Uma posta de recordações
Hoje uma notícia do DN levou-me quase 17 anos para trás no tempo pois eu á semelhança de tantos que foram os pioneiros do Inter-Rail em Portugal revejo-me muito no espírito do mochileiro. Relembrei-me de quando os mais velhos nos chamavam os turistas de pé descalço, os que dormiam á porta das estações e que tomavam banho uma vez nas férias. Todos estes clichés se provaram ser mentira. Se é certo que por vezes foi necessário dormir á porta da estação (embora dormir não seja a expressão mais correcta, certo seria chamar-lhe esperar) como por exemplo quando se chega a Paris ás duas da manhã e o comboio de ligação sai ás 7. Banho toma-se em todas as estações de comboio que mereçam esse nome.
Mas ser mochileiro é uma coisa á parte. É as amizades que se fazem e que perduram. São as experiencias que se vivem e os lugares que se conhecem. São as situações que de inesperadas são o sal e a pimenta de umas férias. Poderia fazer aqui um lençol sobre os meus anos de Inter-Rail mas não vale a pena. Qualquer um compreenderá que depois de visitar Paris, Berlim, Istambul, Atenas, Ilhas Gregas (Ios, Mikonos e Paros), Praga, Budapeste, Sófia, Plovdiv, Gotemburgo, Helsinki, Rovaniemi, Turku, Estocolmo, Amesterdão, Florença, Nice entre tantas outras terras, as aventuras foram mais que muitas. Foram alimentos que não sabíamos o que eram. Ementas ilegíveis em caracteres muito estranhos, usos e costumes perfeitamente desconhecidos e acima de tudo a vontade de experimentar algo diferente e que nos leva a ser também diferentes nesses meses de férias. Diferentes no bom sentido. Somos muito menos preconceituosos, mais abertos ao que é novo e diferente. Por exemplo um mochileiro não vai para um hotel de 4 estrelas. Usa as pousadas de juventude e os parques de campismo se possível. Quanto muito uma pensão para ficar mais no centro da cidade. Nestes lugares muitas vezes não se sabe o que nos espera. Por exemplo em Paris escolhemos uma pensão, junto ao Museu do Homem que por acaso era frequentada por prostitutas. Ninguém dormiu com o entra e sai a noite toda. Alguém se chateou. Claro que não. Leva-se na desportiva e tenta-se tirar o melhor partido da coisa. Em Praga na pousada de Juventude encontrámos camaratas de 40 pessoas com sanitários comuns a toda a pousada. Nas Ilhas gregas dormimos numa esteira debaixo de um toldo no parque de campismo juntamente com mais 60 pessoas.
Experimentem ir ao antigo Bloco de Leste meses após a queda do Muro de Berlim e veriam coisas que nem a nós, país ainda atrasado no início década de 90, pensaríamos existirem. Experimentem andar pelas ruas de países ainda muito dependentes da ex URSS, como a Hungria ou a Bulgária sem fazerem ideia que Gorbatchov foi sequestrado e que Ieltsin estava a resgatá-lo. Andar perto dos Balcãs sem saber que uma guerra civil estava prestes a começar. (imaginem o que a família pensava por cá sem nos contactar) Fazer Inter-Rail sem haver net, sem telemóveis e sem cartões Visa era de facto uma aventura. Na altura usavam-se dólares, marcos e os “Travler cheques”. A informação só nos chegava nos contactos que fazíamos com outros mochileiros com quem nos cruzávamos.
Por vezes é bom que um artigo de jornal nos ajude a recuar no tempo. Hoje recuei e revi a minha mochila azul, com cadeira incorporada. O meu saco cama castanho. Os 3 pares de calças e outros tantos de calções que tinham de aguentar um mês de férias. Meia dúzia de T-shirts meias e cuecas. E o meu “walkman” e as cassetes pois claro que era a companhia da época. Revi hoje de manhã tantos momentos na minha cabeça que parecia mais uma cascata de ideias.
Por isso quero deixar uma posta a todos os amigos e companheiros destas viagens, mas especialmente aos companheiros mais regulares e cuja amizade fica para sempre. Ricardo, Eduardo e Paulo Garcia.
Mas ser mochileiro é uma coisa á parte. É as amizades que se fazem e que perduram. São as experiencias que se vivem e os lugares que se conhecem. São as situações que de inesperadas são o sal e a pimenta de umas férias. Poderia fazer aqui um lençol sobre os meus anos de Inter-Rail mas não vale a pena. Qualquer um compreenderá que depois de visitar Paris, Berlim, Istambul, Atenas, Ilhas Gregas (Ios, Mikonos e Paros), Praga, Budapeste, Sófia, Plovdiv, Gotemburgo, Helsinki, Rovaniemi, Turku, Estocolmo, Amesterdão, Florença, Nice entre tantas outras terras, as aventuras foram mais que muitas. Foram alimentos que não sabíamos o que eram. Ementas ilegíveis em caracteres muito estranhos, usos e costumes perfeitamente desconhecidos e acima de tudo a vontade de experimentar algo diferente e que nos leva a ser também diferentes nesses meses de férias. Diferentes no bom sentido. Somos muito menos preconceituosos, mais abertos ao que é novo e diferente. Por exemplo um mochileiro não vai para um hotel de 4 estrelas. Usa as pousadas de juventude e os parques de campismo se possível. Quanto muito uma pensão para ficar mais no centro da cidade. Nestes lugares muitas vezes não se sabe o que nos espera. Por exemplo em Paris escolhemos uma pensão, junto ao Museu do Homem que por acaso era frequentada por prostitutas. Ninguém dormiu com o entra e sai a noite toda. Alguém se chateou. Claro que não. Leva-se na desportiva e tenta-se tirar o melhor partido da coisa. Em Praga na pousada de Juventude encontrámos camaratas de 40 pessoas com sanitários comuns a toda a pousada. Nas Ilhas gregas dormimos numa esteira debaixo de um toldo no parque de campismo juntamente com mais 60 pessoas.
Experimentem ir ao antigo Bloco de Leste meses após a queda do Muro de Berlim e veriam coisas que nem a nós, país ainda atrasado no início década de 90, pensaríamos existirem. Experimentem andar pelas ruas de países ainda muito dependentes da ex URSS, como a Hungria ou a Bulgária sem fazerem ideia que Gorbatchov foi sequestrado e que Ieltsin estava a resgatá-lo. Andar perto dos Balcãs sem saber que uma guerra civil estava prestes a começar. (imaginem o que a família pensava por cá sem nos contactar) Fazer Inter-Rail sem haver net, sem telemóveis e sem cartões Visa era de facto uma aventura. Na altura usavam-se dólares, marcos e os “Travler cheques”. A informação só nos chegava nos contactos que fazíamos com outros mochileiros com quem nos cruzávamos.
Por vezes é bom que um artigo de jornal nos ajude a recuar no tempo. Hoje recuei e revi a minha mochila azul, com cadeira incorporada. O meu saco cama castanho. Os 3 pares de calças e outros tantos de calções que tinham de aguentar um mês de férias. Meia dúzia de T-shirts meias e cuecas. E o meu “walkman” e as cassetes pois claro que era a companhia da época. Revi hoje de manhã tantos momentos na minha cabeça que parecia mais uma cascata de ideias.
Por isso quero deixar uma posta a todos os amigos e companheiros destas viagens, mas especialmente aos companheiros mais regulares e cuja amizade fica para sempre. Ricardo, Eduardo e Paulo Garcia.
Etiquetas: Daniel Arruda
11Comenta Este Post
Viva.
O inter-rail também para mim foi uma grande experiência. 30 dias e um bilhete de comboio ilimitado.
"Fazer Inter-Rail sem haver net, sem telemóveis e sem cartões Visa era de facto uma aventura. Na altura usavam-se dólares, marcos e os “Travler cheques”
isso mesmo. e trocá-los à chegada a um novo país e dormir em comboiospara poupar $$ para o resto.
Em 91, em Itália os jornais só falavam em golpe de estado em Mosca. Que raio seria Mosca. O tempo que demorei a descobrir.
o walkman e as K7 que tocavam n vezes.
"...e cuja amizade fica para sempre"
bom post, que me trouxe boas recordações.
Obrigado.
Pedro, e as vezes que se alteravam os destinos para a viagem ser mesmo á noite e poupar dinheiro. Nós nas vezes que fomos só tinhamos uma certeza. É que embarcavamos nos Sud Express para Paris e depois iamos para onde o vento e as companhias nos levassem. Por via das dúvidas levava sempre os vistos para os países que os pediam. Só nos esquecemos da Turquia. Ninguém sabia que na Turquia para Tuga era preciso visto. Mas mesmo isso se resolveu.
O trocar dinheiro foi especialmente giro nos países do ex bloco de leste onde ainda eramos obrigados a trocar 25 Dólares na fronteira. Experimenta gastar em 1991, 25 dolares em dois dias em Sófia na Bulgárioa por exemplo. Enjoei de uma coisa que eles chamavam cola e uma coisa parecida com gelados. Ou então em Budapeste onde o dinheiro trocado acabou por causa do Formula 1 que fomos ver e resolvemos trocar dólares por moeda deles num beco ao dobro do cambio do banco.
Mas uma certeza podes ter. Vou fazer inter rail paelo menos mais uma ou duas vezes. O bichinho fica lá. Quem faz a 1ª vez vai sempre repetir.
Daniel, essa ficará sempre como uma falta irreparável no meu CV...nunca fiz um Inter-rail!!
Acho que agora já é tarde...já há net, telemoveis e assim...(só por isso, obviamente!!LOL).
Isabel, pode parecer esquisito e até retrógado mas quem hoje se habituou ás tecnologias não consegue imaginar o que era fazer um més de férias onde perdiascompletamente o contacto com a realidade.
Mnadar postais não é a mesma coisa que enviares um mail e não esperas resposta.
Mas ainda vais a tempo de fazer. Eras capaz de gostar.
Inter-rail... Foi uma das melhores experiências por que já passei na minha vida, sem dúvida alguma. Ainda só fiz um, mas quero repetir, e sei que não são as pousadas de juventude, os parques de campismo, as mochilas pesadíssimas às costas, os duches de água fria, o cansaço extremo e a falta de refeições caseiras e lençóis lavados e passados a ferro que me vão impedir :p
Quando fui já existiam telemóveis e mails, mas otpei pelos postais e cabines telefónicas. Tem muito mais graça!!! ;)
Sin, aconselho vivamente fazeres a Escandinávia, Finlandia incluída para ainda poderes passar o circulo polar artico, veres os mil lagos e dar um salto a S. Petersburgo na Rússia.
Não é uma rota muito comum mas foi a que fiz num dos anos e não me arrependi.
E não é mais cara que os países ditos mais baratos porque como eles têm excelentes condições e muitas pousadas e albergues de jovens fica em conta. Para comer é que s restaurantes são para o carote mas há sempre o supermercado para a fruta, leite e outras coisas que também alimentam.
Eu fiz frança, luxemburgo, holanda e bélgica. Só tirei o passe de 16 dias por isso estava mais limitada. Quando voltei passei 18 horas seguidas a dormir, como é que se aguenta 1 mês?! Adorava fazer essa zona, e já andava a procurar pousadas e moedas utilizadas para aí, mas o parceiro resolveu dar de frosques antes de o fazermos... Bastard! lol
Se conseguir arranjar companhia para fazer o próximo procuro-te para as dicas!! ;)
Como é que se aguenta um mês?
Recordo-me sempre que ao regressar a sta Apolónia a vontade era procurar um banco para trocar os travelers cheques, achar o turismo para me orientar e buscar a pousada de juventude. esse era o ritual ao chegar a uma nova cidade. Infelizmente tinha acabado.
Resumindo: o difícil é voltar a dispôr de um mês para ir por aí...
Talvez com os companheiros certos... Quando as discussões começam a ser o prato do dia deixa de haver espaço para descobrir novas coisas e pessoas. Quando cada um quer ir para seu lado torna-se complicado.
ok.
o que posso dizer: não fiques pelo prato do dia e vais ver que quando arranjares a companhia certa 1 mês passa a correr. :)
(nunca comentei tanto aqui no Troll como hoje, ainda me habituo)
Não tenho a minima duvida ;) mas o inter-rail que fiz foi com 3 amigas de faculdade e já se sabe, quando as comadres se juntam durante demasiado tempo... avista-se tempestade lol Ainda assim foi memorável, e deixou o bichinho cá dentro. Pretendo voltar a fazer :)
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