seremos ainda mais obrigados a apoiar a alteração do mapa político em África onde os povos e as nações negras nunca foram respeitadas na divisão política daquele continente?
As diferenças entre ossetas e georgianos não serão muitíssimo menores que as existentes entre os tutsis e os utus? Entre os ovimbundos, quimbundos e quicongos só para falar da região de Angola?
E quem está interessado nisso?
Desculpa lá, Franco, mas o teu último comentário não faz qualquer sentido. Do 1º e apesar de saber muito pouco do assunto, posso não estar de acordo que na Ossétria do Sul SÓ haja russos (penso que estás enganado. Acho que nem sequer a lingua que falam é russa, Mas compreendo a tua argumentação.
Do 2º, desculpa lá mas não compreendo e até ouso pensar que te expressaste mal e que não é aquilo que pensas.
O dever de um estado sobreano é manter a unidade do estado, escreves tu. E dás o exemplo da Madeira. Mas e as ex-colónias, para o Estado Novo não fazim parte do estado sobeano? Os colonizadores não consideram as suas colónias TODAS como partes integrantes do seu Estado até que elas se libertem do seu domínio e da sua ocupação? Onde é que entra o direito à auto-determinação dos povos (nota que não estou aqui a analisar a questão concreta de que tratava o post, estou apenas a fizer que não podes ter escrito o que eu entendi do que escreveste).
Quando a Geórgia se autoproclamou independente da URSS ainda pela Constituição Soviética fazia parte do Estado soberano da URSS.
A Geórgia pode libertar-se e a Ossétria não pode? Podes -me encontrar dezenas de razões e eu concordar com todas...menos com a da defesa do estado soberano.
Mantenho o que escrevi desde o início. Não escolho entre imperialismos. Grandes ou pequenos. Nam por ser de Esquerda me sinto na obrigação de defender mais os imperialismos e os im perialistas pequenos que os grandes.
Não concordo pois com a tua dica...continuo pois a optar pelos povos. Mesmo que os mortos da Ossétira do Sul sejam russos lá colocados por Staline...merecem-me exactamente a mesa solidariedade que os mortos georgianos sob os tanques russos. Uma das outras poucas certezas que tenho, é que a invasão da Geóriga e a da Rússia não têm nada a ver com os interesses dos povos de uma e de outra. A Nato à porta de casa, os oleadutos...são os "culpados". Que se lixem os culpados.
Nessa geurra eu não entro.
Isabel
Desculpa lá mas não defendi o colonialismo sabes bem. Esse argumento não pega na discussão. A georgia não colonizou a Ossétia. Não vejo onde está o imperialismo pequeno que falas. Existe é uma grande caldeirada da qual é mais fácil encontrar explicações do que soluções, não será?
Se os povos são ASSIM tão importantes nestas coisas porque não apoiar a independência dos ovimbundos em Angola, ou dos kimbundos ou quicongos! Têm mais diferenças étnicas e nacionais entre si que os georgianos e os ossetas! Por exemplo e só para falarmos de um muito pequeno país, não deveriam os bijagós ser independentes? Não têm nada a ver com os mandingas nem os futa-fulas da guiné bissau?
Estas coisas resolvem-se numa lógica superior, não nacionalista. É isso que escassa por aquelas paragens
Franco, concordo que é díficil. Por isso é que eu não as dei. Agora reitero que a dificuldade em dar soluções nada tem a ver com a soberania dos Estados ou estaremos a negar o direito à autodeterminação dos povos. Aliás, eu até salientei que não estava, quando o afirmei, a falar neste caso concreto. Estava a falar no geral e no geral a recusar a lógica que para mim parecia haver nas tuas palavras.
E mantenho o que disse dese o início. Sei muito pouco sobre o assunto. Pelo que sei não creio que a Esquerda tenha que escolher entre Saakashvili e Putin. Eu por mim dou-me ao direito de não escolher.
Só isso.
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