"Et pluribus unum"

Há coisas que não se mudam nem se ganham de um dia para o outro. Há coisas que demoram anos a criar e que, felizmente, demoram o dobro a apagar. Chama-se prestígio.

A exposição hoje inaugurada no Parlamento Europeu não pode ser "alcunhada" de manobra de Luís Filipe Vieira. É o reconhecimento de uma instituição, ao prestígio e grandeza à escala Europeia de um clube que não representa apenas futebol.

É a 2ª do género, sendo que a 1ª pertence a outro histórico do desporto Europeu: o Real Madrid, o que demonstra bem a importância do facto. Mas eu ao princípio falei no tempo que demora a construir o prestígio. É muito e, por isso, hoje quando se fala no F.C Porto como um dos grandes da Europa não posso deixar de sorrir. Será talvez um dia. Se continuar assim. Actualmente é, cunjunturalmente, um dos clubes que no futebol dá cartas. Mas falta-lhe todo o resto.

Faltam-lhe as lendas. A contrapor a um Eusébio falam-me de Cubillas. A contrapor a um Erikson, a um Otto Glória, a um Bella Gutman ou de um Fernando Riera falam-me de um Pedroto e de um tal de Morais, António, acho. A contrapor a um Manuel Bento ou a um José Henriques, falam-me de um tal de Arsénio.

Falta-lhe a história. A contrapor às Gloriosas noites europeias na Luz, de décadas a fio, falam-me do medo que até 1979 havia de passar para sul do Mondego. A contrapor às 7 Finais Europeias, às duas presenças na Intercontinental, às 2 Taças Latinas e ao Trofeu em Ouro Ramon Carranza falam-me nas 4 finais europeias, todas com apenas 20 anos. Nenhuma das grandes figuras das muitas selecções nacionais vestia de azul e branco. Coluna, José Augusto, Torres e, claro, Eusébio em 66. Fernando Chalana em 84, Carlos Manuel, no caminho para o México 86 que tinha Torres como selecionador. Nem nos tempos actuais e quando o poderio dos Andrades é indesmentível as figuras de topo são do Porto.

Falta-lhes o ecletismo. Em muitas modalidades, o Benfica escreveu história como por exemplo no Basquetbol onde a geração de Lisboa, Vieira, Jean Jacques, entre outros, deixaram a sua marca ou no Andebol onde o Benfica jogou nas maiores competições euopeias com jogadores como Santa Barbara, Mário Gentil ou Luzia.

Podem até vir falsificar datas para dizer que são mais velhos. Que são o 1º clube centenário em Portugal. Que a mentira lhes faça bom proveito pois não é daí que lhes virá prestígio. O prestígio vem da História. Tenho falado aqui no Porto, porque é aquele que com o seu presente poderá um dia vir a ter história. Outros no entanto nem passado nem presente e o futuro, então, é mais que duvidoso. São aqueles que ainda hoje apenas e só falam de um cantinho. O do Morais. Mas como diz o ditado, dos fracos não reza a história e por isso não lhes dedico mais que estas singelas linhas.

"Et pluribus unum" e assim continuaremos a trilhar o nosso caminho e fazer por merecer o prestígio que temos.