Obrigado!

Não o vimos chorar. Não o vimos culpar nada. Não o vimos, sequer, desculpar-se com alguém. Vimo-lo pedir-nos desculpa. A nós que, diariamente, permitimos que não nos peçam desculpa pelos abusos, pela arrogância, pela incompetência, pela corrupção, pela preguiça, pelo desleixe, pelas traições. A nós, sentados no sofá, ele pediu desculpa.

E, muitos de nós, que trabalhamos sem gosto e sem motivação, que nos desenrascamos em vez de criarmos, que permitimos que o nosso dinheiro construa estádios de futebol gigantescos, que se degradam às moscas, em vez de exigirmos campos de futebol ou ginásios seguros no bairro, para os nossos filhos poderem brincar e, quem sabe, um dia, alguns lá chegarem, representando o seu País, sem terem que ir para Madrid ou pagar o seu preparador físico com o seu próprio dinheiro; TGVs em vez de centros de saúde; condomínios privados em vez de casas de gente; Bairros da Fonte em vez de casas de gente, muitos de nós, dizia, ainda se dão ao luxo de andar a discutir se havia de fazer os 200 ou se fez bem assim. Outros, ainda lhes foge a boca para a sua verdade, como ontem uma apresentadora qualquer num canal de televisão qualquer, e deixam de falar no "português" de a seguir a Atenas, para falar no "luso-nigeriano" de Pequim.

Ele, que comeu o pão que o Diabo amassou, para ali chegar, pede-nos desculpa por só ter ali chegado. E, alguns de nós, ainda pensam se aceitam as desculpas...ou se não vem a calhar meter o hifen...e o resto que a vergonha me impede de aludir.

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Aqui fica o link para um texto extraordinário do Ferreira Fernandes, no DN. Eu, se o encontrar, e apesar da história dos centimetros, também me ponho em bicos de pés, ou em cima de um banco, sei lá, lhe aponto o dedo ao peito e roubando as palavras ao FF, digo: ""Oiça lá, meta as desculpas onde quiser. Eu não as admito, ouviu?! Eu de si só quero que aceite o que tenho a agradecer-lhe." "

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