200.00 mil na rua

Na Sexta-Feira não estive em Lisboa. Se tivesse estado teria ido. Como vou sempre. Porque acho importante a mobilização contra o Governo. Porque as motivações daqueles milhares de homens e mulheres são, têm que ser, só podem ser, as minhas. Porque ...por todas as razões. Políticas, obviamente. Mas também pessoais, que isto eu continuo sem ser capaz de separar completamente as águas.

Mas ok, saíram 200.000 homens e mulhres à rua. Voltou a dizer-se que foi a maior manifestação de sempre. Já dezenas de outras vezes sairam à rua milhares de homens e mulheres. Felizmente, cada manifestação é a maior de sempre, o que deverá significar que o descontentamento vai crescendo ...mas é aqui que a porca torce o rabo. Será mesmo "felizmente"? Se cada manifestação é a maior de sempre porque o descontentamento vai crescendo, é muito simplista concluir que, então, é porque temos que descobrir outra forma, outras formas, para os obrigar a parar? Se o descontentamento continua a aumentar, porque ao Código de Bagão se sucedeu o de Vieira da Silva. E nós fizemos greve e saímos à rua. Se o desemprego aumenta. E nós estamos cada dia mais expostos a ele e mais vulnenáveis se tivermos que viver com ele. Se os nossos direitos nos são retirados, um a um, quase que num ritual sádico dum capitalismo que a crise torna ainda mais selvagem. Se os nossos filhos têm cada dia menos futuro...se... Se tudo isto vai acontecendo, apesar de sairmos à rua em manifestações, cada uma sempre a maior de sempre...repito a pergunta: será muito simplista afirmar que temos que descobrir, enveredar, ter coragem política, propôr, mobilizar, para outras formas de outras ou das mesmas lutas?
Ou que, pelo menos, temos que reconhecer, que é hora de começar a pensar nisso e não nos contentarmos, apenas, em termos em cada manifestação, a maior manifestação de sempre na rua?